Pixabay |
Neblina. Trevas. Espírito maldito. Escuridão. Estrada sem saída. Fazemos rodeios, recorremos a metáforas, e pintamos quadros da dor com nossas palavras. O termo depressão é clínico; a lista de sintomas, estéril. No entanto, é por meio do reconhecimento desses símbolos que podemos começar a compreender é essa doença e a importância de debater este assunto que ainda é tratado por tantas pessoas como um tabu.
Em definição clínica, o DSM-5 (Manual
Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais) enumera sintomas que
variam desde o humor deprimido até a perda de interesse, distúrbios do sono,
fadiga, dificuldade de concentração e o pior deles: os pensamentos suicidas.
Apesar de sua aparente objetividade, esta descrição não consegue abarcar
totalmente todas as experiências vividas por aqueles que enfrentam a doença.
Nesse contexto surge o Setembro
Amarelo como um apoio na prevenção ao suicídio e
conscientização sobre a depressão. É um mês dedicado a “desestigmatizar” esses
tópicos e abrir diálogo. Essa campanha funciona como um convite para a
sociedade entender que problemas de saúde mental não significam apenas uma
tristeza passageira, mas sim enfermidades que merecem atenção, compaixão e
tratamento.
Além disso, a depressão é uma doença em constante
mutação. Pode ser desencadeada por eventos dolorosos, surgir sem aviso prévio
ou ser uma companheira constante por longos períodos. Alguns enfrentam os
sintomas físicos com mais intensidade, enquanto outros sofrem mais com os
aspectos emocionais.
Torna-se fundamental reconhecer que a depressão não
é um sinal de fraqueza, falta de Deus, ou se a pessoa tivesse mais fé, se fosse
mais forte, não estaria adoecida. Também não é algo a ser superado apenas com
“pensamentos positivos”.
Você imagina a audácia de aplicar esse princípio a
grandes cristãos que tiveram depressão? Dizer a Charles Spurgeon
para ler mais a Bíblia? Incentivar David Brainerd a orar mais? Madre
Teresa de Calcutá deveria simplesmente
escolher a alegria? Que Martin Luther King Jr. precisaria não
se preocupar com as ameaças constantes à sua vida? Ou então, que Martinho
Lutero – um dos principais líderes da Reforma Protestante – tinha
de ignorar os conflitos interiores e as sensações de indignidade pessoal?
Todos eles lutaram contra a depressão e nos recordam de que às vezes somos abatidos por sensações angustiantes. O nosso cérebro, assim como o nosso corpo, adoece. Depressão é uma doença real que exige atenção médica e apoio adequado. É essencial nos educarmos, apoiarmos uns aos outros e reconhecermos a busca pela compreensão desse “mal do século”.
Diana Gruver - mestre em Formação Espiritual pelo Seminário Teológico Gordon-Conwell e diretora de comunicação do Instituto Vere, e autora do livro Juntos na Escuridão, publicado pela Editora Mundo Cristão
Nenhum comentário:
Postar um comentário