Gerente Executivo da ABRACRO fala sobre a importância de voluntários nos processos
Ano após ano, os profissionais da área da saúde e inovação se empenham em desenvolver novos medicamentos capazes de curar doenças e melhorar a condição de vida da população. Depois de um período de pandemia, ficou ainda mais evidente a importância de fazer investimentos na área da saúde, para garantir a criação de novos remédios, tratamentos e vacinas para diferentes tipos de comorbidades. Tanto que foi justamente durante esse período, em 2020, que a indústria farmacêutica registrou crescimento de 26%, em comparação com 2018, atingindo a marca de R$129 bilhões no faturamento no Brasil.
Para produzir um medicamento novo ou até mesmo uma
nova vacina, é necessário realizar diferentes etapas até chegar ao estágio
final. Uma dessas etapas que desperta bastante curiosidade e é essencial na
hora de garantir que o estudo seja concluído com sucesso são as Pesquisas
Clínicas. Elas são feitas com pessoas voluntárias, que recebem
tratamentos experimentais para conseguir avaliar e observar as reações e os
efeitos que elas causam nos humanos.
“Os estudos clínicos são
fundamentais para garantir que um determinado medicamento, tratamento ou vacina
sejam seguros e eficazes para o uso em seres humanos. O objetivo é encontrar
alternativas terapêuticas para diversas doenças”, afirma Fernando de Rezende Francisco, Gerente Executivo da Associação
Brasileira de Organizações Representativas de Pesquisa Clínica.
O processo de seleção desses voluntários depende
justamente do objetivo das pesquisas. No caso de um novo tratamento para uma
determinada doença, são selecionadas pessoas que já têm um quadro clínico
diagnosticado, e podem ser recrutadas nas clínicas onde elas já realizam
tratamentos. ““Já quando as pesquisas são feitas com pessoas sadias com o objetivo de
testar uma nova vacina, por exemplo, os estudos são realizados com pessoas que
não estão em hospitais. Importante informar que o médico pesquisador pode fazer
anúncios em diferentes meios, como escola, site, empresas e redes sociais, por
exemplo, desde que aprovado pelo Comitê de Ética”, ressalta Rezende.
Existem critérios para participar das pesquisas e
os voluntários passam por um processo de seleção para garantir que cada um
deles esteja apto a participar dos estudos. Além disso, no período de
preparação para a testagem em pessoas, os voluntários
são informados sobre todos os objetivos e procedimentos da pesquisa. Apenas
após o esclarecimento de todas as dúvidas e o aceite em participar é que os
estudos começam.
“Um ponto importante que
precisa ser mencionado é que o voluntário não precisa permanecer até o final da
pesquisa clínica, ele pode desistir a qualquer momento ou quando o médico achar
que não é mais necessário seguir com a pesquisa. Não é o ideal, mas caso o
voluntário não perceba mais valor na participação daquele ensaio, ele não é
obrigado a ficar”, pontua Rezende.
Outra dúvida recorrente quando o assunto são as pesquisas
clínicas é se o voluntário é remunerado para participar das
pesquisas. No Brasil, é proibido remunerar os participantes dos estudos
clínicos, para evitar que o voluntário pense em sua participação apenas como
uma forma de ganhar dinheiro ou trabalho, destoando do objetivo principal do
projeto. Em alguns países, como nos Estados Unidos, os voluntários podem ser
remunerados.
Porém, é garantido por lei no Brasil que os participantes sejam reembolsados pelos gastos que tiverem com transporte e alimentação. “É importante que o voluntário tenha consciência de que ele está colaborando com algo maior, como descobrir curas e salvar vidas. Além disso, ele vai ter acesso a tratamentos que ainda não estão disponíveis”, finaliza o executivo da ABRACRO.
ABRACRO - Associação Brasileira de Organizações Representativas de Pesquisa Clínica é responsável pela grande mudança na reputação dessa área tão importante para a saúde no Brasil. Há 17 anos, ela representa as ORPCs (Organizações Representativas de Pesquisa Clínica) e contribui para a melhoria dos processos e atividades do setor. Hoje, são fonte para os órgãos reguladores do setor que, pela rigidez dos processos e questões éticas, muitas vezes a consulta antes da publicação de uma nova norma. A ABRACRO também realiza eventos e workshops para aproximar o paciente e o público leigo dos profissionais da área.
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