O Dia Mundial do Câncer, lembrado em 4 de fevereiro, é uma iniciativa da União
Internacional para o Controle do Câncer (UICC) e tem grande importância para
oferecer as principais informações sobre prevenção e controle do câncer à
população e aos profissionais da saúde.
A
maioria dos cânceres que acometem a região de cabeça e pescoço são os chamados
carcinomas epidermóide (ou carcinoma espino celular ou ainda carcinoma de
células escamosas). Ocorrem na mucosa da região respiratória e alimentar (boca,
faringe, laringe e nariz). Ou podem surgir ainda na pele da face, pescoço,
tireoide e couro cabeludo.
Está
entre os mais incidentes no Brasil, causando cerca de 10 mil mortes ao ano.
Cerca de 70% dos casos de câncer de cabeça e pescoço são descobertos já em estágio
avançado, muitas vezes por falta de informação das pessoas sobre a doença.
Prevenção
Os
principais fatores que podem causar câncer nesta região se devem ao fumo e a
bebidas alcoólicas, principalmente por longos períodos e em grande quantidade.
Hoje também sabemos que alguns vírus como o HPV podem causar câncer na boca,
principalmente nos jovens. A infecção pelo papilomavírus humano (HPV),
transmitido sexualmente, tem aumentado a incidência de câncer de cabeça e
pescoço. As regiões mais acometidas pelas lesões são faringe, cavidade oral e
laringe. Vacinar as meninas de 9 a 14 anos e os meninos de 11 a 14 anos contra
o HPV ajuda na prevenção.
Assim,
o ideal é não fumar, beber com moderação e não ter uma vida sexual promíscua. O
uso de protetor solar, chapéu e evitar exposição ao sol prolongada entre 10h e
16h também deve ser considerado.
Causas
O
câncer não tem uma causa única. Cerca de 80% e 90% dos casos são associados a
causas externas e a população deve estar ciente disto. Manter uma alimentação
saudável, praticar atividade física, cuidar da higiene bucal, evitar o consumo
excessivo de bebidas alcoólicas, usar protetor solar e parar de fumar são
medidas imperativas. Parar de fumar, inclusive, é a melhor maneira de evitar a
maioria dos cânceres de boca, faringe e laringe além da ocorrência em outros
órgãos. Há ainda fatores como hormônios, condições imunológicas e mutações
genéticas que podem iniciar o câncer.
Diagnóstico precoce
A
atenção às mudanças no corpo é fundamental para o diagnóstico. O autoexame da
pele, boca e a procura de profissional da saúde (médico ou dentista) fazem toda
a diferença ao doente com este tipo de tumor. O jargão “quem procura acha” deve
ser trocado pelo “quem procura, cura”.
- Na boca, as feridas ou supostas aftas que não cicatrizam,
principalmente em bordas da língua, devem receber atenção e análise de um
profissional;
- Mudança de voz (rouquidão) que não melhora com tratamento
convencional por mais de quatro a seis semanas;
- Dificuldade na deglutição (engolir alimentos);
- Presença de caroço no pescoço;
- Na pele, lesões ou feridas que não cicatrizam, aumentam de tamanho
ou sangram;
- Pintas ou manchas escuras que se modificam em tamanho, formato e
que coçam;
Tratamento e avanços médicos
A
cirurgia tem um papel crucial e é o tratamento mais utilizado, principalmente
nos tumores iniciais. As biopsias são de suma importância para diagnosticar os
tumores. A radioterapia também é utilizada e muitas vezes está associada com a
cirurgia. Hoje temos ainda a quimioterapia e a imunoterapia que podem ser
feitas complementando a radioterapia antes e/ou depois da cirurgia. Estes
medicamentos ajudam a eliminar ou impedir a multiplicação de células
cancerígenas, principalmente nas áreas em que o tumor não pode ser removido com
a cirurgia e ou a radioterapia. Em casos de tumores avançados, estas
modalidades de tratamento em conjunto podem também ajudar no controle de
sintomas. Tudo isto vai depender inclusive no acompanhamento do paciente.
