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sexta-feira, 3 de fevereiro de 2023

Dia do Dermatologista

Como diria o poeta Paul Valéry, o que existe de mais profundo no homem é a pele 

A pele, maior órgão do corpo humano, igualmente maior para a subjetividade e, por que não, para a comunicação, é nossa interface com o mundo. Basta uma pequena alteração na pele e lá se foi nossa autoestima. Das preocupações históricas do contágio, quando sempre se “pegava” a doença de pele, à saúde da beleza, encontramos mais de três mil manifestações e sinais cutâneos, além do crescente e preocupante número de câncer da pele. Do evolucionismo ao próprio envelhecimento, destacamos a cor da pele, que já mudou o mundo, com terríveis considerações sociais. Tudo passa pela pele. E hoje, mais do que sempre, a nossa felicidade. 

Uma interessante expressão francesa, bien dans sa peau, ilustra essa situação, principalmente quando utilizada no negativo da primeira pessoa, je ne suis pas bien dans ma peau. Essa sensação de não estar bem, dentro da sua pele, significa, simplesmente, não estar nada bem. Traduz um estado de infelicidade. Conseguiríamos a felicidade pele-independente? Por outro lado -- feliz --, a sabedoria popular produz pérolas, que cientificamente ficam, não entre conchas, mas sim entre aspas, repletas de valor. O amor, uma “questão” de pele. A aceitação, outra “questão de pele”. A “química” do tato. O “beijo” do toque. Enfim, sensações e percepções de bem-estar “à flor da pele”. 

Em 1964, Lyndon Johnson, então presidente dos Estados Unidos, empregou pela primeira vez o termo qualidade de vida. Desde então, o termo se tornou obrigatório em diversas áreas do conhecimento. Na Medicina, consideramos não somente a eficácia e a segurança de um tratamento, mas também a terceira dimensão, seu funcionamento social. Assim, a Organização Mundial de Saúde (OMS) definiu e mediu a qualidade de vida no impacto do nosso estado de saúde, do nosso viver. Em seguida, Andrew Finlay, professor de Dermatologia na Inglaterra, elaborou o primeiro questionário a avaliar a qualidade de vida em pacientes com problemas de pele. Trata-se do DLQI (Índice de Qualidade de Vida em Dermatologia). Quando empregamos este questionário nos pacientes, estamos avaliando, através da pele, o grau do impacto negativo daquela desordem cutânea na qualidade de vida desses pacientes. Estudos mostraram que alterações na pele são comparáveis a graves doenças sistêmicas quando falamos na falta de felicidade. E não estamos sequer falando em beleza. 

Em 05 de fevereiro celebramos a data do médico com essa especialidade: a pele. Que privilégio ser um dermatologista! Somos aproximadamente dez mil no Brasil, ajudando a embelezar e salvar a pele deste país maravilhoso, com muita alegria. 


Comemoro, reverenciando a pele. Viva o dia do dermatologista!

E quando me perguntam: você trabalha com quê?

Trabalho com sinais.

Sinais e sintomas.

Sintomas, aqueles pastores no sentir.

Sinais, as pegadas a seguir.

Trabalhos com palavras também.

Muitas palavras. Algumas até enrugadas. 

Sou médico na pele.

 

 Lincoln Fabricio - Médico dermatologista e professor da Faculdade Evangélica Mackenzie do Paraná (FEMPAR)


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