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sexta-feira, 11 de agosto de 2023

Dia Mundial da Juventude

 

Especialista dá dicas para jovens manterem a saúde bucal em dia


A juventude é marcada por descobertas, transformações e experiências diversas. Preocupações e cuidados permeiam esse período. A saúde bucal também deve ocupar um lugar importante na lista de prioridades, afinal, um sorriso bonito e saudável ajuda a manter a autoestima, fundamental em qualquer momento da vida, mas especialmente quando se é mais jovem.            

As mudanças físicas, emocionais e sociais são comuns na adolescência. Os hábitos alimentares, por sua vez, também se modificam frente a uma agenda cheia de compromissos, tempo escasso para uma criteriosa higienização bucal, falta de uma supervisão assistida pelos pais ou responsáveis e, muitas vezes, uma alimentação desequilibrada com excesso de alimentos ricos em carboidratos e açúcares, como doces, refrigerantes, isotônicos e energéticos.

Tais hábitos vão propiciar a formação de cárie, inflamação da gengiva (gengivite) e erosão ácida do esmalte dentário, levando a dor, sangramento da gengiva, alteração da cor dos dentes, desgaste da superfície dentária e mau hálito, como lembra a Cirurgiã-Dentista e membro da Câmara Técnica de Ortodontia do Conselho Regional de Odontologia de São Paulo (CROSP), Dra. Miriam Abdo de Camargo Pinheiro.

“Nessa fase da adolescência, a aceitação em um grupo e a preocupação extrema com a estética podem levar a hábitos nutricionais inadequados, podendo desenvolver a anorexia ou a bulimia, ambos altamente prejudiciais para sua saúde como um todo. A privação alimentar leva a uma deficiência nutricional que, além de prejudicar o desenvolvimento da sua massa muscular, afetará diretamente sua saúde bucal”, alerta a especialista.

Dra. Miriam explica que, na anorexia, a perda grave dos nutrientes importantes para o desenvolvimento levará ao surgimento da gengivite, com sangramento gengival espontâneo, podendo evoluir para uma periodontite (quando a inflamação atinge o osso e o ligamento periodontal que “prende” o dente no osso), podendo ocorrer a perda dentária.

Já no quadro de bulimia, o ato de provocar o vômito após a alimentação pode levar a um desgaste severo dos dentes (aumento dos níveis de desmineralização), aumento da incidência de cárie por conta dos ácidos estomacais, além da queilite angular (proliferação de fungos nos cantos da boca) devido à queda da imunidade e diminuição da formação da saliva. Com isso, a halitose se instala, podendo haver alteração no paladar.


Descobertas

O beijo está entre as descobertas mais agradáveis da juventude. De acordo com a Dra. Miriam, cabe ao Cirurgião-Dentista, nesse momento de vivenciar o primeiro beijo, fornecer a informação de que a boca pode ser a entrada para doenças sexualmente transmissíveis.

Segundo ela, a gengivite, por exemplo, teve sua incidência aumentada pelo ato de “ficar”, pois beijar na boca de várias pessoas aumenta em 4 vezes o risco de contrair a bactéria causadora da cárie e outras doenças como a mononucleose (doença do beijo) e o herpes. Por isso, reforçar a importância de manter uma higienização adequada, sem inflamação da gengiva, com uma alimentação equilibrada, é fundamental.

“É importante que os adolescentes, nessa fase de descobertas sobre o sexo, estejam também cientes de que o HPV (vírus do papiloma humano), que é um dos responsáveis pelo aparecimento de câncer de boca e de orofaringe, também pode ser transmitido através do sexo oral desprotegido. Cabe a nós, Cirurgiões-Dentistas, orientarmos a importância do uso de preservativos, bem como das vacinas para prevenir o HPV”, ressalta a doutora.

 

Gravidez na adolescência

Dra. Mirian destaca outro momento delicado, que é a gravidez na adolescência. De acordo com a Cirurgiã-Dentista, a gestação na adolescência requer cuidados especiais, uma vez que as alterações hormonais do período levam às respostas inflamatórias, predispondo a gestante à gengivite e à periodontite, com processos infecciosos que podem levar ao parto prematuro e ao nascimento de bebês com baixo peso. “É muito importante que a gestante faça o acompanhamento por meio também do pré-natal odontológico”, pontua.

