Exames oftalmológicos são fundamentais para reduzir o avanço da miopia
(Divulgação)
A recomendação
é que os pais estimulem atividades ao ar livre e controlem o uso de celulares e
demais dispositivos tecnológicos
Está constatado que o distanciamento social, o excesso de uso de
telas digitais e a redução de atividades ao ar livre intensificaram o avanço da
miopia no mundo, e, por isso, é importante que os pais evitem que crianças mais
novas usem tablets, celulares e computadores por muito tempo. O alerta é da
médica oftalmologista Tania Schaefer, presidente da SOBLEC - Sociedade
Brasileira de Lentes de Contato, Córnea e Refratometria. De acordo com ela, “o
estado refrativo das crianças mais novas pode ser mais sensível às mudanças
ambientais do que as de idades mais velhas, porque estão em um período crítico
para o desenvolvimento da miopia. O crescimento do olho é maior neste período
de vida”.
A oftalmologista enfatiza que a pesquisa científica “Progressão
da miopia em crianças em idade escolar após Covid-19 - Confinamento
Domiciliar”, elaborada pelo doutor Jiaxing Wang, concluiu que o
confinamento domiciliar durante a pandemia parece estar associado a uma mudança
significativa de miopia em crianças de 6 a 8 anos, de acordo com os exames de
fotos em escolas de 2020. Tania Schaefer ressalta que o tempo gasto em
atividades ao ar livre diminuiu devido ao confinamento e as horas a mais que as
crianças ficaram conectadas ao aparelhos eletrônicos muito próximos ao rosto,
ocasionaram um crescimento nos casos de miopia precoce, ampliando a
dificuldade em enxergar para longe.
Segundo a oftalmologista, a pesquisa, publicada na edição de 03
de fevereiro de 2021, na revista científica JAMA Ophthalmology, envolveu mais
de 120 mil crianças de 10 escolas primárias em Feicheng, China, e mostrou que
os casos de miopia entre crianças de 6 anos aumentaram 400% nos cinco primeiros
meses de distanciamento social de 2020, em comparação aos anos anteriores.
Entre os participantes com 7 anos o aumento foi de 200% nos casos de miopia, e
aos 8 anos a alta foi de 40%.
Tania Schaefer, com base no resultado da pesquisa, afirma que a
miopia está avançando em ritmo acelerado o que revela que está surgindo uma
nova geração de míopes. “São as crianças mais novas que forçam a visão em telas
digitais de uma maneira excessiva e, ao mesmo tempo, não realizam atividades
foram de casa”, frisa.
“O significativo aumento na prevalência da miopia em crianças tem
sido fonte de grande preocupação para oftalmologistas e pediatras”, observa
Tania Schaefer. E neste cenário, a SOBLEC iniciou no ano passado a
campanha “Alerta Permanente contra a Miopia”, uma iniciativa que conta com o
apoio do Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO), Sociedade Brasileira
Oftalmologia Pediátrica (SBOP), Sociedade Brasileira de Visão Subnormal
(SBVSN), Sociedade Brasileira de Retina e Vítreo (SBRV), Sociedade Brasileira
de Pediatria (SBP).
O alerta da SOBLEC recomenda que os pais estimulem atividades ao
ar livre e controlem o uso de celulares e demais dispositivos tecnológicos.
Além disso, é indispensável que levem os filhos com mais frequência aos
consultórios oftalmológicos, para que se oferece o tratamento mais adequado. “A
campanha da SOBLEC quer conscientizar os pais sobre a importância da prevenção
e diagnóstico precoce da miopia. É importante frisar que a miopia quando não
tratada pode causar vários problemas oculares, inclusive, levar à cegueira”.
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