O mundo
hoje tem acordado em alerta devido à epidemia do vírus Covid-19. O alerta deve
vir acompanhado sempre de informações de prevenção, procura de ajuda,
tratamentos, entre outras; contudo, também é necessário estar atento a quem
emite tal alerta, pois há um perigo ainda maior do que a epidemia do vírus: a
epidemia do pânico.
Recentemente, devido ao pânico gerado pelo
coronavírus, alguns mercados foram saqueados em busca de máscaras e álcool em
gel. Hospitais começaram a regular as máscaras, pois alguns indivíduos que
chegavam ao local acabavam por furtá-las, já que estavam em falta nos mercados.
Isso demonstra um profundo medo da população diante da epidemia do coronavírus,
a tal ponto que as pessoas entram em um estado de pânico epidêmico e, quando
isso acontece, é comum esperar violências de todos os tipos.
O pânico é um estado
mental que contagia não somente quem está próximo, mas também pessoas
conectadas às redes sociais, canais de televisão e qualquer outra forma de
comunicação tecnológica. O ser humano, por ser uma espécie que vive em grupo,
tem maior facilidade em contagiar e se contagiar por fortes emoções. Hoje, a
Ciência já descobriu que quanto maior o vínculo entre pessoas, maior é o
contágio psíquico entre elas, por isso um indivíduo ri quando outro ri, chora
quando o outro chora, sente fome, ânsias, etc..
O estado de pânico é uma
condição primitiva, ou seja, assim como em todos os animais, ele garante desde
sempre a sobrevivência do indivíduo ou do grupo. No ser humano, por possuir uma
consciência mais desenvolvida, o pânico não surge somente da forma instintiva
"ação-reação", como um cão fugindo do carro. O pânico passa a ser um
estado mental em que o indivíduo ou grupo acaba por permanecer em estado
constante de pânico, se estimulado. Parte da grande mídia, com suas notícias
sensacionalistas, cumpre o papel de trazer esse estado de pânico para a
população ininterruptamente, que por sua vez, acaba por contagiar outros
indivíduos por meio das redes sociais, gerando um efeito epidêmico de pânico.
O contágio de pânico não
acontece somente hoje, diante da epidemia do coronavírus. Basta lembrar as
filas intermináveis da vacina da febre amarela, a procura por gasolina na greve
dos caminhoneiros, ou então, de casos como a novela de Orson Welles cuja
transmissão radiofônica gerou um contágio de pânico sem igual, levando as
pessoas que se contagiavam à morte súbita, suicídios, saques generalizados,
entre outras situações.
Diante disso, o que a
população pode fazer? Obter informações consistentes e reais, nos portais e
canais comprometidos com a verdade, e consultar profissionais de saúde, a fim
de se precaver. O pânico gerado por leigos, neste caso, serve somente para atrapalhar
uma situação que já é complexa.
Leonardo Torres - Professor e Palestrante,
Doutorando em Comunicação e Pós-graduando em Psicologia Junguiana
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