 

Jovens que usam aparelhos ortodônticos precisam redobrar o cuidado com a saúde bucal

Uma das principais queixas e problemas nos consultórios odontológicos entre os jovens é a questão estética e, com a vontade de corrigir o posicionamento dentário, o uso dos aparelhos fixos é uma das opções. Contudo, a Cirurgiã-Dentista e membro da Câmara Técnica de Ortodontia do Conselho Regional de Odontologia de São Paulo (CROSP), Dra. Miriam Abdo de Camargo Pinheiro, informa que é fundamental ressaltar a importância de um cuidado ainda mais criterioso com a escovação, uma vez que as peças do aparelho favorecem a retenção e o acúmulo de alimentos e biofilme (placa bacteriana, uma mistura de bactérias e restos alimentares).

“O uso do fio dental após todas as refeições, utilizando dispositivos que facilitem a entrada dele por baixo do arco com os condutores de fio dental, é fundamental. As escovas interdentais facilitam a limpeza entre os dentes por baixo do arco ortodôntico, bem como escovas unitufo ajudam na limpeza ao redor dos bráquetes e acessórios, enquanto os cremes dentais e enxaguantes bucais com flúor favorecem a limpeza dos dentes e dos acessórios ortodônticos. A utilização de irrigadores orais, como waterpick, que emitem jatos de água, são excelentes coadjuvantes para auxiliar a limpeza dos dentes e das peças do aparelho ortodôntico”, avalia a Dra. Miriam.

Ainda no que diz respeito aos aparelhos fixos, a Cirurgiã-Dentista considera as seguintes vantagens:

Entrega de resultado independentemente da colaboração ativa do adolescente:  eles não dependem diretamente da colaboração do uso pelo paciente.

Versatilidade: possibilidade de tratar a grande maioria das más oclusões, podendo ser metálicos, estéticos e autoligáveis.

Custos: variável (dependendo do tipo), mas reduzido em relação aos alinhadores. 

As desvantagens, de acordo com a Dra. Miriam, envolvem a necessidade de muita colaboração nos cuidados com o aparelho, o que implica em evitar alimentos que possam derrubar as suas peças ou que contenham alta concentração de açúcar, como: balas, chicletes, amendoim, castanhas, frango ou costelinha com osso, pipoca, amendoim japonês, pé de moleque, rapadura etc.

“O paciente que apresenta alta tendência ao desenvolvimento de cárie, que apresente alta ingestão de açúcares e maus hábitos de higienização bucal, precisa ser primeiramente condicionado para que possa fazer uso dos aparelhos fixos sem prejuízo para sua dentição. Um acompanhamento rígido pelo seu Cirurgião-Dentista, além da supervisão dos pais ou responsáveis, é imprescindível”.

Hoje em dia, a busca por tratamentos ortodônticos com alinhadores nos adolescentes tornou-se uma opção. Apesar de um custo mais elevado, a tecnologia favoreceu a possibilidade dessa opção para o tratamento cujos benefícios são:

Estético: transparente e praticamente invisível.

Removível: facilidade para alimentação e higienização.

Confortável: material elástico, flexível, não machuca, não alteram a dicção. Menos emergências e intercorrências.

Flexibilização: para tratar mesmo à distância com menor número de consultas presenciais. Otimização do tempo do paciente, diminuição do tempo de cadeira.

Comunicação: realizada com mais clareza. através do planejamento virtual, consegue-se dar mais tangibilidade ao tratamento ortodôntico, mostrando os movimentos propostos a cada troca de alinhador, os desgastes, as dificuldades, o tempo previsto, facilitando ao jovem entender e aderir ao tratamento, assim como a necessidade da sua fidelização ao uso para que os resultados propostos sejam obtidos.  

