Especialista explica a importância de mudar a mentalidade
para melhorar a situação financeira, principalmente em tempos de crise
A paralisação de várias atividades produtivas por
causa do coronavírus tem impactado não apenas na economia das cidades e do
país, mas também o bolso das pessoas. Com a renda familiar prejudicada e um
cenário de incertezas ainda persistente, o desenvolvimento da inteligência
financeira é essencial para ajudar na administração das finanças e na
organização do orçamento familiar.
Para Sérgio Pessoa, coach de finanças da
Febracis-Belo Horizonte, o momento atual exige adaptação. “É preciso buscar
fontes alternativas de renda, ajustar despesas, renegociar dívidas e o mais
importante: fazer um planeamento para o longo prazo. Um levantamento detalhado
das receitas e os gastos dos próximos meses permitirá, por exemplo, uma
definição do fluxo de caixa e a distinção entre as despesas essenciais e as
supérfluas, resultando em um respiro financeiro” explica.
Segundo ele, o planejamento é um dos pilares da
inteligência financeira. “Este conceito refere-se à capacidade de obter bons
resultados na administração do orçamento pessoal e familiar, a partir de seus
pensamentos, sentimentos e comportamentos. Mais do que construir uma planilha
para registrar receitas e os gastos, é sobre a criação do hábito de reavaliar e
adaptar essas informações, buscando aprendizados que gerarão resultados cada
vez melhores”, afirma.
No entanto, muitas pessoas ainda não sabem ou não
compreendem a importância da aquisição da inteligência financeira, e direcionam
todos os seus esforços às situações momentâneas. Sérgio explica que essa
dificuldade está relacionada à mentalidade. “Nós crescemos ouvindo frases de
efeito, tais como ‘dinheiro não dá em árvore’. E essas informações se tornam
crenças, ou seja, aprendizados emocionais que nos acompanham por toda a vida,
ainda que de modo inconsciente”, diz. Essas crenças muitas vezes resultam em
comportamentos negativos, tais como: falta de disciplina e motivação, impulsividade
e pessimismo.
Sobre o caminho para adquirir a inteligência
financeira, Sérgio argumenta que o primeiro passo é buscar referências
positivas. “É preciso fazer uma imersão no assunto, um bom ponto de partida é
consumir conteúdos que abordam a temática. Nesse sentido, indico ‘Criação de
riqueza’, de Paulo Vieira. Também é importante rodear-se de pessoas que
compartilham do mesmo objetivo, para que sejam parceiros nessa caminhada.”
O especialista acrescenta que uma administração eficiente
das finanças não depende de sorte ou habilidades naturais. “É uma
habilidade proveniente de conhecimento, da utilização de ferramentas e de
técnicas, as quais podem ser facilmente aprendidas e exercitadas. É um
esforço que pode ser comparado ao da musculação, mas em vez de definir os
músculos, o objetivo é o desenvolvimento de comportamentos positivos. Por
isso é um conceito que está intimamente relacionado à inteligência emocional,
ou seja, a capacidade de equilibrar ações e emoções”, conclui.
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