Desenvolvido pela
associação Zetta, levantamento mostra que os jovens, os mais escolarizados e os
com maior poder aquisitivo são os que mais utilizam a ferramenta.
Desbancarização ainda é gargalo e 13% dos entrevistados afirmam não possuir
nenhum produto financeiro
Farmácias, supermercados, padarias e serviços
médicos. Esses são os lugares onde quase 70% dos brasileiros têm a intenção de
fazer seus pagamentos via Pix. O dado mostra que o potencial de uso para o meio
de pagamento disponível 24 horas por dia, sete dias por semana, é massivo no
país. A descoberta vem de um estudo publicado hoje pela Zetta, associação de
empresas de tecnologia que atuam com serviços financeiros digitais. O
levantamento utilizou números do DataFolha.
Aderência entre os mais jovens e educação
financeira
A oportunidade para o Pix é crescente desde o
lançamento da ferramenta em fevereiro deste ano. De acordo com os dados do
Banco Central referente a junho de 2021, já são 254 milhões de chaves
cadastradas, sendo 95,9% de pessoas físicas, e 4,1% de pessoas jurídicas.
O levantamento mostrou que o cadastro de chaves
(que permitem pagamentos usando a plataforma) é maior entre os mais jovens (18
a 24 anos de idade) -- com 70% já registrados. Entre os idosos (60 a 79 anos),
o índice cai para 24%. "A aderência do Pix atualmente está com o público
mais acostumado com a utilização de serviços financeiros digitais, evidenciando
a importância da educação financeira e a familiaridade com a tecnologia no
Brasil", explica Bruno Magrani, presidente da Zetta.
Um exemplo desse comportamento é o uso majoritário
do Pix no ambiente online: 40% dos brasileiros que consomem produtos e serviços
via Pix fizeram pagamentos exclusivamente por meio online e apenas 17% de forma
presencial. "Isso só reforça a importância da chegada do Pix em meio ao
primeiro ano da pandemia, representando um marco no modo como o brasileiro lida
com as suas finanças", comenta Magrani.
A plataforma também se destaca entre os mais
escolarizados (80% entre os que têm ensino superior possuem chaves cadastradas)
e com maior poder aquisitivo (75% entre os que ganham acima de cinco salários
mínimos). No total, 96% dos entrevistados disseram que conhecem o Pix ou já
ouviram falar sobre ele. Desses, 49% afirmaram ainda que possuem chaves
cadastradas na plataforma em pelo menos uma instituição financeira. Nas regiões
metropolitanas, esse número chega a 57%.
Alto potencial em comércios
Para Magrani, o uso do Pix representa um marco no
modo como o indivíduo lida com as suas finanças. "Há uma série de novas
funcionalidades em desenvolvimento, que deve ajudar a diversificar os usos do
Pix, especialmente para pagamentos no comércio, indo muito além de apenas
transferências entre pessoas, finalidade que já se consolidou logo nos
primeiros meses de operação da plataforma."
“Há uma série de novas funcionalidades em
desenvolvimento, que deve ajudar a diversificar os usos do Pix, oferecendo mais
liquidez e possibilidades de financiamento, além de faturamento adicional para
comércios de todos os tamanhos”, explica François Martins, vice-presidente da Zetta.
Entre os entrevistados para o estudo, 92% já usam o
Pix para transferências e 73%, para pagamentos de produtos e serviços; entre
esses 73%, 67% utilizam a plataforma como forma de pagamento para pessoas
físicas e 57%, para pessoas jurídicas.
Estima-se ainda que a adoção do Pix no comércio
hoje esteja sub-representada, já que muitos comerciantes e prestadores de
serviços utilizam suas chaves como pessoa física para receber pagamentos. E
isso também vale para os trabalhadores informais, sem CNPJ, profissionais que
representam uma parcela crescente com a pandemia da Covid-19 e o agravamento do
desemprego. "Os pequenos empreendedores já enxergam valor no Pix para
vender mais, mesmo com o uso das chaves, e isso deve avançar a partir do
momento que temos novas iniciativas que visam zerar a taxa do Pix para
máquinas, QR Codes e aplicativos, por exemplo”, completa François.
Desafios para o futuro
Apenas cinco meses depois do seu lançamento, o Pix
já havia superado a quantidade de boletos liquidados, TEDs, DOCs e cheques
somados no Brasil. Os números impressionaram o mercado, que viu no sucesso do
meio de pagamento novas possibilidades para os brasileiros cuidarem de suas
finanças.
Apesar deste cenário otimista, a alta
desbancarização no Brasil representa um dos principais gargalos para o futuro
do Pix. Entre os entrevistados, 13% afirmaram que não possuem nenhum produto
financeiro. "Não há dúvidas de que o Pix caiu no gosto dos brasileiros e é
uma plataforma que veio para ficar. Mas barreiras complexas como a
desbancarização e a desconfiança por falta de conhecimento financeiro digital
são gargalos importantes para sua adesão total", finaliza Magrani.
O estudo é o primeiro quantitativo aberto ao
público realizado pelo Datafolha e reuniu homens e mulheres, de 18 a 70 anos,
pertencentes a todas as classes econômicas. Foram realizadas 1.520 entrevistas,
entre os dias 25 de maio e 10 de junho, em todas as regiões do Brasil.
Zetta
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