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sexta-feira, 3 de maio de 2024

Aumenta segurança da bariátrica e procedimento por vídeo possibilita alta em até 24 horas

Com o aumento da obesidade, cresce a procura por esse tipo de procedimento no país, que é oferecido pelo SUS

 

Existem mais de 41 milhões de pessoas vivendo com a obesidade no Brasil, um dos índices mais altos do mundo. Longe de ser apenas uma questão estética ou comportamental, a obesidade é vista pela medicina como uma doença crônica, progressiva e recidivante.

“Falar para o obeso parar de comer é como pedir a uma pessoa com depressão para ser mais feliz ou com alguém com asma respirar melhor. A obesidade não é culpa do paciente, mas uma doença que requer tratamento”, alerta o cirurgião bariátrico Felipe Rossi, membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica. 

De acordo com o médico, a obesidade é uma doença multifatorial com fundo genético que piora com o tempo, levando a sequelas e enfermidades graves, como o diabetes, a hipertensão arterial e o câncer, por exemplo.

“Estamos falando de uma séria questão de saúde pública com impactos negativos na saúde física, mental e qualidade de vida do paciente. Além disso, há também um grande déficit para os cofres públicos, uma vez que a obesidade leva a outras doenças e ainda pode incapacitar as pessoas”, informa. 

Diferentemente do que se acreditava no passado, a medicina reconhece que a reeducação alimentar e a prática regular de exercícios físicos não são a melhor solução para tratar esse tipo de enfermidade. Segundo o Dr. Rossi, estudos mostram que de cada 100 pessoas com obesidade, só 5 terão sucesso recorrendo à mudança de hábitos alimentares e inclusão de atividade física na rotina. E mais: após 3 anos, apenas uma ou duas pessoas conseguem manter o peso perdido em razão da mudança no estilo de vida. 

Atualmente para tratar a obesidade existem opções medicamentosas e a cirurgia bariátrica. Apesar de estar disponível no SUS, apenas 0,2% dos brasileiros com obesidade grave (graus 2 e 3) conseguiram realizar a cirurgia bariátrica via rede pública devido à alta demanda.

Tão seguras quanto uma cesariana ou cirurgia de retirada de vesícula, as cirurgias bariátricas, quando bem indicadas e executadas por uma equipe treinada, são uma excelente opção para o tratamento da obesidade grave e de suas complicações. 

Para esclarecer algumas questões relacionadas à cirurgia bariátrica, o Dr. Felipe Rossi elenca abaixo alguns mitos e verdades sobre esse procedimento minimamente invasivo que transforma a vida dos pacientes com obesidade.
 

Pessoas superobesas e com tratamento prévio podem fazer a cirurgia bariátrica. Mito.

A cirurgia bariátrica é indicada para pacientes com IMC (Índice de Massa Corpórea) entre 35 kg/m2 e 40 kg/m2 desde que apresentem uma comorbidade e já tenham recorrido sem sucesso a outra forma de tratamento. O procedimento também é recomendado para pacientes com IMC acima de 40 kg/m2, independentemente de ter uma comorbidade associada ou não. Já aqueles com IMC acima de 50 kg/m2 não requerem comprovação de tratamento prévio para estarem aptos ao procedimento. Por outro lado, a cirurgia metabólica é liberada para paciente com obesidade grau I e portadores de diabetes.
* O IMC é parâmetro adotado pela Organização Mundial de Saúde para calcular o peso ideal de cada pessoa, e é calculadora dividindo o peso (em kg) pela altura ao quadrado (em m).
 

Crianças não podem ser submetidas a uma cirurgia bariátrica. Verdade.

No Brasil, o procedimento é autorizado para pacientes entre 16 anos e 65 anos. No entanto, é possível, segundo o Dr. Felipe Rossi, operar pacientes idosos, desde que sejam avaliados de forma criteriosa e com menos de 16 anos, mas com restrições. Isso porque com o envelhecimento da população, as pessoas vivem mais, e a cirurgia bariátrica traz benefícios para a saúde destes indivíduos.
 

A obesidade está relacionada apenas a hábitos inadequados de vida. Mito.

“Esse é um estigma que precisamos combater. Precisamos tirar a culpa do paciente quando falamos de obesidade”, ressalta o cirurgião bariátrico. A obesidade é uma doença crônica que requer tratamento com acompanhamento multidisciplinar por toda vida. “Não é preguiça. Também não se trata de simplesmente fechar a boca como muitos pacientes costumam ouvir”, reitera o especialista.
 

Existem diferentes técnicas para a realização da cirurgia bariátrica. Verdade.

O Bypass Gástrico é uma das técnicas mais usados no país e consiste na redução do tamanho do estômago combinada com um desvio de uma parte do intestino. Além de comer menos, o paciente tem diminuída a absorção de alimentos. O procedimento é minimamente invasivo e feito por videolaparoscopia, por isso quase não deixa marcas.

Já o Sleeve Gástrico, que também pode ser feito de forma minimamente invasiva, por vídeo com pequenas incisões no abdômen, corta o estômago em sentido vertical, tirando todo o fundo e a grande curvatura gástrica.

Por serem minimamente invasivas, com pequenas incisões, ao contrário das cirurgias abertas, ambas as técnicas reduzem a possibilidade de complicações, possibilitam alta hospitalar precoce e causam menos dor aos pacientes.

Ambos os procedimentos também levam a alterações de hormônios gastrointestinais que minimizam a fome, aumenta a saciedade e melhoram as comorbidades.
 

O reganho de peso após a cirurgia bariátrica é comum. Mito.

Como toda doença crônica, a obesidade irá acompanhar o paciente por toda a vida. A bariátrica não é um procedimento mágico, mas exige que o paciente mude seu estilo de vida. É comum o paciente perder bastante peso nos primeiros meses após a intervenção e depois estabilizar. Embora o reganho de peso possa acontecer, ele é incomum, acometendo entre 20% e 30% das pessoas operadas. 
 

Os novos medicamentos para emagrecer irão substituir a cirurgia bariátrica. Mito.

Hoje a medicina reconhece que o uso de determinados medicamentos que levam à perda de peso, como os análogos do GLP-1, podem ser associados à cirurgia bariátrica, como terapias combinadas. “Hoje tratamentos alguns casos de câncer com diferentes abordagens, esse é o futuro do tratamento da obesidade”, pondera o Dr. Rossi.


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