Cansaço nos olhos, embaçamento da vista e dor de cabeça estão entre os sintomas; médico da área de Oftalmologia explica as principais condições em todas as fases da vida
No mundo, cerca de 2,2 bilhões de pessoas apresentam algum problema de visão, sendo que mais da metade desses problemas podem ser corrigidos ou até mesmo evitados. Os dados, da Organização Mundial da Saúde (OMS), chamam a atenção para um dos mais complexos e eficientes sistemas do corpo humano – a visão – responsável por 80% da informação que nosso cérebro recebe.
Chega o fim do dia e sua vista parece embaçada. As letras no celular estão cada vez menores e, para contornar o problema, você estica o braço para conseguir ler. Diante da placa, você aperta os olhos para tentar decifrar o que está escrito. Você se identifica com algumas dessas situações? Se sim, é hora de procurar um oftalmologista e, quem sabe, começar a usar óculos de grau, assim como mais de 50 milhões de brasileiros, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Segundo o médico da área de Oftalmologia do AmorSaúde, Dr. Heitor Piccinini Neto, há diversos sinais que indicam a necessidade do uso de óculos com lentes corretivas. “Além da dificuldade visual, entre as queixas mais comuns estão sensação de dor de cabeça, pesar de cima dos olhos, embaçamento visual no final do dia, dores de cabeça, dependendo do grau, enjoo, mal-estar, dificuldade de profundidade e esbarrar em objetos”, cita o profissional da maior rede de clínica médico-odontológicas do Brasil.
Caso o problema apareça no início da
vida, quando a criança ainda não consegue explicar, há indicativos que servem
de alerta para pais e cuidadores, como esfregar ou coçar os olhos com
frequência ou então se aproximar demais dos objetos para conseguir enxergá-los.
“Crianças pequenas, de até dois anos, podem desenvolver estrabismo quando o
grau é muito alto. Nesse caso, é importante fazer uma avaliação de fundo de
olho”, aconselha o médico.
Condições que levam as pessoas a usarem óculos
Conforme o Dr. Heitor, é a necessidade que leva as pessoas a usarem óculos de grau, dispositivo utilizado para corrigir alguns problemas oftalmológicos. Ele cita algumas dessas condições.
·
A hipermetropia é a dificuldade em ver objetos próximos
com clareza. “O foco está num ponto virtual atrás da retina e a pessoa vê a
imagem muito pequena, por isso precisa de óculos de grau com lente positiva
para aumentar essa imagem”, explica.
·
A miopia é o inverso. “Uma
esfericidade corneira grande faz com que a imagem se forme num foco antes da retina,
fazendo com que a pessoa tenha dificuldade para longe”, diferencia o
profissional.
·
O astigmatismo embaça a imagem tanto
de longe quanto de perto. “Vários focos são formados no fundo do olho, em vez
de apenas um. A correção é feita com uma lente cilíndrica, que melhora o foco
e, assim, a imagem”, fala.
· A presbiopia, também chamada popularmente de “vista cansada”, é a dificuldade de enxergar de perto e ocorre quando a musculatura do olho perde a força e não consegue agir da maneira correta. “O músculo não dá mais conta e a pessoa precisa de uma ‘bengala’, ou seja, de um auxílio, que são as lentes corretivas. Para quem já tem miopia, uma indicação são os óculos multifocais”, diz Heitor.
Há também uma outra condição que não costuma estar relacionada à necessidade de uso de lentes corretivas. É o olho seco, situação bastante desconfortável que causa irritação e sensação de areia nos olhos. De acordo com o médico do AmorSaúde, o olho seco pode ser causado por diversos fatores, que vão desde o esforço que a pessoa faz com o olho até condições adversas de saúde, como alterações de tireóide, que podem inflamar a musculatura e dificultar o ato de piscar, mesma condição que pode ser encontrada em paralisias faciais. Nestes casos, o olho seco é induzido.
