Não existe mais
negócios sem a tecnologia. Eis um mantra que trabalho com meus times de
desenvolvedores e programadores, sobretudo em um ano no qual todas as
tendências e demandas atenderam por um único tema: a Inteligência Artificial
(IA). Há um hype justificado pelas oportunidades múltiplas que se abrem,
porém é preciso ter atenção se você é parte da cadeia que atua com essa ou
outras ferramentas tecnológicas relacionadas.
Um estudo recente apontou que pelo menos 45% de executivos em
posições de liderança em companhias globais estão testando a IA Generativa em
seus negócios. Outros 10% já implementaram a tecnologia em seus processos de
produção. Em comum, a busca por resultados de impacto em todo o processo
virtuoso de cada negócio, com impacto em custos e lucros, por consequência.
Ao mesmo tempo,
foi publicada na última semana uma reportagem na qual desenvolvedores relatam estar tendo
dificuldades em arrumar trabalho, mesmo com uma ampla gama de oportunidades
estarem disponíveis em sites e plataformas laborais. Ou seja, diante da “fome”
de CEOs por desenvolver a IA, deveríamos ter a falta de desenvolvedores e
programadores, e não ao contrário. Certo? Não exatamente.
Como de costume no
mundo da tecnologia, há sempre algo novo que possa aprimorar as capacidades de
desenvolvimento de empresas e negócios, seja para ampliar a robustez de
sistemas ou a produtividade. A demanda por inovação está sempre em alta, tanto
que um evento como a pandemia, entre 2020 e 2021, expôs uma falta de
profissionais no mercado de trabalho que poderia oscilar entre 400 mil e um 1
milhão no mundo.
O que a IA,
sobretudo a Generativa, nos traz em 2023 e adiante é a capacidade de podermos
acelerar elementos de produtividade dentro do mundo do desenvolvimento. Não
falamos apenas de um crescente acréscimo produtivo, com revisões, testes e on
boardings mais rápidos, mais de um ciclo completo mais virtuoso e
otimizado. Se trazemos para a área de software, estamos tratando de um processo
de construção que prima pela excelência e pela repetição.
Entretanto, a
criatividade ainda não está (e talvez nunca esteja) no escopo da IA. Aqui temos
o papel do desenvolvedor que, ao prover o lado humano que cria algoritmos e
sistemas de linguagem, e se beneficia ao construir com a ajuda da tecnologia
diversas soluções, sempre buscando eficiência com velocidade e o menor custo
possível. O capital intelectual, assim, não é algo meramente repetitivo, ou
então já teríamos processos 100% automatizados na maioria das cadeias de
negócios.
A IA introduz hoje
múltiplas ferramentas que ajudam os processos que, em via de regra, prometem
aumentar a produtividade geral. Além disso, há uma busca pelo aumento do que
chamo de crescimento da funcionalidade, que deriva para ciclos de
desenvolvimento de softwares especiais, estes caros, complexos ou
especializados. E, aqui, precisamos de profissionais com muito conhecimento. E
é aí encontramos algumas dificuldades.
Nos anos de
pandemia, o medo a curto prazo em torno do distanciamento social e os seus
impactos na economia e nos negócios provocou uma corrida por soluções
tecnológicas, a fim de permitir o funcionamento de muitas empresas. Foi essa
movimentação que impactou o mercado de desenvolvedores e, em alguns casos,
vagas permaneciam abertas por falta de profissionais. Passado esse período,
vivemos um momento diferente, as contratações seguem parâmetros mais
criteriosos, sobretudo porque, para trabalhar com IA, é preciso estar
qualificado de acordo.
Essa análise
pessoal não significa dizer que a IA Generativa, mais especificamente, não
esteja democratizando funcionalidades não tão complexas, como o auxílio na
correção de vulnerabilidades de códigos. Isto pede desenvolvedores antenados e
preparados para lidar com essa tecnologia e a possibilidade de prevenção que a
IA apresenta, sobretudo com a sua capacidade de aprendizado a partir do
enriquecimento constante dos dados. Ou seja, a capacitação e o aprendizado
constante têm tanto valor quanto saber o que perguntar aos algoritmos.
Além disso, a
cibersegurança, sabemos, segue e continuará aparecendo como prioridade para
executivos, pois tem impacto direto nos negócios. Com essa tecnologia, um time
enxuto pode fazer o trabalho de correção de vulnerabilidade que, antes, seria
preciso um verdadeiro batalhão de desenvolvedores. A automatização de processos
de desenvolvimento também ficará mais e mais complexa, tão logo plataformas e
equipamentos relacionados à IA – como os chips – ganharem versões mais potentes e com mais
possibilidades.
Por todo o exposto
aqui, não acho exagerado imaginar que teremos processos inimagináveis hoje
fazendo parte do dia a dia de profissionais de TI, considerando que as grandes
cadeias de linguagem que alimentam plataformas como o ChatGPT, por exemplo,
devem aprender mais e mais, e com uma velocidade maior a cada nova atualização.
Antes de chegarmos
ao que ainda não sabemos, temos dois pontos já assegurados no que tange a IA
Generativa: a proteção dos negócios trabalhados pela segurança dos códigos; e o
aumento da produtividade geral, com janelas de oportunidades específicas que,
não por acaso, já permitem que marcas se unam para desenvolver um produto ou
serviço, com foco primordial no cliente em potencial.
É claro que, como
esperado, nem tudo é apenas positivo. Estamos falando de uma tecnologia que
demanda investimentos de porte e algum espaço de trabalho (entenda-se: tempo)
para gerar resultados palpáveis. Estruturar times, quando falamos em um projeto
tecnológico, pode ser desafiador quando apresentamos a executivos que pedem
resultados imediatos. Aqui se põe outro desafio, que é encaixar as demandas da
TI ao aumento da produtividade pedida pelos negócios.
O pós-pandemia nos
trouxe esse embate entre um stock enorme de funcionalidade, de
amplos processos digitalizados, e uma necessidade de enxugamento de custos na
qual a IA pode e deve ser embarcada, principalmente porque pode acelerar
desenvolvimentos e resultados. Para o desenvolvedor, é preciso compreender este
momento do mercado. As empresas querem tirar proveito do que já investiram em
suas cadeias tecnológicas, e novos investimentos estarão vinculado a reunir o
tech com criatividade e inovação. Para estes profissionais, sempre haverá
espaço no fluído ambiente de oportunidades.
Jonatas Leandro - VP de Inovação da GFT
Technologies no Brasil
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