Combinação de
imunoterapia com quimioterapia recém-aprovada pela Anvisa pode reduzir em até
58% do risco de progressão ou morte de pacientes com a doença avançada em
subgrupo específico
O câncer de endométrio é o sétimo tumor mais comum entre as mulheres,
com cerca de 8 mil novos casos por ano no Brasil[1].
Estimativas apontam que haverá um aumento de 40% na incidência da doença em
todo o mundo até 2040[2] e um aumento de 60% no número de mortes
no mesmo período[3]. A recém-aprovação da Agência Nacional de
Vigilância Sanitária (Anvisa) relacionada a adição da imunoterapia,
durvalumabe, ao tratamento padrão de primeira linha com quimioterapia,
carboplatina/paclitaxel[4], traz uma nova perspectiva para pacientes
com câncer de endométrio avançado, já que estudos apontam uma redução de 58% no
risco de progressão ou morte de subgrupo específico[5].
Atualmente, cerca de 15% a 20% dos casos de câncer
de endométrio são diagnosticados em estágio avançado (estágio III e IV), os
quais são, comumente, tratados com quimioterapia, e têm pior prognóstico, com
taxa de sobrevida em 5 anos de 20% a 30%[6],[7],[8],[9],[10].
Já para pacientes em que a doença avançou ou retornou, as opções de tratamento
são ainda mais limitadas, pois não se acredita que o câncer responda à terapia
hormonal e que será tratado com quimioterapia7,[11].
A médica do Grupo Oncoclínicas, chefe da Divisão de
Pesquisa Clínica e Desenvolvimento Tecnológico do Instituto Nacional de Câncer
(INCA) e pesquisadora do estudo que levou a recém-aprovação, Dra. Andreia Melo,
comenta que a combinação da imunoterapia com quimioterapia tem o potencial de
revolucionar o cenário de tratamento do câncer de endométrio avançado no
Brasil. “Estávamos há muitos anos sem novas perspectivas de tratamento para
pacientes no cenário avançado. Essa aprovação supre uma necessidade médica não
atendida com significativo benefício de sobrevida livre de progressão,
especialmente em subgrupo específico, e demonstra, pela primeira vez, o poder
da combinação da imunoterapia com a quimioterapia em primeira linha de
tratamento”, reforça médica.
A aprovação foi baseada no estudo DUO-E, o qual
analisou, em um de seus braços, a adição do anti-PD-L 1 durvalumabe ao padrão
de primeira linha em pacientes com câncer de endométrio avançado5. Participaram
do estudo pacientes com câncer de endométrio em estágio III e IV recém
diagnosticadas ou recorrente5. A comparação foi realizada entre paclitaxel e
carboplatina combinada com placebo e paclitaxel e carboplatina combinada com
durvalumabe por 6 ciclos5 seguido por manutenção com durvalumabe em
monoterapia. O endpoint primário do estudo foi de sobrevida livre de
progressão, o qual demonstrou redução de 29% no risco de progressão ou morte na
análise por intenção de tratar (ITT)5.
O estudo demonstrou um benefício ainda mais
significativo para pacientes pertencentes ao subgrupo dMMR, com redução de 58%
do risco de progressão da doença ou morte. “O subgrupo dMMR corresponde a cerca
de 20% a 30% dos casos de câncer de endométrio avançado, caracterizada
deficiência nas enzimas de reparo do DNA. O resultado significativo de sobrevida
livre de progressão sugere que a adição da imunoterapia ao tratamento padrão
paclitaxel + carboplatina, pode se tornar o novo padrão de tratamento em
primeira linha de pacientes com câncer de endométrio avançado ou recorrente”,
complementa Melo.
O perfil de segurança e tolerabilidade de
durvalumabe em combinação com quimioterapia foi amplamente consistente com o
observado em ensaios clínicos anteriores e com os perfis conhecidos de cada
medicamento individual. O endpoint secundário de sobrevida global
do estudo ainda não foi concluído, mas as tendencias são positivas.
Câncer de endométrio
O câncer de endométrio é uma doença heterogênea que
se origina no tecido que reveste o útero. A condição é mais comum em mulheres
no período pós-menopausa[12], com idade média de diagnóstico superior
a 60 anos[13].