A
terapia-alvo já existe e é um tratamento de câncer que está se popularizando
por focar em moléculas que estão presentes no câncer. É uma excelente perspectiva
no tratamento do câncer em geral e que difere da quimioterapia que atua em
todas as células, tanto as benignas como as malignas.
A
imunoterapia também é considerada como um dos principais avanços no tratamento
do câncer. Ela age de forma distinta das quimioterapias e das terapias-alvo
moleculares. Enquanto essas últimas baseiam-se em atacar as células tumorais
diretamente, a imunoterapia auxilia o próprio sistema imunológico do paciente a
identificar e combater o câncer, mas ela não se aplica a todos os casos. No
Brasil existem medicamentos imunoterápicos aprovados para os cânceres de cabeça
e pescoço, pulmão, rim, bexiga, estômago, melanoma e alguns subtipos de
cânceres de mama e de pele.
Vale
dizer que são tratamentos de alto custo e exercem impactos na qualidade de
vida.
Impacto na qualidade de vida
O impacto na vida da pessoa depende do tipo do tumor e localização. Tumores iniciais de pele, de tireoide e alguns na mucosa da região de cabeça e pescoço são resolvidos com a cirurgia e afetam pouco o bem-estar dos pacientes. A recuperação costuma ser rápida e a volta à normalidade ocorre em poucas semanas.
Já
os tumores em estágios avançados, que necessitam que parte ou todo um órgão
seja retirado, afeta bem a qualidade de vida da pessoa.
Neste
caso, existem medidas de suporte e terapias complementares que podem melhorar o
cotidiano dos pacientes. No IOU há uma equipe multidisciplinar composta por enfermagem
em todas as suas escalas, fisioterapeutas, fonoterapeutas, nutrologistas,
psicólogos além de dentistas e médicos. Cada um faz a sua parte para contribuir
que o paciente sofra o menor impacto possível. Há casos em que o tratamento é
longo e, muitas vezes, permanente.
Educação pública
Segundo
a Organização Mundial de Saúde (OMS), a cada ano espera-se cerca de 1,5 milhão
de novos casos de câncer de cabeça e pescoço, com cerca de 460 mil mortes.
Entre os homens, o tumor mais comum é o de boca, enquanto entre as mulheres é o
de tireoide.
A
informação tem grande importância para evitar que o desconhecimento das causas
que promovem tumores seja negligenciado. Sabendo em tempo hábil, pode haver
cura em mais 90% dos casos, quando em suas fases iniciais. Isto é válido para
todo tipo de tumor.
IOU
O Instituto de Otorrinolaringologia e Cirurgia de Cabeça & Pescoço (IOU), na Unicamp, é um centro especializado no diagnóstico e tratamento do câncer de boca. Nós somos pioneiros no Brasil, da técnica de pesquisa de linfonodo sentinela. Como a via de disseminação do câncer de boca é via linfática, os gânglios do pescoço, são a principal sede das metástases. Mesmo tumores iniciais podem ter risco de metástase linfáticas, não detectáveis a exames mais sofisticados de imagem. Assim com esta técnica de medicina nuclear, identificamos o linfonodo de maior risco e retiramos apenas este, sem necessidade de cirurgia mais extensa de esvaziamento cervical, com dissecção de vasos e nervos do pescoço, esta, uma cirurgia de maior morbidade. Na pesquisa de linfonodo sentinela o paciente fica um dia internado no máximo, com melhor recuperação.
Alfio José Tincani - cirurgião de cabeça e pescoço – Unicamp
Instituto de Otorrinolaringologia & Cirurgia de Cabeça e Pescoço – IOU, na Unicamp
Endereço: Av. José Roberto Magalhães Teixeira, 150 Campinas/SP
site
instituto_IOU
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