Estudou
analisou a mortalidade da população de Belo Horizonte e mostrou maior risco
entre idosos e moradores de áreas de maior vulnerabilidade social
A população residente em
áreas de maior vulnerabilidade social apresentou maior mortalidade durante a
pandemia da COVID-19 no ano passado. É o que comprova o estudo “Maior
mortalidade durante a pandemia de COVID-19 em áreas socialmente vulneráveis em
Belo Horizonte: implicações para priorização da vacinação”, conduzido pela
Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), com a participação de
pesquisadores e gestores da Secretaria Municipal de Saúde de Belo Horizonte
(SMS-BH)* e da organização global de saúde pública Vital Strategies.
O
estudo epidemiológico comprovou a maior mortalidade por causas naturais e por
COVID-19, entre março e outubro de 2020, nos setores censitários de maior
vulnerabilidade da cidade de Belo Horizonte, conforme o Índice de
Vulnerabilidade em Saúde (IVS) que leva em conta cinco variáveis: saneamento,
coleta de lixo, abastecimento de água, alfabetização e cor da pele e classifica
as áreas de baixo, médio e elevado risco social.
“A COVID-19 não atinge a população da mesma forma e está escancarando ainda mais a desigualdade brasileira. Pessoas idosas e com maior vulnerabilidade social são aquelas mais atingidas pela pandemia. Por isso, dentro dos grupos prioritários de vacinação, devemos privilegiar a distribuição da vacina em áreas de média e alta vulnerabilidade social. Essa é uma estratégia para reduzir a mortalidade e a morbidade da população mais afetada”, afirma a professora da Escola de Enfermagem da UFMG, Deborah Carvalho Malta.
A mortalidade por COVID-19
foi muito maior nos idosos. Enquanto a taxa de mortalidade foi igual a
4/100.000 habitantes nos residentes de Belo Horizonte com idade entre 20 e 39
anos, esta taxa é igual a 164/100.000 habitantes entre os idosos entre 60 e 74
anos, chegando a 611/100.000 habitantes para idosos com 75 ou mais anos.
O local de moradia da
população de Belo Horizonte também se mostrou um fator preponderante. A taxa
média de mortalidade foi de 292,3 por 100 mil residentes entre idosos (60 anos
ou mais). As taxas foram de 179,2, no setor de baixa vulnerabilidade, 353,6
(média) e 472,6 (vulnerabilidade elevada e muito elevada). Essas diferenças se
mantêm entre idosos de 60-74 e 75 anos ou mais. Os números bem mais que dobram
na comparação entre setores de baixa e elevada vulnerabilidade.
“O cenário atual no Brasil
de restrição de doses impõe a priorização da vacinação, mesmo dentre os grupos
prioritários, como os idosos. Os dados desse estudo reforçam a importância de
considerar as desigualdades sociais como um fator determinante no acesso
prioritário à imunização. Fazendo isso, vamos aliviar a pressão ao sistema de
saúde, não apenas em Belo Horizonte, mas em todo o país, especialmente onde o
sistema de saúde está prestes a colapsar”, finaliza Fátima Marinho, médica
epidemiologista e especialista sênior da Vital Strategies.
Gráfico: Mortalidade por COVID-19 em Belo Horizonte, por faixa etária e áreas de vulnerabilidade em saúde, entre março e outubro de 2020
Sobre o grupo de pesquisa
O
grupo de pesquisa Rede GBD Brasil - Carga Global de Doenças, coordenado pela
professora Deborah Malta, tem longa tradição no estudo de doenças crônico
degenerativas no país, com ênfase na análise das desigualdades sociais. Este
estudo interdisciplinar foi liderado pela geriatra e professora titular
aposentada da Faculdade de Medicina da UFMG, Valéria Passos, com a participação
de epidemiologistas (Fátima Marinho, Deborah Malta, Mayara Santos e Ísis
Machado), cardiologistas (Luísa Brant e Antônio Ribeiro), demógrafo (Pedro
Pinheiro) e gestores da Secretaria Municipal de Saúde de Belo Horizonte (Paulo
Correa, Lúcia Paixão e Fabiano Pimenta Junior).
Vital
Strategies
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