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Em
tempos de pandemia, isolamento social e sentimentos aflorados, tema ganhou
ainda mais urgência, afirma especialista do CEJAM
A campanha Setembro
Amarelo, que debate mundialmente a importância de prevenir problemas de saúde
mental, ganhou ainda mais urgência entre os anos de 2020 e 2021, em meio ao
isolamento social imposto pela pandemia de Covid-19. Medos, incertezas em
relação ao futuro, luto e dificuldades financeiras vêm marcando a vida de
muitas pessoas e estão entre as principais causas de depressão, ansiedade
excessiva e falta de motivação.
Pesquisa do instituto Ipsos, encomendada pelo
Fórum Econômico Mundial, destaca que 53% dos brasileiros declararam que seu
bem-estar mental piorou um pouco ou muito no último ano. Essa porcentagem só é
maior em quatro países: Itália (54%), Hungria (56%), Chile (56%) e Turquia
(61%).
Um relatório de 2017 da OMS (Organização Mundial da Saúde) já apontava o Brasil
como um país de grande prevalência de transtornos de ansiedade nas Américas:
9,3% da população, o equivalente a 18,6 milhões de pessoas.
Segundo a psicóloga Ligia Kaori Matsumoto, que atende na UBS Alto da Riviera,
gerenciada pelo CEJAM - Centro de Estudos e Pesquisas "Dr. João
Amorim", a campanha foi criada no Brasil em 2015 para dar mais ênfase ao
tema, com ações de conscientização e debates que possibilitem a quebra de
paradigmas e a redução do preconceito que envolve o grave problema.
"As ações do Setembro Amarelo funcionam como uma forma de prevenção e
sensibilização, tanto àqueles que podem estar passando por algum tipo de
sofrimento, quanto às pessoas próximas, na detecção de fatores que identifiquem
quando um ente querido não está bem", explica.
Alerta vermelho
Os sinais de alerta
costumam variar de pessoa para pessoa, mas a especialista destaca que existem
alguns indícios que servem para detectar se você ou um ente querido está
precisando de auxílio profissional.
Conforme a psicóloga,
é necessário ficar atento às alterações repentinas de humor e comportamento,
bem como às mudanças bruscas na rotina, como qualidade do sono, alimentação,
abandono de atividades que antes eram prazerosas ou ainda desistência de planos
futuros.
Ligia também faz um alerta para o uso abusivo ou para a mudança no padrão de
consumo de álcool, substâncias tóxicas e medicações. "Além disso, devemos
sempre dar uma atenção maior às pessoas com transtornos psiquiátricos ou com
históricos na família."
Segundo a
especialista, é comum ainda as pessoas sinalizarem que não sabem como reagir ou
de que forma responder quando alguém próximo expressa suas dores, tristezas e
frustrações.
"O que as pessoas
mais desejam é alguém que as escute de maneira calma e tranquila. Em silêncio. Sem
dar conselhos. Sem que digam: "Se eu fosse você". A gente ama não é a
pessoa que fala bonito. É a pessoa que escuta bonito. A fala só é bonita quando
ela nasce de uma longa e silenciosa escuta. É na escuta que o amor começa. E é
na não-escuta que ele termina. Não aprendi isso nos livros. Aprendi prestando
atenção", ressalta Ligia, citando trecho de um texto do psicanalista e escritor
Rubem Alves.
Centro de Valorização
da Vida
Umas das formas mais
práticas de buscar apoio, seja para você ou para alguém que conheça e possa
estar procurando ajuda, é entrando em contato com o CVV (Centro de Valorização
da Vida, um serviço gratuito que oferece auxílio emocional 24 horas.
O atendimento é realizado em sigilo total, por
meio de telefone (188), e-mail, chat ou ainda pessoalmente. Os canais e
endereços estão disponíveis no site www.cvv.org.br.
Mais de 3 milhões de
pessoas são atendidas anualmente pelo CVV, que oferece mais de 4 mil
voluntários localizados em 24 estados e no Distrito Federal.
A psicóloga recomenda
a divulgação do serviço para quem possa estar precisando de ajuda.
"Devemos sempre oferecer acolhimento, ouvir e auxiliar na busca por ajuda.
Estas posturas de respeito com aquele que está em sofrimento podem ser
fundamentais à recuperação, enquanto o desdém e pouco caso podem amplificar a
dor ou adiar um tratamento", finaliza.
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