Apesar de ser o sétimo câncer mais comum entre
mulheres no Brasil¹, há perspectivas de aumento da incidência da doença em 40%
em todo mundo até 20402. Dentre os principais fatores está a obesidade, visto
que 34% dos casos de câncer de endométrio podem ser atribuídos ao excesso de
peso[14].
Cerca de 80% a 85% dos casos de câncer de
endométrio são diagnosticados em estágio inicial, com base nos sintomas
apresentados. Dentre os sinais mais comuns estão o sangramento vaginal anormal,
presente em aproximadamente 90% dos casos[15].
Dor durante a micção ou relação sexual, dor abdominal ou pélvica, inchaço, sentir-se
satisfeito rapidamente ao comer, alterações nos hábitos intestinais, ou
urinários e formação de massa, são alguns outros sinais que podem estar
relacionados com o avanço da doença15, [16].
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[1] Instituto Nacional de Câncer (INCA). Estimativa 2023. Incidência de Câncer no Brasil. Disponível em: https://www.inca.gov.br/sites/ufu.sti.inca.local/files/media/document/estimativa-2023.pdf. Acesso em 28 de março de 2024.
[2] IARC. WHO. Corpus Uteri. Estimated Numbers From 2020 To 2040, Females, Age [0-85+] World. Available at: https://gco.iarc.fr/tomorrow/en/dataviz/trends.
[3] World Health Organization: International agency for research on cancer. Cancer Tomorrow. Available at: https://gco.iarc.fr/tomorrow/en.
[4] Diário Oficial da União. Resolução-RE Nº 1.105, de 21 de março de 2024. Disponível em: https://www.in.gov.br/web/dou/-/resolucao-re-n-1.105-de-21-de-marco-de-2024-549873884.
[5] Westin SN, Moore K, Chon HS, Lee JY, Thomes Pepin J, Sundborg M, et al.; DUO-E Investigators. Durvalumab Plus Carboplatin/Paclitaxel Followed by Maintenance Durvalumab With or Without Olaparib as First-Line Treatment for Advanced Endometrial Cancer: The Phase III DUO-E Trial. J Clin Oncol. 2024 Jan 20;42(3):283-99.
[6] Ferris JS, et al. Uterine Serous Carcinoma: Key Advances and Novel Treatment Approaches. International Journal of Gynecological Pathology. 2021;31(8):1165-1174.
[7] Matrai CE, et al. Molecular Evaluation of Low-grade Low-Stage Endometrial Cancer with and Without Recurrence. International Journal of Gynecological Pathology. 2022;41(3):207-219
[8] Oakin A, et al. ESMO Guidelines. Endometrial Cancer: ESMO Clinical Practice Guidelines for Diagnosis, Treatment and Follow-Up. Ann Oncol. 2022 Sep;33(9):860-877.
[9] Wright JD, et al. Contemporary Management of Endometrial Cancer. Lancet. 2012 Apr 7;379(9823):1352-60.
[10]Monk BJ, et al. Real-World Outcomes in Patients with Advanced Endometrial Cancer: A Retrospective Cohort Study of US Electronic Health Records. Gynecologic Oncology. 2022;164(2):325-332.
[11] Soumerai T, et al. Clinical Utility of Prospective Molecular Characterization in Advanced Endometrial Cancer. Clin Cancer Res. 2018 Dec 1;24(23):5939-5947.
[12] American Cancer Society. Available at: https://www.cancer.org/cancer/endometrial-cancer/about/key-statistics.html.
[13] Mahdy H, et al. Endometrial Cancer. 2022. StatPearls Publishing, Treasure Island (FL);
[14] Siegel RL et al. Cancer statistics, 2020. 2. Lu KH & Broaddus RR. N Engl J Med. 2020;383:2053–64
[15] Sociedade americana de câncer. Sinais e sintomas de câncer de endométrio. Disponível em: https://www.cancer.org/cancer/endometrial-cancer/ detection-diagnosis-staaging/igns-and-symptoms.html.
[16] Medicamento John Howkin. Câncer de Endométrio. Disponível em: https://www.OPkinmedicine.org/health/condições-and-diseases/endometrial-cancer.
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