“Tem vários tipos
de olho seco, dependendo da camada da lágrima que está sendo afetada. Há exames
que detectam o problema mostrando onde está a alteração. O tratamento
geralmente é feito à base de colírios, mas alguns procedimentos podem
contribuir para a melhora, como a luz pulsada”, diz o Dr. Heitor.
O médico explica
ainda que “forçar a visão” não piora o grau do paciente, seja em miopia ou
hipermetropia. “Existe uma predisposição genética a desenvolver o grau, mas
isso não está relacionado ao esforço dos olhos. Na verdade, quanto mais óculos
a gente usa, mais dependente dele a gente fica. Por isso, se a gente encontra
alguma coisinha em exames de rotina e a pessoa não tem queixa, não costuma ter
a prescrição do grau ou, quando tem, é com algum desconto sem ser o grau
total”, explica.
Problemas na visão de acordo com cada fase da vida
É importante
realizar exames oftalmológicos regulares em todas as idades para detectar e
tratar precocemente qualquer problema ocular, sendo que há condições
relacionadas a cada fase da vida.
Na infância, um
dos problemas fisiológicos que pode surgir é o estrabismo. “É muito incomum
crianças com catarata e glaucoma, mas, quando tem, é mais agressivo. É preciso
tomar muito cuidado com as telas de perto, que podem prejudicar o olho da
criança e contribuir para o desenvolvimento de uma miopia bem agressiva”,
aconselha.
Por ser a fase do
desenvolvimento visual, é muito importante detectar a necessidade ou não do uso
de lentes corretivas. “Se a pessoa não desenvolve a visão nessa fase, fica com
o olho preguiçoso, aquele olho que não aprendeu a enxergar. Com isso, para o
resto da vida, a pessoa tem a visão prejudicada, não atingindo a máxima
capacidade, podendo, inclusive, ser vetada de concursos públicos e tudo mais”,
alerta.
Na média idade,
sobretudo a partir dos 40 anos, surge a dificuldade de enxergar de perto.
“Nesta fase, seria mais óculos para descanso, para uma necessidade visual, e
também investigar suspeitas de ceratocone e outras condições”, fala, chamando
atenção para outros aspectos. “Tenham cuidado com as extensões de cílios e com
as maquiagens, e evitem coçar os olhos”,.
Para as pessoas
60+, há outras condições típicas, como catarata e outras degenerações macular
relacionadas à idade. “Nesta fase é mais comum de ser localizado glaucoma, por
exemplo. No caso da catarata, o indicado é a cirurgia facorrefrativa, que
substitui o cristalino por uma lente com foco de longe, média distância e
perto. Essa cirurgia pode, inclusive, ser feita antes do aparecimento da
catarata, por volta dos 55 ou 60 anos”, elucida o profissional.
Detectado o
problema e a necessidade do uso de óculos, seu uso é imperativo. “Como a pessoa
vai trabalhar sem enxergar? Por exemplo, como vai ser motorista sem ver
direito? Problemas de visão, se não tratados, trazem muitos problemas para o
dia a dia, como dores de cabeça, afastamento do trabalho e, inclusive,
desconforto nas costas, porque quem usa computador chega mais perto da tela,
por exemplo”, diz o Dr.Heitor.
A importância dos exames
Conforme o
profissional, a base do exame oftalmológico vai determinar a necessidade ou não
de óculos ou não. “O exame oftalmológico completo detecta a necessidade de
óculos. Analisa-se o fundo de olho, a parte anterior, a córnea, com dilatação e
sem. Por isso é importante a avaliação de rotina anual. Quando se trata de
criança com um grau mais elevado, o costume é avaliar a cada seis meses”,explica
o Dr. Heitor.
E lembre-se:
somente o médico oftalmologista é habilitado para prescrever o uso de óculos de
grau. Por isso, nada de comprar o item em banquinhas por conta própria, pois o
grau pode não ser o adequado para você.