As práticas ESG - Environmental, Social and Governance - (Ambientais, Sociais e de Governança) têm se destacado como uma abordagem estratégica para grandes empresas em todo o mundo, e diversos exemplos concretos comprovam como o alinhamento com critérios ESG tem impulsionado lucros e valor de mercado.
A começar pela Unilever, exemplo icônico de como o
compromisso com práticas ESG podem transformar o desempenho das empresas. A
marca tem se destacado atraindo novos consumidores que se preocupam com a
preservação do meio ambiente, adotando uma abordagem mais sustentável em seus
produtos diversos, com um crescimento de 69% mais rápido do que as
demais.
O Banco Itaú tem sido também um exemplo de
governança corporativa responsável, com uma abordagem transparente e
comprometida com questões sociais, como inclusão financeira e programas de
responsabilidade social. Essa postura ética e socialmente consciente tem
fortalecido a reputação da marca e atraindo novos investidores comprometidos
com a ESG e gerando um aumento no valor de mercado da instituição.
Em suma, com empresas compromissadas às práticas
ESG, o cenário de mercado tem demonstrado um impacto financeiro pontual nas
estatísticas. Em 2020, as empresas com classificação ESG (pontuação baseada em critérios
ambientais, sociais e de governança) tiveram um desempenho superior ao do
mercado, com uma média de retorno total de 27,46% comparado a 22,14% do mercado
geral, é o que revela os dados fornecidos pela MSCI ESG Research.
No que tange ao valor de mercado, o S&P 500 ESG
superou o S&P 500 em geral entre 2015 e 2020, com uma diferença de
desempenho acumulada de 43,73%, de acordo com os dados divulgados pela S&P
Global. Empresas com classificação ESG alta têm uma probabilidade 2,3 vezes maior
de superar seus concorrentes de baixa classificação em termos de desempenho
financeiro, segundo a Harvard Business Review.
No Brasil, embora o cenário ESG ainda esteja em
fase de desenvolvimento comparado a países desenvolvidos, há um crescente
interesse em empresas sustentáveis e possibilidades de crescimento. O país tem
sido um dos principais produtores de créditos de carbono, o que representa uma
oportunidade significativa para empresas brasileiras melhorarem sua
rentabilidade. Só em 2021, o mercado global de créditos de carbono movimentou
cerca de US$280 bilhões, e o Brasil é reconhecido como um dos principais
players desse mercado, com projetos que abrangem setores como energia
renovável, reflorestamento e tratamento de resíduos. Esses projetos não só
geram receita adicional para as empresas, mas também melhoram sua reputação
como líderes em sustentabilidade.
Em contrapartida, no cenário latino-americano, o
Brasil está à frente de outros países da região em relação às práticas ESG e
iniciativas sustentáveis. No entanto, ainda há espaço para crescimento e
inovação. Para elucidar, tomando como exemplo uma siderúrgica brasileira
produtora de aço ao usar o carvão no processo produtivo, se produz biochar, um
biocarvão capaz de nutrir o solo e atua como um grande capturador de dióxido de
carbono no solo. Em vez de ser descartado, ao usar o biochar no solo, a
siderúrgica não só economiza em custos de transporte e fertilizantes, mas
também é capaz de gerar receita adicional ao vender créditos de carbono
associados à captura do CO2 pelo biochar.
Esse exemplo mostra mais uma vez que ESG e geração
de valor ao acionista não são mutuamente exclusivos, mas podem sim ser
complementares por uma questão tanto de posicionamento de marca para os
consumidores, mas também por uma questão de eficiência energética. É fato que
empresas alinhadas com práticas ESG têm impulsionado lucros e valor de
mercado.
Ramon Silva - empreendedor em série e especialista em tecnologia e startups que
começou sua história de forma bastante singela em Belém, no Pará, e hoje figura
no seleto grupo de brasileiros aprovados no MBA de Stanford, nos Estados
Unidos.
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