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quarta-feira, 29 de abril de 2020

Dengue pode causar problemas no coração


A doença transmitida pelo mosquito também é uma ameaça em meio a pandemia do coronavírus no Brasil


No ano passado, o Brasil registrou 1.544.987 casos de dengue. Segundo dados do Ministério da Saúde, houve um aumento de 488% em relação ao ano anterior, o que torna a dengue uma das doenças mais frequentes em nosso país. Transmitida pelo mosquito Aedes aegypti, a doença, que causa febre alta, erupções cutâneas e dores musculares e articulares intensa, também pode prejudicar a saúde cardiovascular.

De acordo com o cirurgião cardíaco e membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Cardiovascular, Dr. Elcio Pires Junior, pacientes que tiveram a dengue devem estar atentos aos sintomas que indiquem problemas no coração. “As infecções causadas pela dengue provocam uma reação natural de defesa do organismo, a inflamação. É comum que o organismo provoque inflamações excessivas durante o processo de cura e danifique alguns órgãos, como o coração”, alerta o especialista.

Enquanto o mundo está focado nas ameaças causadas pelo novo coronavírus, pouco tem se falado sobre a dengue. A estação, já propícia para infecções das vias aéreas superiores, também é marcada pelos casos de dengue em todo o país.

“Além de sentirem os sintomas comuns da dengue como dor ao movimentar os olhos, mal estar, falta de apetite, dor de cabeça e manchas vermelhas no corpo, se a inflamação afetar o coração, o paciente pode sofrer com o aumento do tamanho do órgão e arritmias, causados pela miocardite”, explica o médico.

Embora a maioria das complicações ao coração causadas pela dengue desapareçam após a infecção, o acompanhamento com um especialista impede as sequelas e o surgimento de outras doenças do coração.

Para os pacientes com doenças crônicas em geral, acima dos 60 anos e que foram diagnosticados com dengue, a orientação médica é indispensável, principalmente para aqueles que já forem cardiopatas. “Se a dengue for hemorrágica, a recomendação pode ser a suspensão de medicamentos para a hipertensão. Porém, cada caso é avaliado individualmente dependendo da condição de cada paciente. Portanto, em caso de suspeita de dengue, busque ajuda especializada”, conta o cirurgião.

A melhor prevenção contra a dengue ainda é evitando a proliferação do mosquito transmissor da doença. “Elimine toda a água parada que possa se tornar um possível criadouro: vasos de plantas, pneus, garrafas, piscinas sem manutenção, recipientes ou caixas d’agua destampadas. Lembre-se que a prevenção da dengue é uma ação conjunta e que cada um deve fazer a sua parte”, finaliza o especialista.






Dr. Elcio Pires Junior - coordenador da cirurgia cardiovascular do Hospital e Maternidade Sino Brasileiro - Rede D'or - Osasco, e coordenador da cirurgia cardiovascular do Hospital Bom Clima de Guarulhos, cirurgião cardiovascular pela equipe do Dr. André Franchini no Hospital Madre Theodora de Campinas. É membro especialista da Sociedade Brasileira de Cirurgia Cardiovascular e membro internacional da The Society of Thoracic Surgeons dos EUA. Especialista em Cirurgia Endovascular e Angiorradiologia pela Santa Casa de Misericórdia de São Paulo.

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O QUE ESTÁ POR TRÁS DO NÃO USO DE MÁSCARAS PARA A COVID-19?


A Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou, neste mês de abril, recente estudo que comprova que o uso de máscaras, sejam elas caseiras ou descartáveis, reduz em 78% a possibilidade de uma pessoa ser contaminada com a nova doença infecciosa Covid-19. A medida, quando somada a outros métodos protetivos, pode alcançar até 98% de eficiência.

Então, por que é tão comum vermos pessoas de “cara limpa” perambulando por aí? É idoso, que pertence à parcela da população considerada de risco, fazendo compras no supermercado como se nada tivesse acontecendo, pessoas “de bem” jogando futevôlei nas areias da praia de Copacabana e até influenciadora digital dando festas de arromba em seu mundinho particular.

