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sexta-feira, 3 de setembro de 2021

Setembro Amarelo é o mês da prevenção ao suicídio

Psicóloga do HU-UFSCar fala sobre o tema e aponta a importância do apoio da família, amigos e profissionais de saúde

 

A campanha Setembro Amarelo é organizada nacionalmente, desde 2014, pela Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), em parceria com o Conselho Federal de Medicina (CFM), e tem o objetivo de sensibilizar e informar os diferentes públicos sobre a temática do suicídio, formas de acolhimento, abordagem dos pacientes e a prevenção com o apoio de familiares, amigos e profissionais de saúde.  


Lara Rosa Cobucci é psicóloga do Hospital Universitário da Universidade Federal de São Carlos (HU-UFSCar/Ebserh/MEC) e acredita que a campanha de prevenção ao suicídio é importante por promover espaços de fala aberta sobre o tema, já que apenas por meio do conhecimento é possível ofertar ajuda e prevenir que esse ato ocorra. "O suicídio segue sendo um assunto pouco falado, por se tratar de um grande tabu e estigma. Mas, ao contrário do que comumente se pensa, falar sobre ele não aumenta seu risco, mas, sim, promove acolhimento e possibilita a obtenção de ajuda adequada", avalia Cobucci.   


 

Dados


De acordo com dados da Organização Pan-Americana da Saúde/Organização Mundial da Saúde (Opas/OMS), cerca de 800 mil pessoas morrem, por ano, em todo o mundo por causa do suicídio. Ele também é a segunda principal causa de morte entre jovens com idades entre 15 e 29 anos. Dados da ABP indicam que são registrados cerca de 12 mil suicídios todos os anos no Brasil, com casos cada vez mais frequentes entre os jovens. De acordo com a Associação, cerca de 96,8% dos suicídios estão relacionados a transtornos mentais.  


Para Lara Cobucci, o suicídio, assim como o pensamento e as tentativas, não tem uma causa única ou pontual. "Esse comportamento ocorre como um resultado da interação de diversos fatores psicológicos, sociais, culturais, ambientais, biológicos e genéticos. Dentre os principais fatores de risco para o suicídio está a presença de doença mental, como depressão, transtorno bipolar e abuso de álcool ou outras drogas. Sabe-se que praticamente todos os indivíduos que tentam suicídio têm alguma doença mental pregressa, porém muitas vezes tais doenças nunca foram diagnosticadas ou tratadas", explica.  

  

 

Prevenção


Como o suicídio ocorre por uma junção de fatores, Lara Cobucci explica que há diversas estratégias que podem e devem ser empregadas como prevenção. Uma delas, de acordo com a psicóloga do HU-UFSCar, é a identificação e avaliação do risco do indivíduo, considerando tentativas prévias, quadro de saúde mental, a presença de planos de morte e características sociais e psicológicas. "Embora haja o mito de que as pessoas que ameaçam se matar não irão concretizar o plano e querem ‘apenas chamar atenção’, sabe-se que a maioria dá sinais, expressa seus pensamentos e planos de morrer antes de tentar e cometer o suicídio", alerta. Uma vez identificado o risco, a pessoa deve ser acolhida, ouvida de forma empática e encaminhada para serviços de referência em saúde mental. Além disso, deve-se buscar garantir a presença do suporte social.  


Nesse contexto, a psicóloga aponta que a família e amigos são essenciais na prevenção ao suicídio. "Eles têm o papel de ouvir, dar suporte e acolher, além de incentivar a buscar ajuda profissional e evitar que a pessoa tenha acesso a meios de se autolesionar".  


Por fim, Lara complementa que a pandemia de Covid-19 está afetando a saúde mental de muitas pessoas e que diversos estudos já apontam para o aumento de depressão, ansiedade, angústia, violência e abuso de álcool e outras drogas. "Além do contexto do isolamento social, esses sintomas se juntam a dificuldades financeiras e perdas ocasionadas pela pandemia, e se tornam grandes fatores de risco ao comportamento suicida. Diante disso, mais do que nunca, são necessários a conscientização e o desenvolvimento de estratégias de produção de cuidado, a fim de evitar um aumento nas taxas já muito altas de comportamento suicida no Brasil e no mundo", conclui.  

Em caso de necessidade, o indivíduo poderá buscar ajuda em um dos Centros de Atenção Psicossocial (Caps) de sua cidade - em São Carlos são três tipos de Caps (Mental, Álcool e Drogas e Infantil e Juvenil) -, além do Centro de Valorização da Vida (CVV), que também é um importante canal de comunicação para quem precisa conversar, disponível 24 horas pelo telefone 188.


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