Vejo muitas mães se culpando ou
desdenhando da sua ocupação mais bonita: a de ser mãe. Vejo mães julgando
outras mães como se o conceito de "a melhor forma de ser mãe"
estivesse estabelecido em cartilha ou lei.
Quantas sogras condenam suas noras por escolherem uma "didática
disciplinar" diferente? Muitas, inúmeras, é de perder as contas. Vejo
mulheres criticando a mãe do lado por prender mais, soltar menos, dar banana
esmagada com canela, deixar na creche aos seis meses e tantas outras coisas que
só à mãe e ao filho convém.
Com exceção das mães ruins de fato, essas que assistimos nos noticiários
diariamente, quase todas as outras são as melhores mães que podem ser, dentro
do cenário em que vivem e das ferramentas que possuem para exercer esse papel.
Fato é que, às vezes, ser mãe cansa, desgasta, esgota e é chato pra caramba! Só
que poucas mulheres têm coragem de dizer isso. Ser mãe é pesado! Bem como,
claro, ser mãe também é lindo, enriquecedor, profundo e especial em quase todos
os sentidos. Os dois lados, o bom e o ruim, são legítimos e se completam. Você
só precisa admitir que a tarefa não é fácil e que errar é absolutamente humano
(e necessário).
Já vi amigas lutarem para esconder olheiras escuras, sedentas por uma noite de
sono tranquilo. Também já ouvi mulheres dizendo que ser mãe é viver no país das
maravilhas, mentira delas. Desculpa, mas essa afirmação é falsa. (E nem precisa
ser mãe para saber que não é verdade esse bilhete).
Mães, vocês erram e está tudo bem. Vocês são humanas e o mais lindo da relação
com seus filhos é justamente a possibilidade de aprender e reaprender tudo.
Permita-se humanizar essa relação, deixando de lado a ideia de que para ser mãe
é preciso ser perfeita.
Não, você só precisa ser a melhor mãe que conseguir, e entender que isso já é o
suficiente. Ser mãe é um livro em branco, criado com tempo, resiliência,
paciência e calma. No mais, é viver e aprender, aceitando que não se pode fazer
tudo e que algumas coisas vão além da sua interferência. A culpa é só uma forma
de punir seu espírito por algo que ele não fez.
Ser mãe, mais do que acertar, é errar, é errar sendo. Só assim se é mãe de
verdade. Nenhuma mãe é perfeita, não se iluda. E, se houver alguma, me
desculpe, mas que pessoa chata não haverá de ser.
As boas mães não são perfeitas. As melhores mães são aquelas que chegam o mais
perto disso possível, mas sabendo que haverão pedras no caminho e que
ignorá-las é caminhar pela metade.
A coisa mais perfeita que você pode deixar de lição para seu filho é permitir
que ele seja imperfeito. Milagre não é ser a mãe perfeita. Milagre é ser a
melhor mãe que você pode e se sentir feliz com isso. E ponto
Ju
Farias - jornalista e autora do livro Com licença, posso entrar?, pela editora
Autografia. Além disso, é autora das páginas @ascartasqueguardeioficial no Instagram e @comlicencaoficial no Facebook.
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