No Dia Nacional da Mamografia, pesquisa revela
realidade preocupante dessas mulheres que relatam desigualdades durante o
tratamento do câncer de mama
Já é sabido que o câncer de mama é o tipo que mais afeta as mulheres brasileiras e, quanto mais cedo for descoberto, maiores são as chances de cura. Na semana em que se celebra o Dia Nacional da Mamografia e o Dia do Mastologista, a Sociedade Brasileira de Mastologia do Rio de Janeiro (SBM-RJ) faz um alerta sobre a discriminação enfrentada por mulheres negras e pardas durante o tratamento da doença e também no acesso para exames.
De
acordo com a Dra. Maria Júlia Calas, presidente da SBM-Rio, que coordenou o
estudo, o levantamento teve por objetivo entender as experiências de mulheres
negras e pardas durante o tratamento e os resultados demonstraram que das 236
entrevistadas, 41% se identificaram como pretas ou pardas e destas, cerca de
20% relataram ter sofrido discriminação devido à sua raça ou etnia durante o
tratamento. “Esse estudo é de extrema importância, pois precisamos entender o
que acontece com cada paciente nessa navegação do diagnóstico ao tratamento.
Esses relatos não são só preocupantes, são inaceitáveis”, afirma a
mastologista, anunciando que, por conta disso, a pesquisa ainda permanecerá em
andamento para que possa alcançar um número maior de pacientes.
Segundo
a médica, outro fator que chamou a atenção foi o fato de que, mesmo entre
aquelas que afirmaram não terem sentido discriminação, o racismo estrutural
pode estar presente de maneiras sutis e prejudiciais. “Numa sociedade como a
nossa, como podemos mensurar isso? Por isso temos que continuar ouvindo essas
mulheres”, diz.
A presidente destaca ainda que, embora a luta contra o câncer de mama seja desafiadora, é essencial que as mulheres se unam para enfrentar não apenas a doença em si, mas também as desigualdades e preconceitos que possam surgir no processo. “Com a pandemia, detectamos um aumento de 26% nos casos de estágio mais avançado e, embora nos anos posteriores isso tenha amenizado, ainda estamos longe do ideal. Isso também tem a ver com acesso”, alerta.
Para
ela, o Dia da Mamografia e o Dia do Mastologista são momentos de solidariedade
e conscientização, portanto, propício para abordar temas que precisam de
atenção de todos. “A SBM-Rio está comprometida em garantir que todas as
mulheres, independentemente de sua raça ou orientação sexual, recebam o apoio e
o tratamento de que precisam”, conclui Maria Júlia.
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