Fernanda King,
fundadora da Escola Petit Kids, alerta para o atraso no desenvolvimento
psicossocial infantil, especialmente nas famílias mais vulneráveis
O levantamento do Ministério da Saúde de que quase
1 em cada 4 crianças apresenta atraso no desenvolvimento psicossocial até os 5
anos de idade era esperado, mas não deixa de ser “alarmante”, avalia a pedagoga
Fernanda King, fundadora da escola infantil Petit Kids.
“São números alarmantes. Quase 25% das nossas crianças de até 5 anos não estão
tendo o desenvolvimento esperado, seja na aquisição de habilidades ou
comportamentos esperados para essa faixa etária”, alerta.
Fernanda argumenta que a fase dos 0 aos 3 anos é
crítica na formação psicossocial e intelectual do futuro adulto e precisa
receber a devida atenção de todos os responsáveis por crianças pequenas –
famílias, educadores e autoridades. “Se mais pessoas se envolvessem na educação
infantil falando da sua importância, conseguiríamos conscientizar mais adultos,
famílias e responsáveis pela educação”.
Segundo o levantamento do projeto Pipa (Primeira
Infância para Adultos Saudáveis), realizado pelo Ministério da Educação e
Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal, 10,1% das crianças até 3 anos de idade
apresentaram atraso no desenvolvimento esperado, assim como outras 12,8% na
faixa entre 3 e 5 anos de idade.
Somando os dois grupos, são 22,9% de crianças com
atrasos no período mais crucial de estímulos ao aprendizado. Nos primeiros anos
de vida, o cérebro infantil se desenvolve mais rapidamente e é bastante
sensível aos cuidados e estímulos ambientais. O estudo foi divulgado no final
de outubro, com informações coletadas entre mais de 13 mil crianças que moram
em 13 capitais brasileiras.
Situação crítica
Ainda de acordo com a pesquisa, o atraso no
desenvolvimento infantil é maior entre as famílias com vulnerabilidade social e
situação de pobreza. Crianças de famílias beneficiárias do Bolsa Família
apresentaram, na média geral, 15% de atraso no desenvolvimento infantil
esperado até os 5 anos, frente aos 9% de lares que não participavam de nenhum
programa social.
A situação pode ser ainda mais grave, destaca
Fernanda. “A pesquisa fala de quase 25% das nossas crianças nas capitais
brasileiras, mas imagina o resultado em zonas rurais, onde o acesso à
informação é ainda mais restrito. Essas crianças não atingiram o
desenvolvimento esperado e estão com atrasos consideráveis.”
Inclusão
A importância do desenvolvimento na primeira
infância é assunto recorrente de Fernanda nas redes sociais e palestras que dá
como consultora educacional. “Tenho feito isso bravamente para conscientizar
mais pessoas”, reforça.
Além da conscientização, Fernanda oferece bolsas de
estudo em sua escola para crianças de famílias em vulnerabilidade. De acordo
com a pedagoga, a Petit Kids tem um programa de bolsa de estudos para crianças
da comunidade e filhos de funcionários, com o objetivo de ampliar o acesso à
educação de qualidade para o maior número de pessoas.
Pela importância do tema para as crianças e
desenvolvimento de adultos saudáveis, a pedagoga defende que a educação
infantil deve ser prioridade. “Não pulem a educação infantil nos anos iniciais
das crianças. Frequentando uma creche, ela tem muito mais a ganhar do que a
perder”.
Fernanda King - pedagoga com pós graduação em Desenvolvimento Infantil, tendo formação especializada em educação infantil em Reggio Emília (Itália) e na Argentina é diretora e fundadora da Petit Kids. Apesar de ter começado sua carreira como publicitária, profissão que trouxe essa carioca para São Paulo, a maternidade a fez mudar de profissão. Abriu sua própria escola em fevereiro de 2015 com o propósito de educar sua filha de forma mais humanizada. Daí passou a estudar a nova área, se tornando além de mantenedora escolar, uma diretora engajada na busca de uma forma de educar afetiva e acolhedora.
Petit Kids
@escolapetitkids
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