Estudantes sentem vergonha e perdem a
produtividade na escola e na universidade; é importante conscientizar jovens
sobre o tema
As dores ligadas ao período menstrual têm uma estreita relação com a perda de produtividade das mulheres. O tema vem à conta com o retorno das aulas, pois jovens em idade escolar ou universitária costumam ter receio em expor os sintomas a professores e coordenadores, o que traz duas sérias consequências: sofrimento e perda de produtividade. Estima-se que sintomas menstruais sejam responsáveis por quase nove dias de produtividade perdida no ano, seja no trabalho ou nos estudos.
Uma pesquisa feita pela Unicef em 2020 revelou que 95% das meninas e adolescentes em idade escolar sentem incômodo no colégio durante o período menstrual. A pesquisa mostra como esse período natural da vida da mulher se torna algo complicado pela falta de informação, compreensão e estrutura adequada às suas necessidades. Para muitas, a vergonha dos colegas e o tabu sobre o tema são imperativos. Cerca de 35% revelam faltar às aulas no período, por consequência das cólicas e temor que os outros notem.
Outra parcela acaba frequentando aulas com dores ou,
quando se ausentam, não explicitam o real motivo. “É necessário aumentar a
discussão e a conscientização sobre o impacto dos sintomas menstruais no
trabalho e nas escolas e as organizações devem estar abertas a isso. Para as
mulheres, ainda é desconfortável falar sobre o tema. Trata-se de saúde e
precisamos tornar essa discussão mais humanizada”, defende Patrick Belellis,
ginecologista especialista em endometriose.
Busca por tratamento
O fato de as mulheres se sentirem obrigadas a estarem presentes, mesmo sofrendo com as dores, contribui mais com a falta de produtividade do que a ausência delas, ao contrário do que possa parecer.
“Ter que estar presente e não abordar seus
desconfortos no trabalho, escola ou universidade, também desencoraja a busca
por ajuda na investigação destas dores, que podem ser consequência de problemas
mais complexos, como a endometriose, por exemplo. O acompanhamento médico é
fundamental para que a mulher tenha acesso ao tratamento necessário, o que pode
devolver sua qualidade de vida”, acrescenta o médico.
Embora dor ou desconforto leves possam ser vistos como parte de um ciclo menstrual normal, se ocorrerem de forma mais aguda, afetando atividades cotidianas, é importante buscar ajuda médica.
“Quanto antes a mulher, em idade adulta ou adolescente, procurar
um diagnóstico, mais rápido poderá ter uma rotina mais confortável. A dor
moderada a grave, por si só, não significa necessariamente que ela tenha
endometriose, mas é provável que algo possa ser feito para reduzir o impacto
dessas dores sobre a sua rotina”, alerta Belellis.
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