O Coranavírus é uma realidade e mudou a rotina de
todos, inclusive a minha. Logo eu que sempre digo para mim mesmo e para todos
que me seguem nas mídias sociais: “Vamos. Não pega leva com você. Você pode
mais”. Esse pensamento que eu acredito é uma verdade, mas não nessa situação
específica. Agora não é hora, não é tempo de se cobrar tanto. Não, enquanto
temos a nossa realidade, a nossa rotina alterada por cota desse vírus. Agora,
para todos que podem, é momento de ficar em casa, rever as atividades, cuidar
ainda mais da família.
Afinal, você colocaria a vida de uma pessoa que ama
em risco? Estamos passando por uma situação bem complexa no mundo todo,
trata-se de uma pandemia. Quando você não para, não se recolhe, não faz o
isolamento, coloca as pessoas, inclusive, um ente querido em risco. Um familiar
seu pode vir a óbito por conta disso. O ciclo de vida desse ente pode dar-se
por encerrado na Terra por causa de um vírus que, quem sabe, poderia ter o
contagio evitado. Com o isolamento, podemos fazer com que essa transmissão não
aconteça, mas é preciso entender que quarentena não é férias. Não é porque você
não vai trabalhar em seu ambiente normal que você pode aproveitar esse período
para ter atitudes irresponsáveis. Temos habilidade cognitiva suficiente para
perceber que a coisa está exponencial, piorando a cada dia.
Precisamos usar nossa inteligência, criatividade e,
acima de tudo, responsabilidade. Defendo sempre que, em primeiro lugar na nossa
vida vem a saúde, depois a família e só então devemos pensar no trabalho. Mas
nessas horas de incertezas, percebemos o quanto nossa rotina é importante, e o
quanto instáveis nos sentimos por não saber o que fazer. Apesar de
persistência, foco e hábitos serem guias essenciais para o sucesso dos nossos
projetos, em tempos como os que estamos vivendo agora, não podemos pegar tão
pesado conosco. Pegar leve significa protegermos nossa saúde mental e
psicológica, além da convivência familiar.
O peso da rotina na exceção
Você sabia que a cobrança de manter a mesma rotina
em situações diferentes pode ser um gatilho para desenvolver transtornos?
Segundo estudo do The American Journal of Psychiatry, 19% das pessoas pesquisadas
tinham transtorno de ajustamento que persistiam três meses após a mudança,
muitas vezes por tentar, forçadamente, seguir a rotina acostumada, gerando
dificuldade para dormir, ansiedade e até depressão, por exemplo. Por isso,
entender que precisamos nos adequar as situações é muito importante.
Estamos vivendo uma exceção, então lide com a
situação como uma exceção, ela não é constante. Se permita fazer diferente. Se
não der para ir para a academia, faça os exercícios em casa; se não conseguir
fazer sua atividade física diária por ter outras funções novas, tudo bem, a
situação pediu que você atendesse outra demanda.
Vou dar um exemplo para vocês de como a minha
rotina mudou, e não tem problema nenhum nisso, a situação pede adaptação: no
meu dia a dia, a minha rotina de entrada é muito importante. Começo meu dia com
uma rotina de entrada de TLA, ou seja, toca o despertador, eu levanto e me
envolvo com água, seja um banho, ou o simples ato de lavar o rosto. Normalmente
faço as minhas lives às 5h07 da manhã e sigo para fazer os meus exercícios
matinais.
No entanto, nesse momento, a academia estava
fechada, a do meu condomínio também. Moro em Santos, mas não posso e não devo
correr na praia, pois a orientação é evitar sair de casa. A saída é
manter a prática em casa, mas não é todo dia que isso dá certo. Tem dia que o
meu filho acorda, minha esposa tem que levantar-se diversas vezes para
amamentar. Então com tanta alteração, tenho decidido ficar com o meu filho
durante a manhãs que forem necessárias, assim minha esposa pode descansar. E
está tudo bem. A situação pediu que eu alterasse a minha rotina, e se amanhã,
por algum outro motivo, não der também, tudo bem de novo.
Quem tem criança em casa sabe que os pequenos
sentem toda essa energia diferente, e as vezes não conseguimos pensar em uma
atividade mirabolante, educativa e lúdica para ocupar o tempo. Se precisar usar
a tecnologia, por exemplo, como um recurso pontual nessas horas, não se cobre,
você não será o “pior” ou um “irresponsável” por isso. Use todas as ferramentas
que tem disponível, vá no seu tempo. O estresse e tensão gerados pela vontade
de manter uma rotina externa, dentro de casa, pode trazer maiores
consequências.
Mas atenção, não se cobrar pela mudança da rotina
não é ficar parado. É aceitar e se reinventar. Não deixe suas obrigações
de lado, apenas as adapte e faça no seu tempo, você dá conta. Os hábitos e
rotinas foram afetados drasticamente, portando se cobre menos com as coisas que
você vai deixar de fazer para fazer o que está aparecendo no meio do caminho,
porque quarentena não é férias. E aproveita para ficar atento a todas as
recomendações do Ministério da Saúde, como lavar sempre as mãos, desinfetar os
objetos que vieram de fora, e principalmente, ficar em casa (quem conseguir).
Joel Moraes - ex-nadador da seleção brasileira, mestre em
esportes pela EEFE-USP e autor do livro Esteja, viva, permaneça 100% presente.
Foi coordenador geral do Instituto Neymar e professor universitário.
Atuou no esporte nos mais variados setores como: gestão de imagem de atletas,
eventos e treinamento. Atualmente, Joel Moraes é empresário, investidor e
influencer digital, que tem como missão fazer pessoas comuns se tornarem
atletas de alta performance em suas vidas.
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