Em um contexto de negócios com alta complexidade de desafios de mudança, ambiguidade de direção, incerteza de resultados e volatilidade de previsões, precisamos mais do que nunca exercer uma influência positiva em nossas organizações e sociedade. Precisamos de liderança, e uma liderança com foco em inovação e consciência é o eixo central para guiar o futuro de qualquer organização. A consciência é o que nos torna humanos, ela nos dá a compreensão do que está ocorrendo ao nosso redor, bem como a liberdade dos aspectos mais rígidos do pensamento linear. Dá-nos a intuição para navegar pelas possibilidades evolutivas e ficar longe das dualidades que causam dor, isolamento e destruição.
Por outro lado, a inovação instiga a evolução tecnológica e nos impulsiona a tomar uma ação, provocando a mudança e a transformação. A combinação destes dois aspectos orienta e influencia a liderança na busca por solução dos problemas complexos que enfrentamos na sociedade atualmente. Para que esse processo transcorra de forma mais espontânea, o primeiro passo é reconhecer o ponto de constância entre o lado humano e a ação - trata-se de um conjunto de atitudes e comportamentos que permitem que pessoas e organizações antevejam possibilidades.
Para que as organizações prosperem, elas devem ser capazes de criar e implementar uma estratégia de negócios que considere as principais alterações causadas por essas forças. Dizemos isso, porque este processo tem a ver diretamente com o quanto um líder pode se dispor em qualquer uma das dinâmicas fundamentais do ato de liderança e consequentemente, o quanto é incorporado e manifestado na tomada de decisões e na criação de valor. Para tal, é preciso que um bom gestor crie um mundo ao qual as pessoas queiram pertencer -- um ambiente no qual possam prosperar, mas também para o qual possam contribuir ativamente em sua melhora gradual.
Sendo assim, ser consciente é falar sobre como e para quem estamos gerando valor. Inclusão, diversidade, equidade, sustentabilidade, paz e prosperidade -- nada disso pode ser alcançado sem uma liderança consciente, pois é ela que é transformacional nos níveis individual e coletivo na cultura organizacional das empresas.
Nessa perspectiva capaz de impulsionar inovações mais conscientes, consideramos três metamodelos do pensamento integral de Ken Wilber, sendo eles:
Liderança de si: É adquirida através do autoconhecimento de si próprio, de suas características, valores, qualidades, imperfeições, sentimentos e maneiras que caracterizam o indivíduo. Além disso, perpassa a capacidade de autocuidado e auto desenvolvimento, levando em consideração características do seu perfil como líder e indivíduo.
Liderança nas relações: Passa desde a humanização da linguagem, associada a uma ação, projeto ou atitudes, com a consciência de se tratar a interação entre seres humanos únicos e complexos até a mentalidade digital, ligada à uma mudança de paradigma levando em conta a qualidade do uso de novas tecnologias.
Liderança sistêmica: Envolve a capacidade de enxergar e compreender o todo, reconhecendo as principais partes envolvidas, necessidades, situações e demandas complexas que formam as relações de interdependência dentro de um mesmo sistema. Ela se relaciona diretamente com o impacto sistêmico e com as iniciativas de co-inovação.
Esses pilares são fundamentais para a melhoria de performance e o sucesso das organizações, não apenas em indicadores financeiros, mas também em métricas ambientais, sociais, culturais, reputacionais, e de governança. ). Sob essa ótica podemos ter uma gestão focada em promover a evolução tecnológica, sem perder de vista o desenvolvimento humano, que age com visão sistêmica, reconhecendo e gerando valor entre as partes interessadas, equilibrando inovação e consciência para buscar soluções transformadoras para problemas complexos.
A liderança consciente é uma porta de entrada para moldar o futuro e é exatamente por isso que nossas empresas e o mundo em que vivemos hoje, precisam de líderes que possam expandir ainda mais esses valores. Conceitos passados voltados a uma gestão mais rígida - que visa dividir, julgar e impor - não servem mais para os padrões atuais.
Em suma, a busca desse objetivo é o que nos move, sempre na direção de uma construção, de um caminho que fomente a diversidade e que leve em conta a implementação de um cenário mais igualitário no que tange às oportunidades.
Marcela Toguti - Diretora Executiva do Instituto Anga, organização que tem como propósito reduzir as desigualdades, trabalhando prosperidade social, econômica e coletiva no Brasil por meio de projetos de desenvolvimento de liderança mais consciente.
Pedro Paro - CEO e fundador da Humanizadas, empresa de avaliação multistakeholder em ESG com uso de Inteligência de Dados que visa beneficiar pessoas, sociedade e planeta.
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