Especialista explica o passo a passo necessário para o agropecuarista conseguir obter uma área de pasto produtiva para o rebanho: análise de solo, escolha da forrageira de acordo com a categoria animal, adubação, preparo do solo e só então a semeadura
O Brasil tem o maior rebanho comercial de bovinos
do mundo, com 202,78 milhões de cabeças, segundo a Associação Brasileira das
Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec, 2023), sendo que mais de 90% desses
animais são criados a pasto. Dessa forma, a qualidade das pastagens tem
importância estratégica para o agropecuarista e também para o país.
Qualidade, por sua vez, está ligada ao manejo
correto dessas áreas, que podem ser, por exemplo, de reforma de pastagem, de
renovação ou ainda de implementação de sistemas integrados. Independente do
cenário, o principal objetivo do produtor é estabelecer um pasto produtivo, mas
antes do plantio ser realizado existem etapas cruciais que vão contribuir com o
seu sucesso.
O planejamento para se formar uma área de pasto
começa no final do período chuvoso anterior, quando inicia o outono-inverno. É
quando se define quais áreas serão reformadas e, a partir daí, realiza-se a
análise de solo e correções de acordo com a espécie forrageira a ser
implantada. “É o que vai dar o parâmetro dos cuidados que o produtor terá que
tomar, para no final plantar as sementes”, explica Diogo Rodrigues da Silva, zootecnista,
doutor em pastagens e coordenador técnico da Soesp – Sementes Oeste Paulista.
Com o resultado da análise química e física do
solo, será possível conhecer a quantidade de nutrientes disponíveis e a
composição do solo quanto ao teor de areia, argila e silte. “A referência de
como está a fertilidade é importante também para a escolha de qual forrageira
pode ser utilizada, pois são mais de 50 cultivares no mercado. O que muda entre
elas é que algumas são mais exigentes em fertilidade, outras menos e outras com
exigência mediana”, completa o especialista.
Com esses dados, o próximo passo será fazer as
correções e adubações no período e na quantidade ideal, sendo indicado três
tipos de correções. Primeiro a calagem, que é o fornecimento de calcário a fim de
neutralizar a acidez do solo, caso o pH esteja baixo. Em seguida a gessagem
para o melhor condicionamento da distribuição dos nutrientes no perfil do solo.
Por fim, a fosfatagem, que serve para aumentar os teores de fósforo, esse
macronutriente é pouco disponível nos solos brasileiros. Ainda pode haver a
necessidade de reposição de potássio, um nutriente responsável pela expansão
celular e crescimento da planta, além do nitrogênio que será aplicado em
cobertura quando tiver em torno de 60% do solo coberto.
O zootecnista ressalta que para as correções de
calcário e gesso a recomendação é que sejam feitas entre 60 e 90 dias antes da
data estimada de plantio - sendo que este período pode ser reduzido em função
da disponibilidade de água, se ele estiver incorporado no solo e também do PRNT
(Poder Relativo de Neutralização Total) do calcário, quanto maior esse valor,
mais rápida é a reação no solo.
Preparo do solo
Esta etapa pode envolver os trabalhos de aração,
gradagem e de nivelamento do solo. “É necessário para que as sementes tenham
uniformidade no plantio, seja a lanço, aéreo ou em linha, e que o solo esteja
nivelado, sem torrões para que as sementes tenham o melhor contato possível com
o solo. Isso vai impactar, inclusive, no tempo de formação dessa área”, destaca
o zootecnista.
Outra questão importante levantada pelo
profissional é a do controle de plantas daninhas, quando a área estiver em
nível alto de degradação. “Se estiver tomada pelas invasoras, antes de
gradagem, nivelamento, é necessário dessecar as daninhas, às vezes duas, ou até
três dessecações, a depender da intensidade”, explica.
Escolha da forrageira
Essa etapa leva em consideração vários fatores:
Os edafoclimáticos, que contemplam as características do meio ambiente, como: a região
onde está a propriedade, o relevo, o histórico de precipitações e umidade, a
temperatura média e se há possibilidade de encharcamento ou geadas. São
aspectos importantes para a decisão sobre qual pastagem terá melhor adaptação.
A categoria ou espécie animal, além da quantidade de animais que serão colocados na área. “Na fase de
cria, recomendamos capins que possuem porte mais baixo e com maior valor
nutritivo. Outro ponto importante é que alguns capins possuem alguns compostos
secundários que podem causar doenças em bezerros e ovinos, como a
fotossensibilização hepatógena pelo consumo de Brachiaria decumbens,
não sendo recomendado para esta fase e espécie. Outro exemplo, são capins que
não são indicados para equinos, como a Brachiaria humidicola, que apresenta
alto teor de oxalato de cálcio, causando a “cara inchada” pelo desequilíbrio de
cálcio na dieta dos animais adultos e a epifisite nos potros, que é uma dor nas
articulações e isso atrapalha muito o crescimento. Então sempre perguntamos,
pois para cada categoria ou espécie animal temos uma indicação”, completa o
zootecnista.
Importante que o produtor faça o planejamento
forrageiro e ajuste da taxa de lotação de acordo com a escolha do capim, por
exemplo, capins do gênero Panicum produzem grande quantidade de
massa de forragem, se não houver esse ajuste pode ocorrer perdas.
A fertilidade do solo, onde o produtor poderá ter diferentes estratégias, pois se escolher
plantas de alta produtividade, terá que estabelecer a pastagem em um solo com
alta fertilidade para que a forrageira tenha de onde extrair os nutrientes e
possa responder em termos de qualidade e produção. Neste grupo, podemos
destacar as espécies de Panicum maximum. Por outro lado, se o
solo for de média fertilidade e não houver interesse em aumentá-la, é possível
trabalhar com uma forrageira adaptada a essa condição, como as cultivares de Brachiaria brizantha
Sementes de qualidade, que garantem um bom stand inicial, evitando o aparecimento de
plantas daninhas ou falhas na germinação. “Mesmo com o melhor preparo de solo,
se a semente não tiver boa germinação e vigor, todo o investimento nas outras
etapas ficará comprometido”, indica o profissional. Ele lembra ainda que a
Soesp produz e comercializa as sementes com tecnologia Advanced, que contam com
vários benefícios além da alta pureza. Para conhecer é só acessar
sementesoesp.com.br/produtos.
Semeadura
O especialista orienta que ao fazer o plantio, o
produtor incorpore a semente (cobrir a semente) com uma fina camada de solo, e
depois faça uma leve compactação. “Dessa forma a semente não fica exposta à
desidratação pela radiação direta do sol, ataque de pragas, pássaros, formigas
ou cupins. Além disso, uma semente incorporada na profundidade correta (3 cm
para Brachiaria e 2 cm para Panicum) apresenta um melhor contato com o solo,
facilitando a chegada dos estímulos para iniciar a germinação”, pontua.
Após o plantio, o produtor deve ficar atento às
pragas, especialmente nos próximos 30 a 60 dias quando acontece o começo do
período das águas. Já a entrada dos animais na área vai acontecer após 90 a 120
dias, em média. “Com o pasto totalmente estabelecido, o manejo será de
manutenção da carga animal e também de reposição, ano a ano, dos nutrientes do
solo, através da adubação de manutenção”, finaliza o zootecnista.
www.sementesoesp.com.br
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