Data foi criada há 25 anos para
comunidade médica e autoridades sanitárias para chamar a atenção sobre o
consumo desses produtos
Para alertar a população sobre o consumo consciente de remédios, o Ministério da Saúde criou há 25 anos o Dia Nacional do Uso Racional de Medicamentos, celebrado todo dia 5 de maio. A data é uma oportunidade para a comunidade médica e autoridades sanitárias chamarem a atenção para os riscos da automedicação, interação medicamentosa, descarte adequado entre outros assuntos sobre a prática.
O Hospital Alemão Oswaldo Cruz também faz parte dessa campanha e alerta que o uso excessivo de antibióticos (medicamentos para eliminar ou impedir a multiplicação de bactérias), sem orientação médica, pode causar resistência microbiana. De acordo com o Ministério da Saúde, o seu uso em excesso faz com que bactérias, vírus, parasitas e fungos não respondam mais aos medicamentos, tornando as infecções mais difíceis de serem tratadas, as chamadas superbactérias.
Segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde), as superbactérias matam cerca de 700 mil pessoas por ano no mundo. Se continuarmos neste ritmo, de acordo com a estimativa de um estudo britânico, a partir de 2050 serão 10 milhões de mortes por ano causadas por infecções por superbactérias.
No Brasil, a legislação estabelece o controle dos também chamados antimicrobianos, que devem ser vendidos com prescrição médica, que fica retida nas farmácias após o fornecimento da medicação.
“Temos legislação para controlar a venda do antibiótico porque o uso inadequado tem impacto para saúde individual e coletiva ao contribuir para o desenvolvimento e disseminação da resistência microbiana”, alertou o infectologista e coordenador do Serviço de Controle de Infecção Hospitalar do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, Dr. Filipe Piastrelli.
Por conta de suas especificidades, o uso dos antibióticos requer recomendações específicas. Aqui estão algumas delas, de acordo com a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária):
• Use apenas antibióticos quando receitados por um profissional de
saúde;
• Nunca exija antibióticos se o seu médico informar que você não
precisa deles;
• Siga sempre as orientações do profissional de saúde ao usar
antimicrobianos;
• Não compartilhe ou consuma sobras de antibióticos de outras
pessoas.
Mitos e verdades sobre medicamentos
Quando saímos do consultório médico com a receita dos remédios em mãos, às vezes temos dúvidas sobre esses produtos. Como ingerir, como ele vai agir no organismo, o que fazer depois de seu vencimento, são alguns questionamentos comuns aos pacientes.
A ajuda pode vir da orientação do farmacêutico no momento da compra, ou na retirada em postos de saúde ou na aquisição em farmácias comunitárias. “O médico faz o diagnóstico e a melhor prescrição. Já o farmacêutico é o profissional que dá a orientação relacionada ao medicamento e como fazer a melhor utilização. O paciente pode perguntar ao farmacêutico, pois a missão deste profissional é conscientizar para o uso seguro e racional de medicamentos”, explicou Alessandra Pineda do Amaral Gurgel, gerente de Assistência Farmacêutica do Hospital Alemão Oswaldo Cruz.
Para
esclarecer mais sobre o uso dos medicamentos, preparamos uma lista de “mitos e
verdades” sobre os devidos cuidados com informações da
especialista.
A melhor forma de tomar um comprimido é com água
Verdade: A absorção do medicamento pelo
organismo vai depender da apresentação deste e do metabolismo do paciente. As
apresentações genericamente chamadas de “comprimidos”, podem ser drágeas,
cápsulas, grânulos e comprimidos revestidos. A melhor forma de ingerir é com
água. “Alguns medicamentos não podem ser ingeridos com leite ou sucos, outros
devem ser consumidos perto das refeições pois têm maior absorção. Erra menos
quem ingerir com água”, explica a especialista.
Tomar medicação com o estômago cheio corta o efeito
Mito: Algumas drogas têm a recomendação de serem ingeridas após as refeições pela possibilidade de causarem irritação gástrica e outras por terem uma melhor absorção. “A vitamina D, por exemplo, é lipossolúvel e ao se ligar à gordura do alimento, é mais bem absorvida quando ingerida com refeições”, afirmou Alessandra, que lembra da importância de seguir os horários prescritos para a ingestão dos medicamentos, principalmente antimicrobianos.
“Há
casos como o do antibiótico ciprofloxacino que deve ser administrado com duas
horas de distância do consumo de alimentos lácteos, ou enriquecidos com
minerais como ferro, magnésio e zinco, pois a absorção deste pode ser
prejudicada se consumido com alimentos ou bebidas contendo estes minerais. Por
isso, é importante estar informado de como o seu medicamento deve ser usado”.
Medicamentos líquidos fazem efeito mais rápido
Verdade: Os líquidos ou em solução não passam
pelo processo de dissolução dentro do organismo como os comprimidos, por isso
têm absorção mais rápida. “Ele age mais rápido porque está pronto para ser
absorvido pelo organismo”, diz a farmacêutica.
Consumir a medicação dias depois de vencida não vai fazer
mal
Mito: Fora da data de vencimento o fabricante do medicamento não pode garantir que ele funcionará em sua totalidade. “A indústria faz testes de validade em situações extremas como: altas temperaturas, umidade, incidência de luz, entre outros, para estimar um prazo máximo que o medicamento manteve suas características de eficácia e segurança para uso. Fora desse período não há garantia de que o uso será seguro”, ressaltou a especialista.
Alessandra
também reforça que, além da data de validade, o paciente precisa estar atento
às condições de armazenamento da medicação. “Tem que seguir as condições exigidas
de conservação como: temperatura, umidade e proteção da luz solar”.
Consumir álcool não atrapalha o efeito da medicação
Mito: A ingestão de álcool pode alterar a
metabolização dos medicamentos no organismo, aumentando as reações adversas.
Remédios que atuam no sistema nervoso central, como calmantes por exemplo,
podem ter seu efeito aumentado. Alguns antibióticos quando usados com álcool
podem levar a efeitos graves do tipo antabuse, que é o acúmulo de metabólito
tóxico, podendo causar vômitos, dor de cabeça, palpitação, hipotensão,
dificuldade respiratória até a morte. “Bebidas alcoólicas podem diminuir ou
potencializar o efeito da droga então, no geral, recomenda-se que não sejam
ingeridas quando se está em uso de medicamentos”, diz a farmacêutica.
Medicamentos podem ser jogados no lixo comum ou vaso
sanitário
Mito: Medicamentos descartados de forma incorreta podem causar incidentes caseiros, como com crianças ou animais domésticos, e danos ao meio ambiente, caso vá para a rede de esgoto. O recomendado é separar o medicamento e entregar em pontos de coleta. Algumas redes de farmácias têm esses postos. “Mesmo que a farmácia não tenha um ponto de coleta específica, o estabelecimento faz o seu descarte de forma adequada e pode orientar o descarte seguro ou até mesmo fazê-lo”, explica Alessandra.
Além
disso, o descarte incorreto de antimicrobianos pode contribuir para a seleção
de bactérias resistentes no ambiente, com potenciais impactos para a saúde
humana.
Hospital Alemão Oswaldo Cruz
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