Um laudo médico perfeito é aquele que cumpre todas
as normas técnicas e legais
Quando um laudo pericial é considerado perfeito? Em processos judiciais, onde cada detalhe pode fazer a diferença na sentença final do juiz ou na concessão de um benefício previdenciário, esse documento é considerado essencial. Saiba quais informações são necessárias e por quê.
De acordo com a médica Caroline Daitx, especialista em medicina
legal e perícia médica, um laudo pericial perfeito vai além de
relatar uma condição de saúde, ele deve reunir todos os critérios técnicos,
legais e éticos para que o documento seja útil em uma análise judicial. “A
emissão de documentos médicos segue diretrizes rigorosas para garantir que
informações essenciais sobre o paciente sejam registradas de forma completa e
fidedigna, com impacto direto em processos judiciais e perícias. O papel de
laudos médicos e relatórios torna-se fundamental para validar diagnósticos e
condições clínicas”, enfatiza.
Segundo a especialista, a distinção entre esses documentos é crucial para sua
adequada aplicação conforme a Resolução CFM nº 2.381/2024, que regulamenta a
emissão de documentos médicos. “Enquanto o relatório médico se concentra na
descrição da evolução e tratamentos aplicados ao paciente, o laudo
médico-pericial é um documento técnico destinado a processos judiciais,
elaborado por peritos para fundamentar decisões legais”, explica.
Daitx
esclarece que documentos médicos devem seguir requisitos fundamentais para
garantir sua validade e autenticidade. Eles precisam incluir: a identificação
completa do médico com CRM e RQE, quando aplicável; identificação do paciente;
data de emissão; assinatura qualificada, no caso de documento eletrônico ou
assinatura e carimbo, para documentos manuscritos; além de dados de contato e
endereço profissional. Esses requisitos formam uma base para que o documento
seja aceito em contextos judiciais ou administrativos, preservando a
integridade das informações.
“A
apresentação de documentos na perícia é um passo fundamental. O perito médico
não tem obrigação de pedir exames para o periciado. É imprescindível que os
documentos estejam prontos para a análise do perito e caracterizem bem a doença
ou sequela. A avaliação será embasada nas informações mais relevantes e que
demonstrem o quadro de forma completa”, ressalta.
No
caso de uma aposentadoria por invalidez total e permanente, o laudo deve
demonstrar o impacto da condição de saúde na capacidade do paciente para o
trabalho, detalhando como a doença afeta suas atividades. “Aqui entra o parecer
técnico, um documento que, diferentemente do laudo, agrega uma opinião
especializada baseada em evidências e na literatura médica. Ele sintetiza dados
necessários para que o perito oficial chegue a uma conclusão embasada sobre a
condição clínica do paciente”, afirma a médica.
A perita reforça a importância de profissionais da área médica estarem familiarizados com as exigências regulamentares. "Cada documento cumpre um papel distinto e essencial, como o ASO (Atestado de Saúde Ocupacional), necessário para atestar a aptidão do trabalhador em sua função, e o atestado de saúde, solicitado para diversas finalidades, como licenças e aptidão física. Um laudo médico perfeito é aquele que cumpre, sem falhas, todas as normas técnicas e legais, além de transmitir com precisão as condições clínicas do paciente”, conclui.
Fonte: Caroline Daitx: médica especialista em medicina legal e perícia médica. Possui residência em Medicina Legal e Perícia Médica pela Universidade de São Paulo (USP). Atuou como médica concursada na polícia científica do Paraná e foi diretora científica da Associação dos Médicos Legistas do Paraná. Pós-graduada em gestão da qualidade e segurança do paciente. Atua como médica perita particular e promove cursos para médicos e advogados sobre medicina legal e perícia médica.
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