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Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) apontam que uma em cada quatro pessoas no Brasil sofrerá com algum transtorno mental ao longo da vida. Nesse contexto, alguns estudos também mostram que os transtornos mentais afetam mais mulheres do que homens. Em contraponto, elas ainda são minoria na hora de buscar tratamentos.
De acordo com uma pesquisa desenvolvida pela National Comorbidity Survey, as mulheres têm até duas vezes mais chances de desenvolverem um quadro de transtorno de ansiedade, tanto por questões hormonais como por pressões sociais, que também contribuem para isso. De maneira biológica, homens e mulheres produzem hormônios diferentes e, além disso, algumas situações podem contribuir para a desencadear esses transtornos, tais como: gravidez, TPM, menopausa, entre outros.
“É importante abordar essa questão com sensibilidade e reconhecer que a saúde mental é influenciada por uma série de fatores complexos, incluindo biológicos, psicológicos, sociais e culturais”, comenta o Dr. Ariel Lipman, médico psiquiatra e diretor da SIG - Residência Terapêutica.
Embora as taxas de problemas de saúde mental possam variar entre
homens e mulheres em diferentes contextos e culturas, existem algumas razões
gerais que podem contribuir para a prevalência de problemas de saúde mental
entre as mulheres
Papéis sociais
Não podemos deixar de falar sobre as expectativas e pressões
sociais relacionadas a papéis de gênero que elas sofrem. “Cuidar da família,
equilibrar trabalho e vida doméstica e lidar com discriminação de gênero são
fatores estressantes e que podem aumentar o risco de desenvolver problemas de
saúde mental”, comenta o Dr.
Além disso, as mulheres têm uma probabilidade maior de experimentar traumas, como abuso, violência doméstica e agressão social. O novo boletim Elas Vivem: Liberdade de Ser e Viver, da Rede de Observatórios da Segurança, divulgado em março deste ano, mostra que a cada 24 horas, ao menos oito mulheres são vítimas de violência.
“Essas experiências traumáticas estão associadas a um maior risco
de desenvolver transtorno de estresse pós-traumático (TEPT), depressão e outros
problemas de saúde mental”, explica o Dr. Lipman.
Mulheres são mais cuidadoras do que cuidadas
Podemos notar que os homens são maioria em tratamentos contra transtornos mentais. “Aqui na SIG, em São Paulo, por exemplo, temos 17 pacientes, apenas duas são mulheres e, por outro lado, de todos os nossos funcionários, 95% são mulheres. Isso se estende, é mais comum ver cuidadoras mulheres do que homens”, aponta Solange Tedesco, terapeuta e diretora da SIG em São Paulo.
Para Solange, isso ocorre porque a mulher, na vida, acaba ocupando
mais o lugar de cuidadora e, mesmo sendo maioria quando o assunto é transtorno
mental, elas estão do outro lado, cuidando.
Vale ressaltar que em muitas partes do mundo, as mulheres podem enfrentar barreiras adicionais ao acesso aos serviços de saúde mental, como falta de seguro de saúde, estigma associado à busca de ajuda para problemas de saúde mental e desigualdades econômicas que dificultam o pagamento por tratamento.
“Esses fatores, no entanto, não são
determinantes isolados e podem interagir de maneiras complexas. Além disso,
homens também podem enfrentar desafios significativos em relação à saúde mental
e todos, independente do gênero, devem ter direito a tratamentos”, finaliza o
Dr. Ariel.
SIG Residência
Terapêutica
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