Atualmente, 70% das fraudes cibernéticas no
Brasil ocorrem com o uso dessa ferramenta de transação eletrônica. A advogada
explica que em algumas situações é possível reaver o dinheiro
Uma
ferramenta eletrônica de pagamento instantâneo que caiu no gosto popular, o Pix
já acumula mais 143 milhões de usuários, 564 milhões de chaves cadastradas e
uma movimentação financeira de 10,9 trilhões de reais registrada somente no ano
de 2022, de acordo com informações do Banco Central.
Mas
junto com essa popularização do Pix, tem crescido também o número de golpes em
ambientes virtuais utilizando essa ferramenta. Estima-se que 70% dos crimes
virtuais estão ligados ao uso Pix.
De
acordo com a advogada Ana Luiza Fernandes, do Escritório Celso Cândido de
Souza, são vários os tipos de fraudes virtuais que envolvem o Pix, uma das mais
conhecidas é a clonagem do WhatsApp, por meio do qual os criminosos têm acesso
aos contatos do usuário de um telefone celular e, se passando pelo dono do
número, pedem transferências, alegando alguma emergência qualquer, ou até mesmo
enviam falsos boletos de cobrança.
Mas
Ana Luiza explica que em muitas situações é possível ter o reembolso do
prejuízo, principalmente quando for comprovado que houve alguma falha na
prestação de serviço da instituição financeira. “A vítima deve entrar em
contato com o banco, lavrar um boletim de ocorrência e procurar um advogado
especialista no caso. Com isso, é feito o levantamento de toda a
documentação que se tem disponível para identificar quem é o golpista e se
houve falha do banco, para em seguida, propor uma ação judicial ",
explica.
Para
evitar os transtornos que os golpes como esse podem causar, a advogada dá
algumas dicas. “É importante que a pessoa nunca informe seus dados bancários e
pessoais por telefone. Quem trabalha em comércio, deve checar sempre se o valor
da transferência realmente caiu na conta indicada pela chave. Desconfie sempre
de conversas que solicitam informações pessoais ou pedidos de dinheiro por
mensagens. Se for um parente próximo, ligue você mesmo para ele e certifique-se
desse pedido”, orienta a advogada.
A
seguir, Ana Luiza detalha os golpes envolvendo o uso do Pix mais usados pelos
criminosos cibernéticos.
WhatsApp clonado
Esse
golpe é um dos mais frequentes e ocorre quando o criminoso tem acesso ao código
que possibilita o cadastro de um número celular em outro aparelho. Com isso,
ele tem acesso a dados pessoais e a lista de contatos da pessoa. Nesse caso são
vítimas, tanto o titular da linha de celular, quanto as pessoas cujos os nomes
estão cadastrados na agenda do WhatsApp e que por ventura tenham sido
ludibriados pelo golpista.
Uma
das táticas mais utilizadas pelos criminosos é a de contactar os parentes mais
próximos que estão na lista de contatos. Eles se passam pelo dono do número e
alegam uma emergência qualquer e pedem um empréstimo para resolver tal
problema. A advogada Ana Luiza explica que muitas pessoas acabam nem percebendo
que se trata de um golpe. “Os golpistas usam o mesmo nome e a foto de perfil da
vítima e inventam uma história que fica difícil das pessoas não caírem”,
explica. Outra tática bastante usada pelos bandidos é a de oferecer para as
pessoas que estão na lista de contato objetos para venda, como roupas e móveis
usados.
A
advogada Ana Luiza Fernandes orienta a nunca fazer transferências, sem antes
confirmar a identidade de quem está pedindo o valor em Pix. “Ligue sempre.
Entre em contato pessoalmente com esse amigo ou familiar, pode ser por ligação
telefônica ou até mesmo por videoconferência”, sugere.
Pix agendado
Outra
prática comum por parte dos estelionatários é o golpe do “Pix
Agendado”. É quando os golpistas se passam por funcionários de
bancos e pedem a confirmação de seus dados bancários. Com isso, eles solicitam
que a vítima entre no serviço de internet banking de seu banco e apertem
a opção “Pix Agendado”. No telefone da vítima, vai aparecer que a
operação foi cancelada, mas neste momento os golpistas já realizaram transações
bancárias.
A
especialista lembra que os bancários não entram em contato com os seus clientes
pedindo a realização de nenhuma transação. “Em regra, os bancos não entram em
contato com o cliente via WhatsApp e não pedem nenhuma operação, muito menos
transferência PIX. Caso isso aconteça, o ideal é que a pessoa acesse o
aplicativo, entre em contato com o canal oficial do banco e informe o
ocorrido”, diz a advogada.
Pix Errado
Uma
prática aplicada é o chamado “ Pix errado” é outro tipo de golpe bem comum nos
ambientes virtuais e ocorre quando os criminosos enviam um comprovante de
recebimento falso para a vítima. Quando a pessoa questiona a procedência da
transferência, eles afirmam que o dinheiro foi transferido errado e pedem a
devolução. Num ato de boa fé, a vítima faz a transferência achando que está
devolvendo um determinado valor, mas na verdade está levando é um prejuízo.
Ana
Luiza, explica que golpes como esse ocorrem com frequência porque os estelionatários
se aproveitam da boa fé da grande maioria das pessoas. "Muitas vezes esses
criminosos usam de uma boa conversa para tirar proveito da inocência das
pessoas”.
“Urubu do Pix”
Esse
é outro golpe frequente e que já virou até meme nas redes sociais. Ele conta
com o que chamamos de técnicas de engenharia social, para fazer com que você
haja por impulso e faça uma transferência, mesmo que de valor pequeno. O
golpista encaminha, por e-mail ou WhatsApp, uma suposta proposta irrecusável
para ganhar dinheiro fácil, com pequenos valores que podem dobrar ou serem
multiplicados em até dez vezes. Um exemplo: você deposita um PIX de R$ 20,00 e
pode receber R$ 40,00, ou transfere R$10 e pode, supostamente, receber um
prêmio de R$100.
A especialista explica que os estelionatários manipulam as vítimas com essas propostas tentadoras. “ A vítima normalmente é uma pessoa de baixa instrução e está necessitada. Então acredita que na promessa do dinheiro fácil. O ideal é nunca acreditar em promessas vantajosas sem antes verificar a veracidade dos fatos. Já diz o ditado, quando a esmola é muita, o santo desconfia”, lembra a advogada.
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