Cremos que a maior tragédia
brasileira, afora a corrupção, esteja na comunicação entre os políticos e
a população.
Por governabilidade poderia
se dizer que um governo é feito por meio de leis, aprovada por outro poder;
também deve ser aprovado pela população. Sem isso, é tiro no peito (Getúlio),
renúncia (Jânio), impeachment (Collor) e impeachment (Dilma). Impeachment
poderia ser substituído por "despedida do governo".
A população não dá valor à
ignorância, mas também não adere ao que não entende. O ideal num infeliz regime
presidencialista seria um candidato com experiência e conhecimento que falasse
a linguagem simples do povo.
O risco é enorme, porque o
povo tende a dar seu voto àquele que compreendeu. E nem sempre será o melhor.
Vejam
apenas três exemplos: "déficit primário", "Spread" e
"IVA"
O primeiro poderia ser
substituído por bandalheira, gasto do dinheiro do povo que é gerido pelo
governo acima do que é possível gastar; o segundo é o lucro dos bancos: os
juros que nos pagam são muito menores do que os juros que ganham, ao dar um
empréstimo; e o "IVA" é "imposto sobre valor agregado", ou
seja, imposto sobre a produção e o comércio.
Falar distante do povo vai
da esquerda, passa pelo centro e chega na direita. Marx deu ao lucro excessivo
dos patrões o nome de "mais valia"; o fascismo falava em "longa
mão" do Estado; o centro usa as palavras de professor do candidato Meirelles.
Quanta falta nos faz um
Alberto Caieiro, o poeta rústico das ovelhas, simples, direto, criado por
Fernando Pessoa e, não sem razão, a preferida de suas criaturas.
Os que manipulam a vontade
do povo neste País não param de criar siglas e expressões incompreensíveis pelo
povo. Assim, este é dominado. Se precisamos de educação, precisamos mais de
educação voltada para entender-se a linguagem dos políticos, governantes,
juízes.
Acabar com o hábito de falar
por siglas e por expressões, que a maioria não compreende, é a melhor
democracia que podemos querer.
E assim, sem entender o que
está a fazer, nosso eleitor comparece às urnas de uma democracia de faz de
conta.
Os brasileiros ficaram
acordados até a madrugada de hoje e, com certeza, a maioria dos eleitores foi
esclarecida de muito pouca coisa. Zero a zero, ocho.
Amadeu Garrido de
Paula - Advogado, sócio do
Escritório Garrido de Paula Advogados.
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