O que é a maternidade para você? Se eu pudesse definir o que
é ser mãe em uma única palavra, eu diria que é dedicação. Ser mãe faz parte de
um universo altamente complexo e que não tem uma receita de bolo. Para cada
uma, uma história singular e única. Para muitas é um caminho simples e rápido e
muitas vezes acontece no susto. Pegas de surpresa, tiveram que aprender “na
marra” o novo papel.
Em meu consultório, conheço, todos os dias, diversos tipos
de mães e para boa parte delas o caminho não foi tão rápido assim. Aqui a
dedicação foi algo muito mais presente e intenso. Afinal, elas cruzaram
estradas longas e repletas de desafios. Meu papel como profissional de
reprodução assistida foi e sempre será auxiliá-las nesse percurso.
Tem
mãe que planejou dia, mês e ano para conceber o filho, mas a vida não estava
nem aí para seu planejamento. Tem mãe que tentou, tentou, tentou e descobriu
que naturalmente não seria possível engravidar. Tem mãe que adiou e escolheu o
momento certo para se dedicar, mas o relógio biológico não acompanhou o ritmo.
Tem mãe que engravidou, perdeu, engravidou de novo, perdeu de novo. Mas a
grande maioria não desistiu!
A
medicina oferece recursos para que quase todas as mulheres tenham pelo menos
uma chance de ser mãe, se isso for um sonho e um desejo irrevogável.
Para
algumas, é necessário tomar alguns medicamentos e corrigir o equilíbrio do
organismo. Em outros casos, além de medicamentos, a futura mamãe também precisa
de uma ajudinha médica para a inseminação acontecer. Já outras precisam que seu
material genético, junto com o do parceiro, vá para o laboratório antes de ser
inserido em seu útero.
Outras
mãezinhas precisaram de um pouco mais da evolução da medicina, seja na busca
por bancos de sêmen ou na doação de óvulos. Aliás, aqui reservo um
agradecimento especial às mulheres que doaram parte de seus óvulos para que
outras pudessem realizar o sonho da maternidade. Ser mãe também é cumplicidade!
Devo citar a mulher que precisou acompanhar a gestação por
uma outra barriga, que não a sua. Aqui também merece destaque a mulher que
cedeu seu ventre para permitir que outra realizasse o desejo de ser mãe. É um
ato de coragem e amor.
Por fim,
não posso esquecer da mãe que tentou passar por todos esses processos, mas,
mesmo sem sucesso, não desistiu e se dedicou a uma criança já nascida e, muitas
vezes, já crescida. A adoção é um lindo ato.
Não
importa o caminho. Não importa como, quando, onde e por quê. Todas se
dedicaram. Biológicas, emprestadas, adotadas, por inseminação, por
fertilização, por tratamento, por reprodução assistida, mãe que na verdade é
tia, mãe que é avó. Todas, absolutamente todas, são mães. Parabéns pelo seu
dia!
Cláudia Navarro - especialista em
reprodução assistida e diretora clínica da Life Search. Graduada em Medicina
pela UFMG em 1988, Cláudia titulou-se mestre e doutora em medicina (obstetrícia
e ginecologia) pela instituição federal. Atualmente, atua na área de reprodução
humana, trabalhando principalmente os seguintes temas: infertilidade,
reprodução assistida, endocrinologia ginecológica, doação e congelamento de
gametas.
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