Segundo a especialista, esse tipo de tratamento depende da total colaboração do adolescente, que terá o resultado planejado caso seja aderente ao uso. “Na hora de escolher com qual produto poderá tratar, é fundamental a conversa aberta com o adolescente e seus pais ou responsáveis para que haja o engajamento necessário para não criar frustrações. Além disso, muitas vezes, para obter um resultado pleno com alinhadores, é necessário o uso de técnicas ortodônticas auxiliares, como a utilização de botões e elásticos, e dispositivos de ancoragem temporárias (DATs - miniimplantes) - e o adolescente, assim como a família, tem que estar ciente dessa necessidade”.

 

Cirurgião-Dentista tem o papel de alertar jovens sobre riscos do uso de drogas para a saúde da boca

É na adolescência que muitos garotos e garotas se deparam com a experiência do uso de drogas. Geralmente, a autoestima desses jovens é baixa e a falta de cuidados pessoais, incluindo a higiene bucal, vem associada. Nesse contexto, a Cirurgiã-Dentista e membro da Câmara Técnica de Ortodontia do Conselho Regional de Odontologia de São Paulo (CROSP), Dra. Miriam Abdo de Camargo Pinheiro, destaca que o papel do Cirurgião-Dentista é importante no sentido de reconhecer e alertar o jovem sobre as implicações que esses hábitos podem trazer à sua cavidade oral:

Maconha: a mais comum entre os adolescentes, provoca a xerostomia (baixa produção de saliva – boca seca), que facilita a predisposição à cárie e às infecções por fungos “sapinho” (cândida albicans). Além disso, os jovens costumam relatar que, após o uso da maconha, quando já está passando seu efeito, é comum ter uma fome exacerbada (a famosa “larica”), que geralmente traz o anseio por alimentos ricos em carboidratos. Associada à falta da salivação adequada e à falta de higienização adequada, é uma porta aberta e facilitadora para o aparecimento da cárie, gengivite e demais doenças oportunistas.

Cocaína: a sua inalação pode provocar a necrose do assoalho respiratório, que faz comunicação com o teto da cavidade oral. Outra forma de utilização da cocaína é o esfregaço da mesma na gengiva para potencializar o efeito e a rapidez de absorção da droga, o que pode provocar a irritação da mucosa bucal, podendo levar à necrose dos tecidos gengivais, assim como o desgaste das superfícies dentárias friccionadas com a droga.

Crack: a utilização do crack leva à ocorrência de lábios secos e queimados, necrose da gengiva e da mucosa oral, grande retração gengival e necrose óssea, aparecimento de cáries severas que podem evoluir para tratamentos de canal, e até a perda dos dentes, em um total abandono de si.

 

Cirurgião-Dentista precisa alertar jovens sobre os riscos do uso de piercings na boca

Outra forma de expressão utilizada pelos adolescentes é a colocação de piercings dentro da cavidade oral ou nos lábios. Neste contexto, segundo a Cirurgiã-Dentista e membro da Câmara Técnica de Ortodontia do Conselho Regional de Odontologia de São Paulo (CROSP), Dra. Miriam Abdo de Camargo Pinheiro, o Cirurgião-Dentista também deve informar sobre as implicações importantes que poderão ocorrer caso a pessoa opte pela utilização do adorno. Entre elas, as mais comuns são a retração gengival; o acúmulo de biofilme (placa bacteriana) e a formação de cálculo salivar ao redor do piercing, com a possibilidade de contaminação por fungos.

Pode ocorrer ainda a fratura de dentes devido ao contato com o piercing; o aumento da salivação, possibilitando o aparecimento da queilite angular (boqueira); a língua bífida - o piercing lingual pode rasgar o órgão e levar ao Carcinoma Bucal (câncer), devido ao atrito constante do piercing com a mucosa bucal.

Dra, Miriam considera desafiador, mas extremamente importante, o papel do Cirurgião-Dentista junto aos adolescentes, uma vez que o paciente jovem pode encontrar no profissional alguém que o acolha e oriente nessa fase de grandes descobertas, dúvidas e incertezas. “O Ortodontista pode se tornar um orientador, um profissional com quem ele tira dúvidas e até direciona para tratamentos multidisciplinares que atenda às suas demandas para vida. Trata-se de um olhar carinhoso, muito além dos dentes”, finaliza a profissional. 



Conselho Regional de Odontologia de São Paulo - CROSP
www.crosp.org.br

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