As mulheres, definitivamente, não são o sexo frágil ainda propalado por machistas de plantão. Não só no mercado de trabalho mas também no que se refere à saúde, elas mostram sua força. Pesquisa da Universidade Johns Hopkins (EUA) revelou que o risco de perda auditiva é cinco vezes maior em homens do que em mulheres. E por que isso acontece? Uma das razões é a influência dos hormônios, como comprovou outro estudo, esse conduzido na Universidade de Rochester (EUA). Os pesquisadores descobriram que os hormônios femininos protegem a audição, fazendo com que o declínio auditivo se inicie mais tardiamente nas mulheres do que nos homens.
Há uma relação direta
entre o hormônio sexual feminino estradiol e a audição, no cérebro. "Os
homens ouvem menos porque seu nível de estradiol é mais baixo. As mulheres têm
um processamento auditivo melhor", de acordo com o neurocientista
brasileiro Raphael Pinaud, que coordenou o trabalho.
Outra pesquisa,
realizada em uma clínica de audição em Massachusetts (EUA), mostrou que as
mulheres também se sentem mais à vontade para falar de sua perda auditiva,
enquanto que os homens preferem esconder essa perda, mesmo que isso prejudique
a sua comunicação no dia a dia.
No Brasil, a Pesquisa
Nacional de Saúde, realizada pelo IBGE com apoio do Ministério da Saúde, também
apontou que os homens são mais suscetíveis a problemas de audição do que as
mulheres - em toda a população, a proporção é de 1,2% no sexo masculino e 1,0%
no sexo feminino.
Por tudo isso, a
tendência é que a dificuldade de audição comece a aparecer mais cedo nos
homens. Essa diferença, no entanto, diminui por volta dos 50 anos de idade. É
nessa fase da vida que as células auditivas começam a se desgastar
naturalmente, resultando na perda auditiva relacionada à idade, conhecida como
presbiacusia .
"Recomenda-se que
tanto homens quanto mulheres consultem um otorrinolaringologista anualmente. O
médico irá checar se está tudo bem com a audição e pode recomendar uma
audiometria, exame que avalia a presença de perda auditiva e, caso se confirme,
o tipo e o grau da mesma. A partir daí, se for necessário, será identificado o
melhor tipo de tratamento, que pode ser com o uso de aparelhos auditivos",
explica a Fonoaudióloga Marcella Vidal, Gerente de Audiologia Corporativo,
Telex Soluções Auditivas.
É bom enfatizar, no
entanto, que as mulheres, cada vez mais, vêm assumindo cargos no trabalho antes
exercidos apenas por homens e convivem também com muito barulho no cotidiano,
principalmente as mais jovens. Na verdade, o estilo de vida e a atividade
profissional também são fatores que ainda tornam os homens mais suscetíveis aos
problemas auditivos.
No dia a dia, nos
centros urbanos, convivemos com o barulho diariamente, seja no trânsito, no
movimento das ruas, próximo a obras e até em nossa própria casa. Além disso, é
cada vez mais comum ouvir música em fones de ouvido, seja na corrida matinal ou
até mesmo durante a ida ao trabalho de ônibus ou metrô. É aquela animada
playlist que você coloca bem alta, todos os dias! E esse barulho constante em
diversas situações do cotidiano podem, sim, prejudicar a audição.
"A poluição
sonora é um dos principais vilões. Por isso, eu recomendo evitar ambientes com
sons intenso. Além disso, é importante ouvir música e assistir TV sempre em
volumes abaixo de 85 decibéis", alerta a Fonoaudióloga da Telex.
Genética x perda
auditiva
A perda de audição
também é influenciada pela genética. Há indivíduos que são geneticamente
predispostos a serem mais sensíveis aos sons elevados. Seja esse o seu caso ou
não, algumas atitudes fazem toda diferença quando o assunto é a saúde auditiva.
Usar protetores auriculares em ambientes barulhentos, por exemplo, é essencial.
Eles podem garantir um bom conforto acústico para quem precisa estar próximo a
maquinários ou em lugares barulhentos como estações de metrô.
E para termos uma
noção dos danos causados à audição pelos ruídos do cotidiano, já é possível
baixar aplicativos que registram os decibéis do ambiente.
"Os efeitos da
exposição prolongada a sons intensos podem demorar para aparecer, já que a
deficiência auditiva atinge estágios cada vez maiores ao longo da vida; por
isso é importante se cuidar desde cedo para evitar problemas futuros de perda
de audição precoce", finaliza Marcella Vidal.
Nenhum comentário:
Postar um comentário