O tumor estromal
gastrointestinal (GIST) é um câncer que em 60% dos casos ocorre no estômago e
em 35% no intestino delgado. Também pode ser diagnosticado no esôfago, cólon
(intestino grosso), reto ou no abdômen. Raro, o GIST pode ocorrer em qualquer
idade, mas é mais comum a partir dos 60 anos. Silenciosa, essa doença costuma
ser diagnosticada após sintomas como sangramento digestivo, anemia e mal-estar
geral
Foi anunciado ontem (31), que o cantor e compositor
Paulinho da Viola, de 80 anos, foi internado no Rio de Janeiro após apresentar
sangramento digestivo. Ao realizar exames, recebeu o diagnóstico de tumor
estromal gastrointestinal (GIST) no intestino delgado. Raro, o GIST é um tumor
maligno que pode ocorrer em qualquer idade, mas é mais comum após os 60 anos.
Sua localidade mais comum é no estômago (6 entre 10 casos) e a segunda mais
comum é a mesma acometida em Paulinho da Viola, que representa 35% dos casos.
Os outros 5% ocorrem no esôfago, cólon (intestino grosso) e reto ou se
desenvolvem no abdômen fora do trato gastrointestinal.
Os GISTs são um tipo de sarcoma de tecidos moles.
Antes de 1998, os médicos classificavam a doença como leiomiossarcoma, tumor do
nervo autônomo gastrointestinal (GANT) ou uma combinação desses dois tipos de
tumor. Não há estatísticas oficiais para GIST no Brasil, mas é sabido que sua
prevalência média esteja em torno de 2 a 2,5 casos novos por 100 mil
habitantes, o que representaria mais de 3 mil casos anuais entre os brasileiros.
Nos Estados Unidos, segundo a American Cancer Society, anualmente o
número total de casos de GIST diagnosticados no país varia de cerca de 4 mil a
6 mil.
Silenciosos no início, os GISTs são frequentemente
encontrados durante uma endoscopia ou tomografia computadorizada para uma
condição não relacionada com essa doença. Esses exames podem mostrar o tamanho
do tumor, onde começou, se algum órgão ou tecido próximo está envolvido e se o
tumor se espalhou para outras partes do corpo. A confirmação do diagnóstico é
feita após a biópsia, feita a partir da coleta de uma amostra do tumor. Quando
os pacientes com GIST apresentam sintomas como sangramento digestivo ou anemia,
a doença costuma estar mais avançada. De acordo com o National Cancer
Institute, dos Estados Unidos, quando a doença é diagnosticada em fase inicial
(restrita ao órgão de origem) a chance de cura (o paciente estar vivo cinco
anos após o tratamento) supera os 90%.
Conforme explica o cirurgião oncológico Héber
Salvador, presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica SBCO e
titular de Cirurgia Abdominal do A.C.Camargo Cancer Center, o principal
tratamento dos GISTs é a ressecção cirúrgica completa, sempre que possível com
a preservação da integridade do tumor (que não se retire por partes) para
prevenir que se espalhe dentro do abdômen por ruptura e extravasamento. “Esse
cuidado é essencial, pois representa uma cirurgia oncológica segura para o
paciente, com menor risco de deixar doença remanescente. Além disso, reduz
também a probabilidade de recidiva (volta da doença)”, explica Héber Salvador.
A cirurgia, em situações específicas, pode ser o
único tratamento. Na maioria dos casos, a cirurgia é seguida por um tratamento
de três anos com uma terapia-alvo chamada imatinibe (que é um inibidor da
proteína tirosina quinase). A radioterapia é raramente indicada para tratar
pacientes com GIST. Em alguns casos, o imatinib pode ser feito na neoadjuvância
(antes da cirurgia) para reduzir o tamanho do tumor antes da operação.
O QUE CAUSA O GIST – O GIST tem como principal causa uma mutação genética no gene Kit. Na
maioria dos casos, esta mutação é somática, ou seja, acontece nas células que
originam o tumor ao longo da vida da pessoa acometida. Em casos mais raros
estas mutações podem ser herdadas geneticamente, podendo inclusive ocorrer em
outros genes como na Neurofibromatose tipo 1.
Embora inespecíficos, segundo o inventário para
GIST do MD Anderson Cancer Center, os sintomas que podem alertar para um GIST,
além de sangramento digestivo, são anemia, problemas de pele, mal-estar geral,
desconforto abdominal, inchaço ou plenitude abdominal (sensação de saciedade
constante), dor muscular ou hematomas que surgem facilmente. Ao
apresentá-los, é recomendado consultar um médico, que avaliará e poderá solicitar
exames.
Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica - SBCO
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