Profissionais da Clínica Dr. Walter Minicucci comentam se é mesmo necessário retirá-lo da alimentação
Exemplos
de dietas sem glúten que prometem benefícios e emagrecimento rápido se
multiplicam pela internet e, por conta própria, muita gente começou a cortar os
alimentos com glúten do cardápio. Ao mesmo tempo, há quem se pergunte se eles
são mesmo tão prejudiciais na alimentação.
Para
quem tem a chamada doença celíaca, o glúten, de fato, precisa ser banido do
cardápio, mas é importante ressaltar que a intolerância ao glúten não é tão
frequente como vem sendo divulgado, conforme explicam os profissionais da
Clínica Dr. Walter Minicucci, de Campinas.
Dr.
Walter Minicucci comenta: “a doença celíaca é causada pela intolerância ao
glúten, uma proteína presente em vários alimentos, como trigo e cevada. Nos
portadores da doença, o organismo tem dificuldade de absorver os nutrientes dos
alimentos, vitaminas, sais minerais e água. Os sintomas mais graves são
diarreia, vômito, perda de peso, inchaço nas pernas, anemia, alterações na
pele, fraqueza das unhas, queda de pelos, diminuição da fertilidade, alterações
do ciclo menstrual e sinais de desnutrição”.
A
nutricionista da clínica, Dra. Maria Caroline Souza Netto, completa: “por ser
uma doença auto imune, ela pode aparecer em qualquer idade e os sintomas podem
se manifestar em diferentes intensidades. O diagnóstico em muitos casos é
tardio justamente porque a pessoa acaba apresentando sintomas mais brandos,
como cólicas e desconfortos abdominais”.
O
diagnóstico preciso é feito por meio de exames de sangue juntamente com
endoscopia com biópsia, procedimento necessário para detectar mudanças na
parede do intestino delgado. O tratamento é cortar o glúten da dieta, o que é
um desafio, já que ele aparece em alimentos como trigo, aveia, cevada, centeio
e todos os seus derivados, como massas, pizzas, bolos, pães, biscoitos,
cerveja, entre outros. “Evitar o glúten é mesmo uma tarefa difícil, pois ele
está presente em muitos produtos, mas hoje já existem muitas opções,
alternativas e até receitas para serem feitas em casa”, explica a nutricionista.
Para
pessoas com sintomas muito severos, qualquer contato com o glúten precisa ser
evitado, por isso é preciso ter muito cuidado ao se alimentar fora de casa. Há
quem passe mal somente pela contaminação indireta do alimento, que pode ocorrer
durante a preparação, em que traços ou mesmo apenas partículas de glúten de
outros alimentos contaminam o prato. A chamada ‘contaminação cruzada’, aliás,
pode ocorrer até mesmo nas etapas de colheita, armazenamento e transporte
dos alimentos.
Pacientes
com diabetes tipo 1 têm maior risco de desenvolver a doença celíaca
Segundo
Dr. Alessandro Capatti, endocrinologista da clínica Dr. Walter Minicucci,
pacientes portadores de diabetes tipo 1 apresentam maior risco de desenvolver a
doença celíaca, pois ambas são consideradas doenças autoimunes, ou seja, há
produção de anticorpos pelo próprio organismo. “No caso do diabetes, o
organismo produz anticorpos contra as células do pâncreas; no caso da doença
celíaca, contra algumas proteínas e enzimas relacionadas à absorção de
nutrientes pelo intestino delgado”, comenta.
Menos
de 10% dos portadores de diabetes têm o diabetes tipo 1, em que o pâncreas
deixa de produzir insulina. Geralmente a doença aparece na infância ou
adolescência, mas seu surgimento não depende de dieta, sedentarismo ou algum
fator claramente sabido. Deve ser tratada com insulina, dieta específica e
atividades físicas. “Em portadores de diabetes, a doença celíaca não tratada
aumenta o risco de hipoglicemia, e leva à piora geral do controle do diabetes,
além de prejudicar o desenvolvimento das crianças, aumentar o risco de doenças
como osteoporose na vida adulta e outras deficiências de vitaminas e minerais”,
alerta Dr. Walter Minicucci.
Habitualmente encontrado no trigo e outros grãos relacionados, tais como a cevada e o centeio, o glúten é um composto formado a partir de várias proteínas e confere textura, sabor e mastigabilidade para os alimentos.
Cortar o glúten da dieta emagrece?
Segundo a nutricionista Dra. Maria Caroline Souza Netto, a perda de peso ao eliminar o glúten do cardápio, na verdade, está ligada a menor ingestão de calorias e carboidratos. “Para eliminar o glúten, as pessoas naturalmente cortam da dieta uma série de alimentos como pães, massas, doces, então, na verdade, ela está emagrecendo porque está ingerindo menos calorias”, explica a especialista, mestre em Saúde da Criança e do Adolescente pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
Para pessoas que precisam mesmo restringir o glúten da dieta, a nutricionista orienta que se busque ajuda profissional. “Quando é preciso adotar uma dieta muito restritiva, por motivos de saúde, como é o caso das pessoas portadoras da doença celíaca, é importante ter um auxílio profissional para que de alguma maneira a pessoa faça ingestão das vitaminas e nutrientes necessários e conheça quais substituições saudáveis ela pode realizar. No mais, já se sabe que o ideal, para todos, é adotar uma alimentação equilibrada, pensando na adoção de hábitos saudáveis em longo prazo. Manter o controle do peso é sim, importante, pois sabemos que a obesidade é fator preponderante para uma série de doenças, como o diabetes, mas dietas radicais não costumam dar resultados a longo prazo e podem até prejudicar a saúde”, alerta a nutricionista.
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