Unir diferentes faixas etárias em um mesmo setor com o objetivo de criar ambientes organizacionais cada vez mais inclusivos, é um dos desafios das empresas atualmente
Créditos: Envato
Gestores devem dar
atenção especial à capacidade de adaptação e flexibilidade para vencerem
desafios trazidos por essa combinação geracional
É preciso saber conviver e acolher a diversidade em
todas as esferas da vida. Essa ideia já é valorizada por todos aqueles que
conseguem enxergar que contextos ricos em diversidade de pensamentos, origem
geográfica, formação acadêmica, idade, gênero ou raça tornam as relações
humanas mais interessantes e saudáveis. No mundo corporativo, empresas avançam
para cultivar em seus ambientes de trabalho essa mesma diversidade, mas ainda
precisam lidar com os desafios para construir e preservar equipes com perfis
diferentes, principalmente quando se trata de variedade de gerações.
Dentro de muitas organizações já se considera a
importância de uma governança multigeracional, em que seja possível equilibrar
perfis jovens com outros mais experientes. Para a gerente de Desenvolvimento
Organizacional do Grupo Marista, Lucia Lima Pinto Coelho, as vantagens dessa
combinação são percebidas no dia a dia, na vivência e na troca entre pessoas
com diferentes histórias, experiências e percepções de mundo que tornam o
ambiente mais rico, mais completo e mais inovador. "Sem mencionar a
vantagem competitiva destacada por vários estudos e especialistas que apontam
para o diferencial criativo e de resultado que uma empresa é capaz de gerar
quando esta é composta de maneira diversa", destaca.
Para fazer dar certo, de acordo com Lucia, os
gestores devem aprender a reconhecer as diferenças representadas em suas
equipes e não cair na tentação de assumir posicionamentos e atitudes iguais,
quando, na verdade, as necessidades são particulares. "Nossas políticas
internas buscam garantir o cumprimento de processos, direitos e benefícios,
mas, no dia a dia, a sensibilidade para atender as expectativas individuais
precisa ser uma competência da liderança. Um dos valores do nosso Grupo é a
Interculturalidade. É possível notar uma boa mescla dessa representatividade em
nossas diferentes frentes de atuação", explica.
Sob o ponto de vista dos colaboradores, quando essa
prática é bem-sucedida, todos saem ganhando. "Considero a troca de
experiências entre profissionais da minha idade com colegas mais jovens
extremamente saudável não só para a empresa, mas também para nós,
profissionais", afirma Geraldo Brandão, analista sênior da área de
auditoria interna de riscos e compliance do Grupo Marista. Aos 55
anos, Geraldo acredita que a mistura de gerações traz equilíbrio. "No meu
trabalho, que tem a ver com análise de riscos, isso é muito importante. Estou
ao lado de jovens mais conectados e que também têm o que oferecer, portanto,
essa complementação é muito boa", destaca.
Colega de setor de Geraldo e com apenas 24 anos, a
ouvidora Ingrid Isoppo da Silva completa que, quando surgem problemas ou
situações novas durante o trabalho, conversar com um colega que possui uma
bagagem profissional diferente da sua ajuda a encontrar caminhos que antes não
tinham sido notados. "No geral, como sou a mais nova da equipe, vejo todos
os meus colegas de mais idade como fonte de conhecimento, então, estou sempre
tentando absorver o máximo de informações que posso", completa Ingrid.
Adversidades também são
positivas
Mas é claro que há desafios nessa convivência.
Podem surgir embates entre pessoas de ideias e visões de mundo tão diferentes.
"Às vezes, podemos nos deparar com o famoso 'tenho experiência no assunto,
então estou certo' ou 'faço dessa forma há anos e não vou mudar'", comenta
a ouvidora. Quando se trata de administrar os conflitos, Geraldo também alerta.
"Para que as relações sejam saudáveis e as trocas produtivas, é
fundamental ter cuidado para evitar rótulos e estereótipos, porque isso pode
criar resistências e ruídos desnecessários. É preciso ter a mente aberta e
estar sempre disposto a ouvir e considerar o que vem do outro lado",
pontua.
Em relação aos conflitos, Lucia afirma que o maior
desafio para alcançar a inclusão na prática é a mudança de mentalidade. "O
nosso preconceito às vezes é velado, e está difuso no meio de práticas que
repetimos há anos, sem pararmos para avaliar se ainda faz sentido. Despertar
para a necessidade e para a beleza da inclusão é o primeiro passo para mudarmos
a cultura organizacional", explica.
Lucia conta que, atualmente, a organização busca
conhecer com mais profundidade os colaboradores, além de trabalhar para
sensibilizar e preparar melhor as lideranças para as práticas de inclusão. Um
dos pilares estruturantes deste trabalho é a atenção especial dedicada aos
projetos Jovem Aprendiz e 50+. "É necessário conhecer aqueles que
trabalham conosco para além do crachá. Penso que a palavra de ordem é
sensibilidade ao outro. Não partir do princípio de que aquilo que eu valorizo
ou que me motiva é o mesmo que motiva os demais. É preciso liderar a partir das
diferenças, dos diferentes níveis de prontidão daqueles que estão junto de
nós", completa.
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