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sábado, 30 de outubro de 2021

Memória afetiva e emoções: um guia para se entender melhor

 

Nossas memórias e emoções andam de mãos dadas e são muitas vezes responsáveis pelas escolhas que fazemos ao longo da vida. Para entender como elas nos afetam e constroem lembranças, é preciso entender melhor nossas funções cognitivas.  As funções cognitivas são responsáveis pelo funcionamento do cérebro, determinando a capacidade do indivíduo em aprender, processar e compreender. Ela engloba a memória, atenção, funções executivas, habilidade visuo espacial e linguagem. A memória faz parte da essência do indivíduo, onde ele traz consigo sua história de vida e o peso de cada acontecimento vivido e experimentado. Para que isso ocorra é necessária a emoção para cada momento que ficará em nossa memória.


           

Os tipos de memória


Existem alguns tipos de memória como memória de curto prazo, que guarda a informação por curto período e dentro da memória de curto prazo existem alguns subtipos como memória imediata, que é quando o indivíduo tem que guardar algum conhecimento em pouco tempo, como o nome de um objeto e a memória de trabalho ou operacional, em que a pessoa deve armazenar a informação para processar algo, um exemplo dessa memória são os cálculos mentais. 

Além disso, temos a memória de longo prazo, como a memória declarativa ou explícita, onde o indivíduo consegue contar algo. A memória não-declarativa, um exemplo seria como a prática de algo, que pode ser lembrado e ensinado verbalmente, como aprender a pilotar um avião. Também temos a memória semântica, que se refere a linguagem, conhecimento do mundo por meio das palavras. Por fim, a memória episódica e/ou autobiográfica, que são os acontecimentos marcantes da história de vida de cada pessoa, por isso temos muitas reclamações e/ou medos, quando se fala de memória, pois os indivíduos têm receio de esquecer ou de perder autonomia das suas vidas.


 

Memória X emoções


A Professora Doutora, Thais Bento, gerontóloga e parceira científica do Supera – Ginástica para o cérebro explica que as emoções são uma condição em que o indivíduo apresenta fisiologicamente e mentalmente, que ocasiona diversas reações, contudo ela pode modificar o estado do indivíduo no momento, tendo como consequência modificações no comportamento e na aprendizagem.

 

“Você já percebeu, que quando uma pessoa tem emoção positiva no momento do aprendizado e/ou de um evento, ele tem mais chances de se recordar posteriormente daquele episódio ou do aprendizado? Esses são momentos únicos, que podemos guardar como lembranças, por isso a ideia de trazer um acontecimento na vida de alguém como algo positivo e marcante pode gerar recordações”, detalhou.

 

Ainda segundo ela, a emoção é uma resposta do nosso cérebro aos acontecimentos, como uma festa de aniversário surpresa ou mesmo um presente inesperado “Esses momentos estão em nossas lembranças rodeados de carinho e amor. Lembramos na professora carinhosa ou lembramos da que estava ali por obrigação?” Não é difícil responder essa pergunta, mas pelo motivo de que a emoção e a memória são interligadas, nesse sentido a emoção provocada gera uma memória, principalmente se a emoção for positiva”, detalhou.


 

Memórias desencadeiam emoções ou as emoções despertam as memórias?

 

Quantas vezes você sorriu, chorou, sentiu raiva ou alegria ao lembrar-se de um acontecimento ou de alguém? E quantas tantas vezes, ao sentir medo, por exemplo, não lembrou de uma situação do passado? Refletindo sobre essas questões percebemos que há uma relação entre memória e emoção, mas o que diz a ciência sobre o assunto?

“Pesquisas recentes apontam que as emoções são a associação entre respostas comportamentais e fisiológicas, geradas a partir de uma experiência. Por exemplo, muitas pessoas sentem-se nervosas ao se apresentarem em público e nessas situações acabam transpirando em excesso, as mãos ficam trêmulas e a voz falha. Esses sinais são, portanto, as respostas fisiológicas e comportamentais que algumas pessoas manifestam ao vivenciarem a experiência da exposição”, detalhou a especialista, que completou “     Esses estudos comprovaram ainda que regiões específicas do cérebro identificam quais informações decorrentes das emoções devem ou não ser armazenadas. Nesse sentido, podemos afirmar que emoção, aprendizagem e memória se complementam”, pontuou.

 O resgate das memórias pode ser realizado de modo inconsciente ou consciente, através de estímulos direcionados, que podem se dar por meio de atividades simples ou intervenções específicas, veja alguns exemplos:

 

-         Olhar fotos, com pessoas queridas e/ou de momentos marcantes;


-         Construir uma árvore genealógica, contendo o nome desde os ascendentes da família ao descendente mais jovem;


-         Ouvir músicas antigas;


-         Terapia de reminiscências - através dela é possível recordar acontecimentos da própria vida (memórias autobiográficas);

 

A Professora Doutora, Thais Bento, gerontóloga e parceira científica do Supera – Ginástica para o cérebro ressalta a importância de estimular o nosso cérebro para boas lembranças, o que impacta diretamente na nossa qualidade de vida. “O cheiro de terra molhada, o barulho do carro parecido com o do carro que o seu avô possuía, a flor preferida da sua esposa quando ainda namoravam, o bolinho de chuva que a sua mãe fazia no final da tarde com café.... Escolha um dos exemplos citados e sozinho ou juntamente com as pessoas que moram com você, recorde uma boa lembrança e desperte emoções positivas. Exercícios simples como este afetam diretamente no nosso bem-estar e contribuem para a nossa qualidade de vida como um todo, experimente!”, concluiu a especialista.


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