Para a psicanalista austríaca especializada no desenvolvimento psicossexual de crianças, Melanie Klein, tudo não passa de inveja. Quando os indivíduos não conseguem, não querem ou não veem vantagem em enxergar tudo aquilo que é bom e divino dentro de si, passam a cobiçar e a atacar, do lado de fora, todas as maravilhas que permeiam a existência humana.

Em alguns casos mais graves, em que a inveja assume papel de protagonista na vida da pessoa e passa a guiar quase todos os seus movimentos cotidianos, acrescenta Klein, este sentimento está tão escondido e tão arraigado na personalidade que, em vez de ansiar e querer destruir o que “fulano” possui, ele inverte o movimento, trazendo o duelo para um nível mais profundo.

Isto é. Já que “A” dá valor à vida (usa máscaras de proteção contra o novo Coronavírus) e eu morro de inveja dessa atitude, já que não a faço, em vez de querer destruí-lo (e me livrar da inveja), por que não eu mesmo não fazer uso do acessório? Assim, ao não mais existir, eu elimino, em uma tacada só, a minha própria inveja e tudo que vem de bônus com ela.

Aí, você já viu: “Vou-me embora, mas levo comigo a capacidade parar criar que ambiciono nos meus colegas de profissão. Parto desta para melhor, mas ganhar dinheiro, que é algo que não consigo, mas todos conseguem, sumirá do meu campo de visão. E, se for pra morrer, que morramos juntos. Afinal, lá no inferno, somos iguais, e eu nunca serei menos que você”. 

Exemplificações deixadas de lado, é na incapacidade de valorizar a nós mesmos que reside o cerce do apocalipse “covidiano” que vivemos. A máscara, retifica a autora, é somente um símbolo que representa como o ser humano se coloca em segundo plano, disfarçando, sob as múltiplas camadas de tecido, a sua capacidade de encontrar gratidão naquilo que produz.

E será que tamanho olho gordo tem solução? É claro que sim. Em primeiro lugar, nesta quarentena, em vez de julgar o coleguinha desmascarado que dá “close errado” a céu aberto, dê o exemplo. Ao sair de casa, independente de onde vá, higienize suas mãos, ponha a sua máscara e sinta este movimento como um ato de amor próprio: único e exclusivo para você.

Por que motivo ficar assistindo às lives alheias na internet? Tire um tempo para encontrar aquela conexão tão especial consigo mesmo que perdera anos atrás: leia um livro que gosta, pense nos sonhos que ainda quer executar, escreva no papel as atividades que realizará no seu dia, ligue para uma pessoa querida e diga a ela o quanto é importante em sua trajetória.

E por que não encontrar um lugar de perdão? Feche os olhos, pense no seu passado de forma carinhosa, visualize todo o caminho que fora percorrido até aqui e as pessoas que estiveram lá para ajudá-lo. Idealize-se ainda pequenino de mãos dadas com os seus pais. Perdoe-os sentindo que é ao se desculpar com eles que encontrará a verdadeira paz de espírito.

Por fim, esteja aberto a ajudar. Quando nos doamos aos que necessitam de apoio, um manto de conforto e afetividade é depositado sobre a frágil estrutura do psiquismo, amenizando as odiosidades causadas pelo “não ver”. Independente das mazelas que a pandemia trouxer pela frente, teremos uma só certeza: sãos, somos e seremos sempre muito mais fortes.



Como a ciência responde à pandemia


Essa pandemia é a primeira crise verdadeiramente global da história, com um organismo invisível afetando aproximadamente ao mesmo tempo praticamente todas as pessoas no planeta, ignorando raça, credo, status social ou limites físicos de qualquer ordem.   A humanidade está em guerra, mas ao contrário das guerras travadas com tanques, armas pesadas e combates que agridem todos os sentidos e pressionam as pessoas a buscar abrigo e proteção, a guerra contra um inimigo invisível não provoca os sentidos da mesma forma e intensidade.  O que torna difícil garantir que todos se protejam como devem, mesmo que cientistas e médicos alertem que o perigo ronda por todos os lados.

Em uma guerra como essa, a melhor arma que temos é a ciência.  Pela simples razão de que esse minúsculo organismo, capaz de produzir apenas 29 proteínas, está evoluindo há milhões de anos e aprendeu, na sua aparente e enganosa simplicidade, a se proteger contra ataques.  Em comparação, uma bactéria, que produz centenas ou milhares de proteínas, opera uma maquinaria biológica muito mais complexa, mas que dá à ciência um número muito maior de alvos para ataque e controle.   É por causa desse inimigo poderoso e elusivo que cientistas do mundo inteiro estão unindo esforços de maneira nunca vista, compartilhando descobertas que possam apontar as vulnerabilidades para combatê-lo e derrotá-lo.

