Opinião
Em cada escola, com tantos alunos, seria chover no molhado dizer que cada um é diferente do outro. Somos muitos e muito diversos. E é justamente nessa diversidade que reside boa parte das ricas possibilidades do ambiente escolar. Sabemos, portanto, que o respeito às diferenças é fundamental para a educação das crianças e jovens e para a construção de um mundo mais justo e inclusivo.
Trabalhar com a cultura da diferença é partir do
pressuposto de que nem todos os alunos aprendem do mesmo jeito e ao mesmo
tempo. Muito além das diferenças físicas entre eles, há inúmeras diferenças
contextuais, emocionais e de vivências que influenciam no dia a dia da escola e
nos resultados buscados pelos educadores. Por isso, dois princípios basilares
devem acompanhar nossa sociedade constantemente: o respeito ao indivíduo e o
combate a todo tipo de preconceito. Incluir não é um ato apenas de boa vontade,
mas de planejamento. É necessário adotar estratégias didáticas variadas para
que todos se sintam incluídos.
Ao contrário do que se pode pensar, isso não
elimina todas as regras e rotinas envolvidas no processo de ensinar e aprender,
mas reconhece que cada sujeito é único e tem direito a um ambiente múltiplo em
que todos possam adquirir conhecimentos e crescer juntos. Ou seja, quando se
trata de Educação, é importante acreditar na diferença como uma riqueza, não
como um empecilho ou uma barreira. Esse pensamento primordial é o responsável
por conduzir todo o trabalho de inclusão realizado por professores e equipe
pedagógica.
Afinal, já se sabe, a vida escolar não é feita
apenas do processo de ensino e aprendizagem de conteúdos formais. Ao longo dos
anos que crianças e adolescentes passam entre os muros da escola, eles estão
também desenvolvendo uma parte importante da personalidade e habilidades
sociais. É esse “currículo oculto”, portanto, que garantirá, no futuro, que os
estudantes cheguem à vida adulta mais tolerantes, reconhecendo o valor de seus
pares pelas batalhas que enfrentam e, assim, praticando a alteridade no dia a
dia.
A importância de construir uma sociedade em que se
valoriza o respeito pela diferença é incalculável. Por meio desse ambiente de
tolerância e respeito, os estudantes podem se sentir mais seguros para afirmar
a própria identidade, tomar decisões seguras e ter força para se posicionar nas
mais variadas situações. As crianças podem e devem reconhecer e valorizar as
diferenças entre as pessoas. É assim que elas desenvolvem a capacidade de
reconhecer em si mesmas as características que as diferenciam umas das outras,
ver-se como sujeitos de direitos e indivíduos importantes para o mundo.
Abrir caminhos para que as pessoas se descubram e
descubram também o outro é uma parte fundamental do trabalho de educar. Os
verdadeiros educadores, apaixonados pela Educação, devem ter isso como uma
missão inegociável. São as crianças de hoje que permitirão, no futuro próximo,
que a humanidade encontre uma vida mais saudável para todos. A condição para
uma sociedade democrática são cidadãos que dialoguem bem com a diversidade, seja
na escola, no trabalho, com a vizinhança ou em qualquer outro âmbito - e os
cidadãos de amanhã já estão sendo formados hoje, por nós, educadores, nas
tantas salas de aula espalhadas pelo mundo.
Alessandra Samaan - gerente
gerente de formação e assessoria do Sistema Positivo de Ensino.
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