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quinta-feira, 16 de fevereiro de 2023

Menstruação em idade escolar: desconfortos ainda são tabu para adolescentes e jovens

Estudantes sentem vergonha e perdem a produtividade na escola e na universidade; é importante conscientizar jovens sobre o tema

 

As dores ligadas ao período menstrual têm uma estreita relação com a perda de produtividade das mulheres. O tema vem à conta com o retorno das aulas, pois jovens em idade escolar ou universitária costumam ter receio em expor os sintomas a professores e coordenadores, o que traz duas sérias consequências: sofrimento e perda de produtividade. Estima-se que sintomas menstruais sejam responsáveis por quase nove dias de produtividade perdida no ano, seja no trabalho ou nos estudos. 

Uma pesquisa feita pela Unicef em 2020 revelou que 95% das meninas e adolescentes em idade escolar sentem incômodo no colégio durante o período menstrual. A pesquisa mostra como esse período natural da vida da mulher se torna algo complicado pela falta de informação, compreensão e estrutura adequada às suas necessidades. Para muitas, a vergonha dos colegas e o tabu sobre o tema são imperativos. Cerca de 35% revelam faltar às aulas no período, por consequência das cólicas e temor que os outros notem.

Outra parcela acaba frequentando aulas com dores ou, quando se ausentam, não explicitam o real motivo. “É necessário aumentar a discussão e a conscientização sobre o impacto dos sintomas menstruais no trabalho e nas escolas e as organizações devem estar abertas a isso. Para as mulheres, ainda é desconfortável falar sobre o tema. Trata-se de saúde e precisamos tornar essa discussão mais humanizada”, defende Patrick Belellis, ginecologista especialista em endometriose.

 

Busca por tratamento

O fato de as mulheres se sentirem obrigadas a estarem presentes, mesmo sofrendo com as dores, contribui mais com a falta de produtividade do que a ausência delas, ao contrário do que possa parecer.

“Ter que estar presente e não abordar seus desconfortos no trabalho, escola ou universidade, também desencoraja a busca por ajuda na investigação destas dores, que podem ser consequência de problemas mais complexos, como a endometriose, por exemplo. O acompanhamento médico é fundamental para que a mulher tenha acesso ao tratamento necessário, o que pode devolver sua qualidade de vida”, acrescenta o médico.

Embora dor ou desconforto leves possam ser vistos como parte de um ciclo menstrual normal, se ocorrerem de forma mais aguda, afetando atividades cotidianas, é importante buscar ajuda médica. 

“Quanto antes a mulher, em idade adulta ou adolescente, procurar um diagnóstico, mais rápido poderá ter uma rotina mais confortável. A dor moderada a grave, por si só, não significa necessariamente que ela tenha endometriose, mas é provável que algo possa ser feito para reduzir o impacto dessas dores sobre a sua rotina”, alerta Belellis.

 

PATRICK BELLELIS --GINECOLOGISTA. Tem ampla experiência na área de Cirurgia Ginecológica Minimamente Invasiva, atuando principalmente nos seguintes temas: endometriose, mioma, patologias intrauterinas e infertilidade. É graduado em Medicina pela Faculdade de Medicina do ABC. Possui título de Especialista em Ginecologia e Obstetrícia, Laparoscopia e Histeroscopia pela Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia -- FEBRASGO. Doutorado em Ciências Médicas pela Universidade de São Paulo, USP, Brasil. Especialização em Endoscopia Ginecológica e Endometriose pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Faz parte da diretoria da SBE (Associação Brasileira de Endometriose e Ginecologia Minimamente Invasiva) desde a sua fundação. Médico Assistente do Setor de Endometriose do Departamento de Obstetrícia e Ginecologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo desde 2010. Professor do Curso de Especialização em Cirurgia Ginecológica Minimamente Invasiva -- Pós- Graduação Latu Senso, do Instituto de Ensino e Pesquisa do Hospital.

 

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