E a batalha da ciência contra um inimigo tão singular nem sempre é facilmente compreendida.  Não é incomum numa situação como esta surgirem estudos científicos que aparentemente se contradizem, como tem acontecido, por exemplo, com a avaliação de medicamentos ou princípios ativos para combate e cura da COVID-19.  Quando faltam respostas definitivas ou absolutas, muitos pensam que os cientistas são confusos ou incapazes de tratar o problema.  E muita incompreensão ou desapontamento decorre do desconhecimento da forma como se faz ciência ou dos limites para se responder a questões complexas em tempos muito curtos.

O método científico é a principal ferramenta que os cientistas possuem para chegar a novos conhecimentos.  A credibilidade da ciência depende de atenção a esse conjunto de regras, que começa com a definição de um problema e a formulação de uma hipótese – ou o que os cientistas assumem ser possível acontecer.  Experimentos são realizados para produzir informações que indiquem se a hipótese estava ou não correta.  Novos experimentos podem ser necessários, para refinar os resultados e se chegar a conclusões que são relatadas em artigos científicos, que revisados e aprovados por especialistas são publicados para amplo conhecimento de todos.  É através dos artigos publicados que os cientistas dizem "isso é o que sabemos".

Acontece que, para cada ampliação do nosso conhecimento também existe um "isto é o que não sabemos", pois nenhum estudo consegue abarcar todas as dimensões de um problema.  É por isso que, ao depararmos com estudos cujas conclusões aparentemente se chocam, é prudente não assumir de pronto que alguém está errado.   Os espaços onde a ciência atua podem ser vastos e multifacetados, e uma análise mais cuidadosa poderá indicar que diferentes grupos de pesquisadores centraram esforços em partes diferentes dessa realidade maior, daí a razão de muitas aparentes incongruências, que podem levar a análises precipitadas ou desinformação, que se amplificam causando desnecessária confusão e perplexidade.

Infelizmente, as ferramentas que a ciência usa para tratar incertezas ainda são pouco compreendidas.  Como não existem bolas de cristal, ou máquinas do tempo, para se descobrir que direção tomará a pandemia, a ciência usa modelos matemáticos, para definir futuros possíveis e reduzir incerteza nos processos de decisão.  São esses modelos que geram os gráficos que vemos diariamente nos noticiários, antecipando a trajetória da pandemia.  Os meteorologistas usam esse recurso para nos indicar diariamente como ficará o tempo, e nós já sabemos que modelos não são ferramentas perfeitas.  Mas, ainda assim, é esse recurso que retira tomadores de decisão do escuro completo, lhes dando referências substanciadas no melhor conhecimento disponível para calibrar ações e decisões com menores chances de erro.

Em síntese, cientistas ao redor do mundo estão tentando compreender a pandemia sem ter à mão um molde ou fotografia prévia – como aqueles que aparecem estampados na caixa de onde se tira as peças para montar um quebra-cabeças.  Por isso é que muitos grupos precisam experimentar com um complexo conjunto de peças, explorando possibilidades, errando muitas vezes, mas revendo e revisitando suas conclusões, até que as peças se encaixem e o quadro mais completo comece a tomar forma.  É do somatório de esforços de grupos de pesquisa ao redor do globo que o quebra-cabeças eventualmente começará a tomar forma, produzindo alternativas seguras para a superação da pandemia, na forma de medicamentos para a cura e uma vacina contra a COVID-19.

E no fim da crise a sociedade compreenderá que, apesar de falível e passível de erros, é a ciência que melhor nos habilita a enfrentar perigo tão grave.  E o futuro certamente premiará com respeito e admiração aqueles que, em posição de liderança e decisão, tiveram a sabedoria e a grandeza de se guiarem pelo  melhor conhecimento científico disponível, buscando fazer, no tempo certo, a coisa mais prudente para proteger a vida e o bem estar da sociedade, acima de quaisquer outros interesses.

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