A Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) realiza entre 14 e 30 de setembro diversas ações para a atualização e conscientização de médicos e da população sobre a dermatite atópica (DA). A campanha inclui a postagem de conteúdos (posts e vídeos) nas redes sociais, a realização de lives sobre o tema, a sensibilização de gestores sobre a importância de qualificar a assistência dos pacientes com este quadro e a divulgação em massa de dados e informações que ajudam a entender o desafio de se diagnosticar e tratar esta doença, em suas diferentes formas.
Sob o slogan
"Dermatite atópica: atenção e cuidado com a sua pele", a campanha tem
início em 14 de setembro, data mundialmente dedicada à conscientização sobre
esta doença. Nas semanas seguintes, a SBD abordará a população sobre aspectos,
como o caráter imunomediado da DA, que a torna uma doença não contagiosa.
Também serão ressaltados a identificação de sinais e sintomas e as medidas que
ajudam no controle do desconforto causado por conta da coceira, espessamento da
pele, inflamação de áreas afetadas e recorrência dos quadros.
Em 23 de setembro, Dia
Nacional de Conscientização sobre Dermatite Atópica, a SBD realiza uma live -
voltada para a população em geral - onde estas e outras questões serão
abordadas por especialistas convidados. O encontro, organizado em parceria com
a revista Crescer, terá atenção especial para os casos de DA no público
infantil. A transmissão ocorrerá, entre 19h30 e 20h30, pelos perfis da
publicação no Facebook e no Instagram.
Além dessa abordagem,
a SBD divulgará uma série de vídeos curtos em que dermatologistas responderão
de forma objetiva dúvidas comuns de pacientes e familiares. Para os associados
à instituição, uma atividade feita sob medida acontecerá no dia 21 de setembro,
quando, em outra live, os participantes terão acesso a informações técnicas e
científicas atualizadas, o que ajudará no aperfeiçoamento da sua conduta
clínica e de suas escolhas terapêuticas.
Ao longo do mês,
outras iniciativas serão realizadas pela SBD em torno deste tema de saúde
pública. Dentre elas, a divulgação dos resultados de uma pesquisa sobre a
percepção dos brasileiros sobre essa doença. Para o presidente da SBD, Mauro
Enokihara, esta campanha supre uma lacuna no que se refere à conscientização
dos brasileiros sobre o que é a dermatite atópica. "Apesar de atingir
milhões de pessoas, em algumas situações de forma grave, esta doença não
costuma ser discutida com a profundidade que merece. Isso implica em prolongar
situações de perda de qualidade de vida e de bem-estar para pacientes.
Esperamos que com este alerta esta situação mude", disse.
Dermatite - A dermatite atópica
é uma doença genética, crônica e não contagiosa. Entre seus sintomas estão:
pele seca e erupções que coçam, provocando a descamação da região afetada. Ela
acomete principalmente braços, joelhos e pescoço. Rosana Lazzarini, assessora
do Departamento de Alergia Dermatológica e Dermatoses Ocupacionais da SBD,
destaca que, apesar do incômodo, este problema de saúde dermatológico tem
tratamento.
Segundo conta, o
tratamento a ser prescrito dependerá da idade do paciente e da gravidade da
dermatose. "Podem ser utilizadas medicações com ação anti-inflamatória,
aplicadas diretamente na pele, por alguns períodos. São cremes ou pomadas
(corticosteróides e inibidores da calcineurina) que devem ser adequados à faixa
etária do usuário e à localização das manifestações da DA", ressaltou.
Em alguns casos, os
médicos podem indicar ainda medicações orais, na tentativa de reduzir a
coceira. Eventualmente, ainda há possibilidade de uso de antibióticos, quando
há infecção concomitante. Já o emprego de emolientes e hidratantes é indicado
para todos, independentemente da idade. Estes produtos podem ser aplicados de
forma constante sobre a pele, em todas as faixas etárias. A assessora alerta
ainda para outras medidas que ajudam a evitar o surgimento de lesões e coceira:
a adoção de sabonete suave (com pH próximo ao da pele) e o controle da
temperatura da água do banho, que não deve ser quente.
Em situações de maior
gravidade, a assessora do Departamento avisa serem necessários tratamentos mais
complexos, como fototerapia (uso de radiação ultravioleta de maneira
controlada), que auxilia a diminuir a inflamação da pele; e prescrição de
imunossupressores (metrotexato, ciclosporina, azatioprina) e de
imunomoduladores (dupilumabe, inibidores de JAK). Assistência em ambiente
hospitalar não é descartada: "internações podem ser necessárias em casos
muito graves, para controle da doença", afirmou.
Cuidados - Por ser de origem
genética, até o momento, são desconhecidas formas objetivas de prevenção à
dermatite atópica. Por conta disso, a especialista da SBD chama a atenção para
a importância das medidas de tratamento e controle da doença. Neste sentido,
independentemente de diagnóstico, Rosana Lazzarini acredita que a hidratação da
pele é uma prática que deve ser incorporada à rotina desde cedo, assim com a
adoção de banhos rápidos, com água morna ou fria, e o uso de sabonetes suaves.
Ela lembra ainda a
influência que o ambiente tem sobre a doença. O calor em excesso piora as
lesões. Por sua vez, o clima frio e seco aumenta o ressecamento da pele, o que
agrava a coceira relacionada. Sabe-se ainda que a frequência da dermatite
atópica atinge mais moradores de áreas urbanas do que os de regiões rurais.
Rosana Lazzarini
também chama atenção para o impacto que a dermatite atópica tem sobre a saúde
mental de pacientes e familiares, bem como sobre a vida em sociedade. "A
dermatite atópica traz impactos psicológicos, principalmente em casos mais
intensos. Isso decorre de ser aparente e por causar distúrbios do sono.
Pacientes com DA têm muita coceira nas lesões, o que não os deixa dormir de
maneira adequada. Quando são crianças, os pais sofrem do mesmo problema, pois o
incomodo causado prejudica o repouso de toda a família", complementa.
Finalmente, a
especialista enfatiza outro fator que dificulta a vida dos pacientes: a doença
pode passar despercebida por médicos que não são dermatologistas. Assim, o
atraso no diagnóstico, retardará também o início do tratamento. "O
reconhecimento precoce da dermatite atópica pelo especialista é fundamental
para uma melhor qualidade de vida do paciente. Portanto, esta campanha da SBD
reforça a necessidade de termos mais ações de esclarecimento e difusão sobre a
doença, inclusive entre os profissionais da medicina", finaliza.
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