A prematuridade e a
qualidade do toque determinam a extensão das respostas cerebrais atenuadas
Os
bebês recém-nascidos experimentam o mundo através do toque. Agora, os
pesquisadores que mediram as respostas cerebrais de 125 crianças - incluindo
bebês que nasceram prematuramente e outros que nasceram a termo - mostram que
as primeiras experiências de toque do bebê têm efeitos duradouros sobre o modo
como seus cérebros respondem ao toque gentil, quando eles vão para casa.
Os
resultados,
relatados em Current Biology, são mais uma lembrança da importância do
toque gentil para o desenvolvimento sensorial normal dos bebês. Eles têm
implicações particulares para o cuidado recebido pelos 15 milhões de bebês
nascidos prematuramente a cada ano, que, muitas vezes, devem passar longos
períodos de tempo em unidades de terapia intensiva neonatal (UTINs).
“Certificar-se
de que os bebês prematuros recebam um contato positivo e de apoio, como o
contato pele a pele dos pais, é essencial para ajudar seus cérebros a responderem
ao toque gentil de maneira semelhante à dos bebês que nasceram a termo. Quando
os pais não conseguem fazer isso, os hospitais podem determinar que terapeutas
ocupacionais ou outros profissionais mantenham a experiência de toque
cuidadosamente planejada aos prematuros”, afirma o pediatra e homeopata Moises
Chencinski (CRM-SP 36.349).
Para
chegar a essas conclusões, os pesquisadores recrutaram 125 bebês nascidos
prematuros com idade gestacional de 24 a 36 semanas e bebês nascidos de 38 a 42
semanas. Antes que esses bebês tivessem alta do hospital, os pesquisadores
fizeram um eletroencefalograma para medir as respostas cerebrais dos
bebês a um sopro de ar em comparação com um sopro "falso".
De
um modo geral, essas medidas mostraram que os bebês prematuros eram mais
propensos que os bebês nascidos a termo a ter uma resposta cerebral reduzida ao
toque suave. Outras análises mostraram que a resposta do cérebro ao toque foi
mais forte quando os bebês das UTINs passaram mais tempo em contato gentil com
seus pais ou prestadores de cuidados de saúde. Em contraste, bebês prematuros
que foram submetidos a procedimentos médicos mais dolorosos, mostravam menos
resposta ao toque suave mais tarde. Isso foi verdade, apesar do fato de os
bebês terem recebido medicamentos contra a dor e açúcar para tornar esses
procedimentos mais fáceis de suportar.
“Certamente,
experiências de contato mais positivas no hospital ajudam os bebês a ter uma
percepção de toque mais típica quando eles forem para casa. Mas, os
pesquisadores ficaram muito surpresos ao descobrir que se os bebês experimentam
procedimentos mais dolorosos no início da vida, sua reação ao toque suave pode
ser afetada”, diz Chencinski.
Com
base nas novas descobertas, os pesquisadores estão criando novas formas de
proporcionar um contato positivo nas UTINs. Eles também estão investigando como
a resposta cerebral do bebê ao toque interage com a resposta do cérebro ao som
da voz de uma pessoa.
“Para
os novos pais, incluindo aqueles cujos filhos pequenos devem sofrer
procedimentos médicos difíceis, é importante saber: seu toque importa mais do
que podemos pensar”, destaca o pediatra.
Moises
Chencinski
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