A ISO - Organização Internacional de Padronização, é uma instituição sem fins lucrativos, fundada em 1947, com o intuito de ajudar na reconstrução das empresas devastadas pela Segunda Guerra Mundial. Ancorada nos princípios da isonomia (que em grego significa igualdade), a organização possui atualmente mais de 22 mil normas técnicas, sendo 180 normas de sistema de gestão, sendo a ISO 56002, de gestão da inovação, uma das mais recentes.
Diferentemente de outras normas, essa se propõe a
ser um guia de boas práticas, um modelo de diretrizes e não de requisitos.
Resultado de 11 anos de estudos em um comitê internacional que reuniu mais de
60 países, a ISO 56002 oferece um modelo de governança para a inovação, criando
as bases para um bom sistema de gestão.
Baseada em oito pilares – abordagem por processos,
liderança com foco no futuro, gestão de insights, direção estratégica,
resiliência e adaptabilidade, realização de valor, cultura adaptativa e gestão
das incertezas – a ISO defende que uma inovação pode ser um produto, serviço,
processo, modelo, método ou a combinação de qualquer uma delas. Contudo, o
conceito de inovação é caracterizado por novidade e valor. Em suma, isso
significa que ideias sem a manifestação de valor não são inovações, e sim invenções.
Ao implementar a ISO 56002, é necessário definir os
objetivos, o propósito, a estratégia, os indicadores de desempenho e, os
recursos que serão empregados na inovação – e não só os financeiros, como
também os recursos de pessoas, conhecimento, infraestrutura e até mesmo de
tempo. A empresa precisa estabelecer onde pretende chegar e quais esforços está
disposta a empregar para alcançar suas metas.
Além disso, a norma trabalha fortemente no
gerenciamento de riscos, entendendo que muitos deles, em vez de ameaças, podem
representar oportunidades de inovação. Quando é identificada uma ameaça, é
preparado um plano de ação contencioso. Quando é identificada uma oportunidade,
ela é automaticamente direcionada para o funil de inovação, onde as ideias são
classificadas e priorizadas de acordo com os interesses da empresa. Quem toma
as decisões não são as pessoas, e sim os indicadores.
Na prática, não existe uma receita única para
todas. Cada uma, num processo de co-criação, precisa refletir sobre seus
anseios e seu apetite para atingi-los. Não existe vitória sem sacrifícios.
Precisamos desmistificar a ideia de que inovação é para poucas, ou apenas para
aquelas com viés tecnológico. Existem inúmeros exemplos de empresas analógicas
que criam maravilhas a partir de um olhar inovador. Mas, sem governança, é
impossível transformar ideias em resultados.
Sendo assim, as empresas precisam trabalhar no
desenvolvimento da sua estrutura de governança. É preciso definir as bases do
sistema de inovação, estabelecendo onde se pretende chegar, quais ferramentas
serão utilizadas e mensurando de perto cada passo dado. A qualquer sinal de
desvio, é possível ajustar a rota rapidamente.
A proposta da ISO 56002 é deixar para trás o modo
empírico com que a inovação tem sido encarada por muitas companhias, onde
algumas poucas ideias são levadas em frente e, quase que por obra do acaso,
algumas são muito bem-sucedidas enquanto outras quase levam o negócio todo à
ruína. Inovar a partir de um modelo de governança internacional, que foi testado
e aprovado por mais de 200 empresas no mundo todo – sendo seis só no Brasil – é
o caminho mais promissor para crescermos de forma estruturada.
Alexandre Pierro - engenheiro mecânico,
físico nuclear e sócio-fundador da PALAS, consultoria pioneira na ISO
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