De acordo com
levantamento do Sebrae feito com base nos dados da PNADC, do IBGE, as mulheres
negras à frente de um negócio são ainda mais prejudicadas, com uma renda média
39% inferior ao de um homem branco
Os negros donos de negócios têm um rendimento médio
32% inferior ao verificado aos brancos, além de serem menos escolarizados e
mais jovens. Esses dados foram revelados por um estudo feito pelo Sebrae a
partir de dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADC)
do IBGE, relativa ao segundo trimestre de 2022.
O estudo mostra que a pandemia atingiu todos os
perfis de empreendedores, mas essa queda foi mais forte entre negros e, em
especial, entre as mulheres negras. O número de empreendedores homens brancos
em atividade chegou a cair 4%, já no segundo trimestre de 2020, frente ao
primeiro trimestre daquele ano. Já entre os homens negros em atividade, essa
queda foi de 13%. E entre as mulheres negras em atividade, a queda chegou a ser
de 16%. A recuperação também se deu de maneira mais lenta entre empreendedores
negros e negras. O estudo mostra ainda que no segundo trimestre de 2022, todos
os segmentos já superavam o período pré pandemia, embora a recuperação tenha
sido mais forte entre os brancos.
Com relação ao rendimento médio, aconteceu
movimento semelhante. Enquanto no último mês de junho os empresários brancos do
sexo masculino tinham uma renda média de R$ 3.231, as mulheres negras donas de
negócios indicavam um rendimento médio de R$ 1.852 (39% abaixo do rendimento de
um homem branco).
Segundo a análise, dentro de um universo de 29,9
milhões de empresários existentes no país, pouco mais da metade (52%) se
intitulam como negros e negras. O IBGE contabiliza na pesquisa os
empreendedores que possuem empregados ou que atuam sozinhos no negócio, sejam
eles formais ou não. Os homens negros donos de negócio são os que apresentam o
menor nível de escolaridade (só 11% possuem superior). Na situação
diametralmente oposta, as mulheres brancas à frente de um negócio são as que
têm maior nível de escolaridade (40% possuem superior).
Ainda de acordo com a pesquisa do Sebrae, os negros
são proporcionalmente mais jovens (32% têm até 34 anos, contra 29% no caso dos
empresários brancos) e têm empresas de menor porte. Enquanto a maioria (82%)
dos empresários negros têm de 1 a 5 empregados, entre os brancos, 32% têm 6 ou
mais empregados. Essa desvantagem é notada também quanto à contribuição dos
empreendedores à Previdência. Na média geral, os donos de negócio brancos (as)
são os que mais contribuem com a Previdência (48%), contra a minoria dos
negros (as), em que apenas 27% pagam as contribuições.
Para o presidente do Sebrae, Carlos Melles, essa
desigualdade entre brancos e negros é a comprovação da existência de problemas
estruturais que ainda mantém abismos sociais no país. “A disparidade de
rendimento, a dificuldade de acesso ao ensino superior e a outras políticas
públicas por parte de mulheres e homens negros são sintomas de um racismo
estrutural que precisa ser encarado como prioridade no país”, comenta.
“Precisamos continuar apoiando iniciativas que contribuam para a redução dessas
diferenças. Conquistas importantes aconteceram nas últimas décadas, mas ainda
há muito que avançar”, acrescenta o presidente do Sebrae.
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