Com 36 pontos em uma escala de zero
(mais corrupção) a 100 (menos corrupção), o país figura na 104ª posição entre
180 nações avaliadas pela Transparência Internacional. Orçamento secreto e
loteamento de espaços de poder foram destacados como problemasFreepik
O Brasil atingiu a segunda pior
colocação da história no Índice de Percepção da Corrupção (IPC) de 2023,
reporte produzido desde 1995 pela Transparência Internacional. Na pesquisa
divulgada nesta terça-feira, 30/1, o Brasil figura na 104ª posição entre as 180
nações avaliadas pela entidade.
Quanto melhor a posição no
ranking, menos corrupto é considerado o país. O Brasil registrou 36 pontos em
2023, dois a menos que o ano anterior. O índice obtido é semelhante ao de países
como Argélia, Sérvia e Ucrânia.
O relatório atribui para cada
país uma pontuação que varia do 0, equivalente a "altamente
corrupto", ao 100, que representa o "muito íntegro". A pior
colocada no ranking de 2023 é a Somália, com 11 pontos; na outra ponta, a
Dinamarca é a melhor colocada, com 90 pontos.
A Transparência Internacional
elenca pontos positivos e negativos no combate à corrupção no Brasil em 2023.
Como destaques negativos, a entidade cita "o fortalecimento do chamado
Centrão, através da adaptação e manutenção do esquema do orçamento secreto e
loteamento de espaços de poder".
A insegurança jurídica, por
meio de decisões controversas e monocráticas no Supremo Tribunal Federal (STF),
também é criticada. Como exemplo, a Transparência Internacional cita a anulação
do ministro Dias Toffoli dos acordos de leniência da Odebrecht.
Segundo a entidade, um dos
principais avanços do último ano foi a aprovação da reforma tributária, sobre a
qual incide "potencial de impacto estrutural anticorrupção". A
investigação corrente da Polícia Federal (PF) contra um suposto aparato
paralelo na Agência Brasileira de Inteligência (Abin), por sua vez, também
representa um avanço.
Em nota à imprensa, a
Controladoria-Geral da União (CGU), órgão cuja principal atribuição é o prevenção
e o combate à corrupção no governo federal, diz que "trabalha diariamente
para identificar e corrigir riscos de corrupção em políticas públicas,
contratações e outras ações do Estado".
O relatório da Transparência
Internacional, segundo a CGU, "reconhece importantes avanços no âmbito do
controle social, da transparência e do acesso à informação". A
Controladoria, no entanto, ressalta que os resultados da pesquisa "devem
ser vistos com cautela". "A corrupção é um fenômeno complexo e nenhum
indicador consegue medir todos os seus aspectos", diz o órgão público.
METODOLOGIA
O ranking da Transparência
Internacional é elaborado por meio de um cruzamento de até 13 fontes de dados.
As percepções levadas em consideração variam desde profissionais do mercado a
especialistas em gestão pública. Avaliações do Banco Mundial e do Fórum
Econômico Mundial, por exemplo, fazem parte da base de dados levada em
consideração.
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