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sábado, 19 de agosto de 2023

‘Não tem mais idade’: etarismo na atividade física deve ser combatido; personal trainer dá dicas

“Pode ser ‘tarde demais’ para ir para uma Olimpíada e competir em altíssimo nível, mas não é para aprender e colher os benefícios físicos e psicológicos de um novo esporte ", diz o educador físico Bruno Sapo.


Nunca é tarde para se dedicar a um novo esporte e praticar atividade física. Estar em busca de saúde e bem estar é uma missão que carregamos por toda a vida. Por que, então, é comum ouvir que pessoas mais velhas “não tem mais idade” para se exercitar? O etarismo precisa ser combatido, e o personal trainer e educador físico Bruno Sapo é um dos aliados contra o preconceito e a falta de informação.  

“Podemos desconstruir o preconceito evitando deduções baseadas no senso comum, promovendo ambientes mais inclusivos e atividades que valorizem e incentivem o acolhimento”, diz o profissional.  

Bruno aponta situações em que notamos que a idade se torna uma tentativa de empecilho para a prática de esportes: 

 

·         Seleção de equipe: Atletas mais jovens ou mais velhos podem ser excluídos com base em estereótipos sobre sua capacidade de desempenho, devido à idade. Isso de forma profissional ou recreativa. 

 

·         Oportunidades de treinamento: Podem haver restrições ou limitações nas oportunidades para atletas e praticantes de certas faixas etárias, resultando em desvantagens para aqueles que são mais jovens ou mais velhos. 

·         Desvalorização da experiência: pessoas mais velhas podem ser vistas como menos valiosas ou incapazes devido a uma crença de que a idade prejudica o desempenho, ignorando a rica experiência que eles podem trazer. 

 

·         Estereótipos negativos: pessoas mais velhas podem enfrentar a ideia de estereótipos que a consideram incapazes de se manter em esportes competitivos, levando à subestimação de suas habilidades. 

 

O personal também lista maneiras que o etarismo se apresenta para atletas profissionais: 

 

·         Aposentadoria forçada: atletas mais velhos podem ser pressionados a se aposentar prematuramente, mesmo quando ainda têm habilidades competitivas, devido a expectativas sociais em relação à idade. 

 

·         Foco exclusivo na juventude: Em alguns esportes, a ênfase na juventude pode levar à negligência de atletas mais velhos, limitando suas oportunidades de competir em níveis mais altos.

 

·         Patrocínios: : Atletas mais velhos podem enfrentar dificuldades em conseguir patrocínios ou contratos de endosso, uma vez que a indústria muitas vezes privilegia atletas mais jovens.

 

E como combater o preconceito com pessoas mais velhas? 

 

“Pode ser ‘tarde demais’ para ir para uma Olimpíada e competir em altíssimo nível, mas não é para aprender e colher os benefícios físicos e psicológicos de um novo esporte”, diz. 

 

Bruno Sapo continua: 

 

“Faz parte do meu trabalho buscar ferramentas que acolham todas as pessoas. Assim, pode-se pensar em aulas específicas para pessoas de determinado nível/faixa etária (o que idealmente não precisaria acontecer, mas pode deixar as pessoas mais confortáveis para começar a treinar), atividades que valorizem as qualidades daquela pessoa (por exemplos, jogos recreativos com perguntas que aquela pessoa domina, ou então exercícios que a pessoa domine pelo seu passado esportivo). 

 

Os benefícios do treino de força: 

 

A partir de uma certa idade, a sarcopenia (perda de massa magra e função do músculo esquelético) passa a ser um fator. Com isso, o treino de força pode ser benéfico para, além da manutenção e ganho de massa magra, também a prevenção de doenças crônicas e aumento da longevidade. 

 

“Um estudo mostrou que a prática de treino de força, de 30 a 60 minutos diário, reduz o risco de 10% a 20% de morte prematura”, destaca Bruno Sapo, que complementa: “Em qualquer idade, o exercício tem enorme influência na saúde mental, além disso, em idosos, o fato de se sentir útil, em atividade, pode ser extremamente benéfico”. 

 

Existe, de fato, alguma limitação? 

 

Em esportes que exigem alto rendimento, é comum que, com o passar do tempo, atletas comecem a perder força, potência e condição cardiorrespiratória. “No entanto, esse processo é diferente de pessoa para pessoa, e deduzir que a partir de X idade aquela pessoa não tem um espaço pode ser um problema”, destaca o profissional de educação física. 

 

Um estudo com mais de 73 mil mulheres e 38 mil homens constatou:

 

·         Mulheres que praticam 4 ou 5 hábitos saudáveis, numa idade de 50 anos, tiveram mais anos sem diabetes, doenças cardiovasculares e câncer. 

 

·         Homens que praticam 4 ou 5 hábitos saudáveis, na idade de 50 anos, viveram 31,1 anos livres de doenças crônicas comparado a 23,5 anos entre homens que não praticavam nada. 

 

“Na medida que envelhecemos, o risco de doenças crônicas aumenta, mas esses dados mostram que essas escolhas de estilo de vida podem reduzir esses riscos”, conclui Bruno, que convida a todos para se juntar a sua turma ou a de outro profissional de educação física qualificado. 

 

 



Bruno Sapo
www.instagram.com/brunorosa.sapo



Estudos citados
Momma H, Kawakami R, Honda T, et alMuscle-strengthening activities are associated with lower risk and mortality in major non-communicable diseases: a systematic review and meta-analysis of cohort studiesBritish Journal of Sports Medicine Published Online First: 28 February 2022. doi: 10.1136/bjsports-2021-105061

Healthy lifestyle and life expectancy free of cancer, cardiovascular disease and type 2 diabetes: prospective cohort study,” Yanping Li, Josje Schoufour, Dong D. Wang, Klodian Dhana, An Pan, Xiaoran Liu, Mingyang Song, Gang Liu, Hyun Joon Shin, Qi Sun, Laila Al-Shaar, Molin Wang, Eric B. Rimm, Ellen Hertzmark, Meir J. Stampfer, Walter C. Willett, Oscar H. Franco, Frank B. Hu, BMJ, online January 8, 2019, doi: 10.1136/bmj.l6669

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