Levantamento foi realizado em duas ondas, entre os
dias 9 de abril e 5 de maio, e recebeu respostas de brasileiros de todas as
regiões do País. A margem de erro é de 3% para o total da amostra
Pesquisa encomendada pelo Banco do Brasil e
realizada pela consultoria FutureBrand São Paulo aponta que a crise gerada com
a pandemia do novo coronavírus afetou fortemente a vida pessoal e profissional
da população brasileira.
Para
se ter ideia, cerca de dois terços dos entrevistados afirmaram ter suas
dinâmicas de trabalho diretamente afetadas. Enquanto 32% das pessoas
pesquisadas não estão mais trabalhando, outros 21% tiveram redução em sua
jornada de trabalho e 22% passaram a trabalhar em casa. Entre as pertencentes
às classes C e D/E, 40% das pessoas pararam de trabalhar.
Estes números explicam o pessimismo presente
na população com relação à superação da crise.
Na
segunda onda do levantamento (realizada entre os dias 23 de abril e cinco de
maio), 32% dos entrevistados afirmaram acreditar que o Brasil vai levar mais de
um ano para superar a crise – frente a 26% da primeira onda da pesquisa. No
recorte de classe social o pessimismo fica ainda mais evidente entre os
pertencentes à Classe A: aumentou em 20% o número de pessoas que acreditam que
não superaremos a crise em menos de seis meses (82,4% versus 61,7% na primeira
onda).
Neste
cenário, 85% dos entrevistados temem passar por problemas financeiros durante a
pandemia e 90% afirmam que pretendem economizar dinheiro quando a crise passar.
A preocupação com a saúde, entretanto, fica à frente nos dois momentos:
enquanto durante a pandemia do novo coronavírus 94% dos entrevistados afirmam
se preocupar com a saúde dos amigos e familiares, quando a crise passar 93% da
amostra pretende cuidar mais da própria saúde.
A vida será como antes?
Para a maioria dos entrevistados haverá grandes
mudanças quando passar a pandemia. Entre os perfis que mais acreditam na
alteração do estilo de vida estão as mulheres (55%), aqueles entrevistados que
tiveram suas rotinas profissionais alteradas (54%) e os que deixaram de
trabalhar (54%). As mulheres, inclusive, pretendem dedicar mais tempo para si
(76% versus 66% dos homens).
Vale
ressaltar que as mulheres compõem o público mais sensível ao momento. Toda essa
apreensão gera insegurança, ansiedade e sentido de paralisia, sem conseguir
tomar grandes decisões no momento (atributos avaliados pela pesquisa no qual as
mulheres apresentem índices de concordância maiores significativamente maiores
que os dos homens).
Neste
sentido, tanto para homens quanto para mulheres, a preocupação com a saúde de
amigos e familiares é muito maior que com sua própria saúde (94% vs. 63%). Para
Daniel Alencar, sócio e diretor da FutureBrand São Paulo, “estes números
denotam o senso de invencibilidade tão comum entre os brasileiros”.
O
estudo aponta que a crise está impactando as pessoas de forma diferente de
acordo com sua classe social. Comparativamente, a classe A está mais preocupada
com sua saúde e menos com as questões financeiras – tendendo a mudar menos sua quantidade de consumo, mas adicionando marcas
mais conscientes. Eles se sentem mais solitários e isolados,
embora comparativamente mais felizes em ficar em casa. Já as classes C e D/E,
se preocupam mais com as questões financeiras, especialmente, aqueles que não
estão trabalhando. Eles também são menos esperançosos em relação o futuro.
Quando
olhamos para a diferença entre faixas etárias, é possível perceber que a
maturidade torna as pessoas mais resilientes e positivas. Os entrevistados
acima de 40 anos tendem minimizar a gravidade da crise. Um maior percentual
entre eles acredita que o mundo será diferente após a crise e que ela
impulsionará mudanças positivas para a sociedade. Outro destaque é que este
público está se sentindo menos solitário e entediado do que a média.
Marcas e consumidores
De
acordo com o estudo, 77% dos entrevistados valorizam as marcas que estão
desenvolvendo investindo em iniciativas para combater ou minimizar a crise
gerada pela Covid-19 e 73% têm certeza de que a ação anunciada pelas marcas
será realmente feita. Para se ter ideia, 45% dos entrevistados da classe A
pretendem comprar mais de marcas engajadas no combate à doença. Homens e pessoas acima dos 40 anos são mais exigentes e mais propensos a
acreditar que marcas são oportunistas (7 % para ambos). Já entre os
millennials, um percentual maior de pessoas acredita que as marcas não fazem
mais do que sua obrigação.
Entre
as marcas mais lembradas espontaneamente por estarem se destacando no
investimento em iniciativas para combater a Covid-19 estão Itaú, Ambev,
Magazine Luiza, Natura, Bradesco, Americanas, Banco do Brasil, Caixa,
Santander, Nestlé, O Boticário e Vivo.
Daniel
Alencar ressalta que é o momento de as marcas colocarem em prática os seus
valores e seu propósito. “A pesquisa mostra como estas iniciativas estão sendo
valorizadas pelas pessoas, elas nutrem o vínculo emocional das marcas com seus
públicos, tornando-os mais leais”. Para ele, diluir os esforços tende a não
gerar o mesmo impacto. “Os números mostram que, para fortalecer a marca, não
adianta apenas investir em iniciativas relevantes, é preciso comunicar de forma
eficiente. No momento em que todas as marcas estão explorando a mesma temática,
é preciso concentrar esforços em torno de uma mensagem simples e clara”,
destaca Alencar.
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