O câncer de
ovário não é um câncer muito comum, mas é extremamente letal. São esperados
para este ano cerca de 7.300 novos casos de câncer de ovário aqui no Brasil.
Enquanto o câncer de mama se espera cerca de 73 mil novos casos.
O que chama a
atenção no câncer de ovário é a letalidade, ou seja, o percentual de pessoas
que morrem pelo câncer de ovário é de cerca de 60% - 70%, ou seja, cerca de 2/3
dos pacientes com o câncer de ovário irão morrer em função da doença.
“E por que isso
ocorre? Ainda hoje, em 2024, nós temos importantes limitações no diagnóstico
precoce do câncer de ovário. Cerca de 80% das pacientes com o câncer de ovário
são diagnosticadas na sua fase localmente avançada, onde o câncer já saiu do
ovário e já soltou células contaminando o peritônio, que é uma membrana que
reveste o intestino e os órgãos abdominais”, alertou o médico oncologista e
mastologista Prof. Dr. Wesley Pereira Andrade.
Os principais
fatores de risco para essa doença são:
• a
idade acima dos 50 ou 60 anos de idade
• histórico
familiar
• mutações
genéticas, principalmente a mutação do gene de BRCA, ou BRCA2, que são genes
protetores contra o câncer de ovário e o câncer de mama. “Quem nasce com
esse gene mutante nasceu sem um anjo da guarda que protegeria contra o risco de
desenvolver essa doença. Outros fatores de risco são obesidade, não ter
utilizado anticoncepcional, que protege contra o risco de se a doença, bem como
outras causas”, adverte o médico.
Em relação aos
sintomas, podem ser vagos e inespecíficos, o que torna o diagnóstico muito
difícil na sua fase precoce. Alguns sintomas que, em geral, só vão estar
presentes na sua fase mais avançada consistem em dor, desconforto abdominal
persistente, inchaço, distensão abdominal, sensação de plenitude pós-prandial
(come um pouco e tem impressão que comeu bastante), enjoos, vômitos, alteração
do hábito intestinal, dor durante a relação sexual, sangramento vaginal e, o
que chama mais a atenção é aumento do volume abdominal às custas de um líquido
que nós chamamos de ascite. Pode ter também perda de peso nas suas fases mais
avançadas.
Os principais
exames para tentar investigar essas queixas consistem no ultrassom transvaginal
associado à dosagem de um marcador sanguíneo chamado CA125. Ocasionalmente
pode-se fazer uma ressonância magnética do abdome.
Para aqueles
pacientes que têm sintomas persistentes que os exames não foram conclusivos,
ocasionalmente é preciso uma atitude cirúrgica por meio de uma
videolaparoscopia na perspectiva de avaliar dentro da cavidade abdominal
através de uma câmera. Uma vez feito o diagnóstico através de uma biópsia
dessas alterações, é fundamental fazer o estadiamento da doença que consiste em
entender se é uma doença localizada, uma doença avançada ou uma doença
metastática.
O próximo passo
será então o tratamento que terá em sua principal modalidade, a associação de
quimioterapia com cirurgia. “Como a maioria das pacientes são diagnosticadas na
fase avançada da doença, começamos o tratamento com a cirurgia antes da
cirurgia, o que chamamos de quimioterapia nervo adjuvante ou cito redutora, na
perspectiva de reduzir o volume tumoral e permitir uma cirurgia menos mórbida
sobre o prognóstico e chance de cura”, comenta o cirurgião.
As chances de
cura no câncer de ovário são da ordem de 30 a 40%. Naturalmente, alguns casos
são diagnosticados na sua fase bem precoce, às vezes por um diagnóstico
incidental, ao se fazer outra cirurgia uma cirurgia preventiva flagra-se uma
lesão no ovário no estudo anatomopatológico.
“O grande
limitante hoje é a tecnologia dos exames de imagem, que ainda não permitem o
diagnóstico em fase inicial do câncer de ovário. Fica aqui então a dica e
alerta à população: Sintomas abdominais ou ginecológicos persistentes deve-se
buscar o auxílio médico, e este profissional deve estar preparado para
investigar essas queixas que, muitas vezes, são inespecíficas. Além disso as
pacientes devem manter uma rotina de acompanhamento até o esclarecimento da
queixa ou um diagnóstico assertivo”, conclui.
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