O aumento de procedimentos para reverter resultados
de intervenções estéticas tem sido objeto de estudo em eventos médicos
nacionais e internacionaisFreepik
Na
última década, o mercado de procedimentos estéticos tornou-se um efervescente
cenário de serviços e negócios, ofertando possibilidades tornar os traços
simétricos e harmônicos, por meio da aplicação de preenchedores para criar uma
aparência mais equilibrada. Contudo, essas intervenções têm sido objeto de
muitos debates na comunidade médica e entre os pacientes.
A
nível mundial, o mercado de estética deve chegar a US$ 124,7 bilhões (R$ 645,27
bilhões) até 2028 e se expandir a uma CAGR (Taxa de Crescimento Anual Composta,
em português) de 9,8% de 2021 a 2028, de acordo com o Grand View Research, empresa
estadunidense de consultoria e pesquisa de mercado.
Os
procedimentos minimamente invasivos tiveram uma participação superior a 50% no
mercado mundial no ano passado, segundo o mesmo estudo. O Brasil ocupa a
segunda posição no ranking dos países que mais realizam procedimentos
estéticos, cirúrgicos e não cirúrgicos, atrás apenas dos Estados Unidos,
segundo a Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica Estética. Mas o mercado
da beleza também provoca inúmeras complicações por procedimentos estéticos mal
sucedidos.
Para
especialistas, os números são alarmantes porque, apesar da estética oferecer a
possibilidade de correção ou melhoria da autoestima, é notório que o excesso
tem se tornado cada vez mais evidente e nem sempre proporciona o resultado
desejado pelo paciente.
De
acordo com a dermatologista e docente do curso de Medicina do Centro
Universitário UniBH, Tatiana França, a tendência à naturalização está em alta
no mundo da estética. Desta forma, o ano de 2024 está sendo marcado pela ideia
do cuidado com a imagem sem perder a identidade: “A tendência mais atual dentro
da dermatologia avançada é a naturalidade, bem como a busca por gerenciar o
processo de envelhecimento ou embelezamento respeitando a individualidade de
cada paciente, sem padrões e sem exageros. Para isso, temos poderosas
ferramentas em nossas mãos, altas tecnologias e tratamentos modernos que chegam
a todo momento, cada vez mais rápidos e acessíveis. Mas é preciso conhecimento
médico muito aprofundado para usá-los da forma correta”, explica.
Segundo
a especialista, a reversão é um processo complexo que pode variar dependendo do
tipo de procedimento realizado e das circunstâncias individuais de cada
paciente. No Brasil, por exemplo, muitas personalidades que aderiram a esse
novo momento, recorreram a procedimentos de reversão, devolvendo a naturalidade
e melhorando a mobilidade corporal ou expressões faciais, tornando o ato de se
olhar no espelho mais leve. Foi o caso de GKay, Eliézer, Lucas Lucco, Gabi
Martins, dentre outros.
Ela aponta, ainda, que alguns casos estão mais relacionados à saúde do que à estética como os explantes de PMMA e outros materiais não-absorvíveis, que estão associados a sintomas desconhecidos pela maioria das pessoas: “Os materiais não-absorvíveis como o PMMA e silicones devem ser evitados! Há maior risco de complicações e maior dificuldade de tratá-las caso ocorram, visto que não existe uma forma de retirar o material que não seja cirurgicamente. O que leva a complicações estéticas e de saúde graves para alguns pacientes”, conta.
Para ela, embora as possibilidades de tornar-se uma versão estética melhorada de si estejam à disposição, as decisões sobre procedimentos devem ser criteriosas, tornando fundamental o papel do profissional especializado nesse diálogo: “É preciso conhecimento aprofundado de anatomia, fisiologia, histologia, pele e estética, com atualizações constantes sobre novas tecnologias e tratamentos para usar a ciência a favor da beleza e bem estar com segurança, sempre respeitando as características de cada paciente e focando na naturalidade.”, conclui.
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