O Brasil é o segundo país no mundo em número de casos de hanseníase, com 28.660 casos, atrás apenas da Índia (120.334 casos), de acordo com dados da OMS (Organização Mundial de Saúde), de 2019. Anualmente são detectados cerca de 200 mil novos casos de hanseníase no mundo. De acordo com o boletim epidemiológico enviado à OMS, somente em 2021 o Brasil diagnosticou 15.155 casos novos de hanseníase.
Para chamar atenção sobre a doença foi instituído o Janeiro Roxo, com o Dia Mundial de Combate e Prevenção da Hanseníase lembrado no último domingo de janeiro, que este ano será dia 29/1/2023.
Mas, você conhece a doença? Sabe como ela é transmitida, quais os sintomas e tratamentos?
Quem nos ajuda a
esclarecer mais sobre a hanseníase é a Dra. Roberta Pernambuco, reumatologista
membro da Sociedade
Paulista de Reumatologia.
1 - O que
causa a hanseníase?
A hanseníase é uma
doença causada por uma bactéria! Sim, isto mesmo! Uma bactéria chamada
Micobacterium leprae. É a doença infecciosa mais antiga que conhecemos, mas o
M. leprae só foi descoberto em 1873.
2 - Como se
pega hanseníase?
O contágio ocorre
através de um contato próximo, íntimo e prolongado, com a pessoa infectada,
portanto, muito frequentemente os doentes são encontrados nas mesmas famílias,
e é provável que a transmissão tenha ocorrido pelas vias aéreas.
3 - Quais os
principais sintomas?
A hanseníase é uma
doença que acomete principalmente a pele e os nervos. Os doentes geralmente
apresentam manchas na pele de diversos tipos: avermelhadas, marrons,
esbranquiçadas, além de manchas que faltam sensibilidade, e também alterações
táteis, geralmente não há sensibilidade para dor no local. Podem aparecer
caroços no corpo, dolorosos e inflamados. Dores articulares, inchaço nas mãos e
pés. Nos olhos, queixas de ressecamento ocular são frequentes. Os sintomas
neurais, como sensação de “formigamento” em braços e pernas devem ser sempre
investigados!
4 - Existem
sintomas que não aparecem na pele?
Sim! Como o M.
leprae se replica muito lentamente, por anos, as lesões cutâneas podem passar
despercebidas e outros sintomas são fatores de confusão para muitos clínicos
como: dores articulares, edema e formigamento nas pernas, alterações
oftalmológicas. Existe ainda uma forma de hanseníase que acomete apenas os
nervos (chamamos de tipo neural pura).
5 - Ela pode
ser confundida com artrite ou outra doença reumática?
Pode, e não é raro
ocorrer! Pode ser confundida com Artrite Reumatoide, Lúpus Eritematoso
Sistêmico, Vasculites, Fibromialgia e Síndrome de Sjögren, entre outras.
6 - Como é
feito o tratamento?
O tratamento é
feito através de uma combinação de medicamentos antimicrobiano que, dependendo
da classificação da Moléstia de Hansen (pauci ou multibacilar), poderá
estender-se por 6 a 12 meses.
Mas, assim que se
inicia o tratamento, com as primeiras doses, o paciente deixa de ser
transmissor da doença.
7 - Tem cura?
Sim, hanseníase
tem cura. O diagnóstico precoce é muito importante para que o paciente possa se
curar sem sequelas.
Na dúvida, a
Sociedade Paulista de Reumatologia sempre recomenda a consulta com um
especialista.
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