Fernanda Philadelpho, radiologista mamária da Clínica de
Diagnóstico por Imagem, comenta o assunto
Instituído há quatro anos, o 5 de fevereiro é considerado o Dia
Nacional da Mamografia. A data foi criada por projeto de lei da ex-ministra da
Secretaria dos Direitos Humanos, Maria do Rosário, e objetiva sensibilizar as
mulheres para a importância de realizar o exame para a detecção precoce do
câncer de mama.
O câncer de mama é a
principal causa mundial de morte pela doença na população feminina,
principalmente na faixa entre 39 e 58 anos. Cerca de 1,4 milhão de casos novos
dessa neoplasia são esperados anualmente em todo o mundo, o que representa 23%
de todos os tipos de câncer. No Brasil, são estimados mais de 50 mil novos
casos por ano.
Segundo Fernanda Philadelpho, radiologista mamária da Clínica de
Diagnóstico por Imagem (CDPI), no Rio de Janeiro, esse tipo de câncer não
possui causa definida, mas alguns fatores de risco são conhecidos, como
histórico familiar (mãe ou irmã com esse tipo de tumor na pré-menopausa) e a
presença de alterações genéticas (modificações nos genes associados à doença –
BRCA1 e BRCA2). “Quanto mais cedo for diagnosticada a predisposição à doença e
a paciente iniciar o acompanhamento médico e a realização de exames periódicos,
mais chances ela terá de se curar”, afirma.
As mulheres devem ficar
atentas aos sintomas do câncer de mama e, assim que um deles for percebido,
procurar um médico o mais rápido possível.
Os principais sinais são o aparecimento de ínguas nas axilas,
modificações na forma e no tamanho das mamas, saída de secreção escura ou com
sangue pelo mamilo e modificações na pele, na aréola mamária ou no mamilo. “Não
são todos os nódulos palpáveis na mama que representam um tumor maligno. Também
existem as alterações benignas, como os cistos e os fibroadenomas, que podem
ser percebidos ao toque e têm evolução favorável”, lembra a médica.
O diagnóstico precoce do
câncer mamário pode ser feito pelo exame clínico das mamas (realizado por
profissionais da saúde especializados) e por exames de imagem, como mamografia
e ultrassonografia.
A mamografia é um exame de raios X das mamas que detecta
alterações sugestivas de câncer, mesmo em seu estágio precoce, antes de se
tornar palpável. Capaz de fornecer resultados mais precoces, esse diagnóstico
pode diminuir as chances de morte da paciente pelo câncer de 30% a 70%. As
mulheres devem realizar esse exame pela primeira vez aos 40 anos e se submeter
a controles anuais a partir de então.
Já a ultrassonografia não
é um método de rastreamento do tumor mamário, mas é um importante adjunto em
determinadas condições. Também é muito importante na orientação de punções de
nódulos, que podem ser cistos, passíveis ou não de serem aspirados e
resolvidos.
Câncer de mama em jovens
No caso de pacientes com menos de 40 anos, a doença costuma ser
descoberta em estágios mais avançados, uma vez que essas pacientes não estão
inseridas na rotina de rastreamento da doença e somente buscam auxílio médico
quando o tumor já se apresenta palpável. “Para as jovens não é indicada a
mamografia sem recomendação médica, já que é um exame que inclui a emissão de
radiação ionizante que, quando aplicada de forma excessiva, pode ser nociva à saúde.
Por isso, não devemos antecipar a inclusão da mamografia no cotidiano de uma
mulher precocemente, caso ela não tenha histórico familiar ou alterações
genéticas que justifiquem o exame”, ressalta.
Já para as pacientes com mais de 40 anos, que já realizam
mamografia, mas que apresentam mamas densas, uma das alternativas para o
diagnóstico de câncer é a mamografia digital. Uma pesquisa multicêntrica
desenvolvida nos Estados Unidos com cerca de 50 mil mulheres demonstrou que a
mamografia digital é mais eficaz na detecção de câncer, principalmente em
pacientes jovens ou perto da menopausa. Em comparação com o exame analógico,
ela tem mais recursos que podem tornar a análise mais apurada, como ampliação
digital e possibilidade de manipulação do brilho e do contraste do exame, e é
especialmente indicada para mulheres com mamas densas. “Na mamografia digital,
os raios X emitidos pelo aparelho são transformados em sinal elétrico, por meio
de tecnologia apropriada, que são repassados a um monitor de alta resolução”,
explica Fernanda.
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