Duas novas cirurgias de coluna estarão disponíveis através de
planos de saúde. Cirurgião explica os procedimentos e indicação Foto: André Kaze / Comunicore
A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) definiu nesta
quinta-feira (25) a atualização do rol de procedimentos obrigatórios dos planos
de saúde. Entre os procedimentos cirúrgicos está a endoscopia da coluna
vertebral para tratamento da hérnia de disco lombar e a artroplastia discal de
coluna cervical. O novo rol entrará em vigor a partir de 1º de abril.
A doença é caracterizada pelo desgaste dos
discos intervertebrais, estruturas entre as vértebras que amortecem os impactos
da coluna, que extravasam ou rompem e comprimem as terminações nervosas da
medula espinhal. A compressão da estrutura neural causa dores, fraquezas e
formigamentos nos membros. O desgaste é mais comum na região lombar, mas também
pode afetar a cervical e, menos comum, a torácica.
Entenda a hérnia de disco - Segundo o médico ortopedista especialista em
cirurgia da coluna, Dr. Antônio Kriger, o desgaste dos discos faz parte do
envelhecimento humano, um processo de degeneração natural dos discos, mas
também pode afetar pacientes jovens devido sobrecarga realizada nas atividades
diárias, má postura no dia a dia e no trabalho, falta de atividade física ou
exercícios feitos com sobrecarga e de maneira incorreta.
De acordo com o especialista, o diagnóstico
precoce e o tratamento conservador com a administração de remédios, repouso,
fisioterapia, acupuntura, prática de atividades físicas e fortalecimento
muscular são eficientes para oito em cada dez pacientes.
"Uma cirurgia só será indicada em
situações específicas, como a dor intratável, o déficit neurológico e falha no
tratamento conservador sem melhora significativa dos sintomas após no mínimo
oito semanas", explica Krieger.
Endoscopia da coluna lombar - A cirurgia endoscópica da coluna lombar
que foi aprovada pela ANS é também conhecida como cirurgia minimamente invasiva
e é indicada quando o tratamento conservador falha. Durante a cirurgia, com o
uso do endoscópio associado a uma câmera, o cirurgião acessa e remove a hérnia
de disco com dano mínimo às estruturas da coluna e musculatura através de uma
incisão de 0,8 a 1 cm, que é fechada com um ponto e que recebe um pequeno
curativo.
"A inclusão da cirurgia endoscópica da
coluna no rol da ANS é uma vitória para os pacientes que vão ser beneficiados
com uma técnica cirúrgica moderna, menos invasiva e que é considerada hoje o
padrão ouro do tratamento das hérnias discais lombares. É uma cirurgia com
menos tempo de internamento, que pode ser feita até com anestesia local e que
normalmente os pacientes podem ir pra casa no mesmo dia sem precisar de
internamento. Além disso, ela diminui a lesão na musculatura e o sangramento
comparada com a cirurgia aberta", explica o cirurgião.
Artroplastia discal da coluna cervical - A cirurgia tem como critério de
indicação a hérnia de disco e a discopatia degenerativa (o desgaste do disco).
Como a região exige mobilidade e flexibilidade, o tratamento envolve a
substituição do disco por uma prótese modular.
Por meio de uma incisão na parte anterior do
pescoço, o cirurgião remove todo o material cartilaginoso do disco degenerado e
insere uma prótese de metal e polietileno de alta densidade. Este disco
artificial permite que o segmento volte a realizar movimentos dentro dos
limites normais.
"Ela irá trazer um grande benefício
principalmente para os pacientes jovens, porque até então só havia a liberação
dos convênios da cirurgia de artrodese, com placas e parafusos, o que causava
rigidez do segmento operado e risco de Síndrome do Nivel Adjacente que é o
desgaste precoce do disco superior ao operado com a artrodese. A prótese discal
modular permite continuar com mobilidade e diminui o risco dos discos
adjacentes", finaliza Krieger.
Casos reais - Segundo o empresário Rodrigo Andruszewicz, a inclusão das
cirurgias nos planos de saúde irá colaborar para a qualidade de vida
principalmente daqueles que não têm condições de acesso aos procedimentos no
particular.
"Eu entrei no centro cirúrgico às 17h e às
23h já estava indo para casa. Cinco dias depois eu estava jogando futebol. Eu
acredito que essa seja uma das melhores cirurgias por vídeo. Na época, não
existia a cobertura do plano de saúde e eu tive que pagar no particular. Com a
inclusão nos planos, isso irá ajudar muitas pessoas que não tem condições de
ter acesso a essa cirurgia", conta.
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