4 em cada 10 adultos têm o nível de colesterol alto, o equivalente a quase 19 milhões de brasileiros
08 de agosto é o Dia Nacional de Combate ao Colesterol, data
criada para a conscientização e prevenção de doenças cardiovasculares. De
acordo com o Ministério da Saúde, 4 em cada 10 adultos têm o nível de
colesterol alto, o equivalente a quase 19 milhões de brasileiros que correm o
risco de ter algum problema agudo a qualquer momento.
Em pesquisa realizada pela Sociedade Brasileira de Cardiologia,
foi comprovado que, no Brasil, as pessoas desconhecem sua própria taxa de
colesterol: 67% dos entrevistados assumiram não ter essa resposta.
O colesterol alto é um dos principais fatores de risco para
doenças cardiovasculares. Segundo a Sociedade Brasileira de Cardiologia, de
janeiro até o início de agosto deste ano já foram registradas quase 240 mil
mortes em decorrência de alguma doença relacionada ao sistema cardiovascular.
Qual a função do colesterol
Segundo a endocrinologista Claudia Chang, doutora e pós-doutora
em endocrinologia e metabologia pela USP e membro da Sociedade Brasileira de
Endocrinologia e Metabologia (SBEM), o colesterol é o componente estrutural das
membranas celulares do nosso corpo e está presente em vários órgãos, como
cérebro e coração, sendo transportado pelo sangue por meio das lipoproteínas.
Existem vários subtipos de colesterol. O LDL (lipoproteína de
baixa densidade, conhecido como mau colesterol) é depositado nas paredes das
artérias, levando ao processo de aterogênese (formação de placas).
Já o tipo HDL (lipoproteína de alta densidade, conhecido como bom
colesterol), apresenta fator protetor, tendo uma correlação indireta com as
doenças cardiovasculares (quanto maior seu nível, menor o risco).
“Cerca de 70% do colesterol é sintetizado pelo organismo,
enquanto 30% é proveniente da alimentação. Com isso, muitas vezes, mesmo
indivíduos que têm uma alimentação balanceada, podem ter níveis elevados de
colesterol por questões genéticas”, afirma Claudia Chang.
Quando o colesterol se torna uma ameaça à saúde?
Um dos perigos do colesterol alto está relacionado a doenças
cardiovasculares, como a hipercolesterolemia (aumento da concentração de
colesterol no sangue), que aumenta o risco de aterosclerose, causada pelo
excesso de gordura na corrente sanguínea, e, consequentemente, doenças nas
artérias coronárias.
De acordo com a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), cerca
de 61,5% das pessoas possuem hipercolesterolemia no Brasil, sendo um importante
alerta para a importância da prevenção e do diagnóstico precoce das doenças
cardiovasculares.
Saiba usar a gordura como aliada da saúde
Há diversos fatores que promovem o colesterol alto. Alguns são
modificáveis, pois estão relacionados ao estilo de vida pessoal, como dieta
inadequada, obesidade e sedentarismo. Outros, são inerentes e imodificáveis,
como o fator genético. Atitudes simples auxiliam na prevenção do aumento do
colesterol, assim como na redução, a começar pela adoção de atividade física
regular e manter o bom senso na alimentação.
Segundo Claudia Chang, há três grupos de gorduras que consumimos
no cotidiano: insaturadas, saturadas e trans:
Gorduras insaturadas
Estas são as mais saudáveis, pois atuam na redução do colesterol
ruim (LDL), são ricas em ácidos graxos essenciais (ômega-3 e ômega-6), possuem
ação anti-inflamatória, combatendo inflamações causadas por agentes externos
(como vírus e bactérias) e causadas por maus hábitos de vida. “Por isso, essa
gordura é conhecida como aliada do sistema imunológico”.
São obtidas principalmente em alimentos de origem vegetal e em
alguns peixes. Exemplos: azeitonas, as oleaginosas (castanha-do-pará, amêndoas,
macadâmia, nozes, castanha de caju), sementes de linhaça, chia, coco, abacate,
sardinha, salmão, atum e nos óleos vegetais (soja, canola, azeite).
Gorduras saturadas
Estas são encontradas em alimentos de origem animal. Apesar de
serem essenciais na produção de hormônios, elas se depositam nos vasos
sanguíneos, formando placas, aumentando os níveis de colesterol ruim (LDL) e os
riscos de doenças cardiovasculares. Por isso, seu consumo deve ser moderado.
Estão presentes em todos os tipos de carnes, mas com maior
concentração nas vermelhas e na pele de aves. Também se encontram em alimentos
como bacon, creme de leite, ovos, queijo, manteiga e iogurte.
Gorduras trans
Os alimentos com gorduras trans são os mais prejudiciais. Por
serem industrializados, passam por técnicas e processamentos químicos com alta
quantidade de sódio, açúcar, gorduras hidrogenadas, corantes, conservantes e
outras substâncias que realçam o sabor e os tornam mais atrativos ao paladar.
“No entanto, o prazer de consumi-los tem um preço alto: são
alimentos pobres em nutrientes essenciais como vitaminas, sais minerais, água e
fibras, além de aumentarem os níveis de colesterol ruim (LDL) e desenvolverem
hipertensão arterial, doenças cardíacas, entre outras condições”, alerta
Claudia Chang.
Na lista, estão incluídos enlatados, embutidos, congelados,
sorvetes, preparações instantâneas, refrigerantes, salgadinhos, frituras,
doces, gelatinas industrializadas, refrescos em pó, temperos prontos,
margarinas, iogurtes industrializados, bolachas recheadas, achocolatados, entre
outros.
“Vale lembrar que, pelo fato de não manifestar sintomas, o
colesterol alto só pode ser identificado por meio de exames de sangue, que
mostram os níveis do HDL, LDL e triglicérides. Por isso, é fundamental realizar
check-ups anualmente a partir dos 30 anos, ou, dependendo do histórico familiar
e de doenças pré-existentes, fazer estas avaliações a cada seis meses”,
finaliza Claudia Chang.
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